Índios de Brasil e Peru denunciam
quadrilhas de madeireiros ilegais que ameaçam e matam nativos.
Líderes indígenas brasileiros e esposas de
ashaninkas peruanos assassinados em setembro denunciaram nesta quarta-feira a
presença de quadrilhas de madeireiros ilegais na fronteira, que matam e ameaçam
nativos para que abandonem suas terras. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias.
“São máfias presentes no lado peruano –
totalmente desprotegido – que estão matando líderes como os quatro da
comunidade ashaninka peruana de Saweto”, disse em coletiva de imprensa
Francisco Piyako, líder da comunidade ashaninka brasileira de Apiwtxa,
localizada no Acre, na fronteira entre Brasil e Peru.
Piyako reforçou que sua comunidade se solidariza
com as viúvas em seu apelo ao governo para que se investigue a morte de seus
maridos e para que lhes sejam entregues os títulos de suas terras.
O assassinato dos líderes peruanos de Saweto,
localizada nas cabeceiras do Rio Tamaya, ocorreram no dia 1º de setembro e seus
corpos foram encontrados em lugares diferentes. Dois deles continuam
desaparecidos, apesar da morte dos quatro ter sido confirmada pelas
autoridades.
Os ashaninkas protegiam os recursos naturais das
máfias de madeireiros ilegais instaladas na zona fronteiriça entre Brasil e
Peru.
“Nós somos irmãos, não existe fronteira. Estamos
preocupados com a situação da comunidade de Saweto, que não recebe ajuda do
governo e de mais ninguém”, disse Piyako.
Isaac Piyako, outro líder de Apiwtxa, disse que a
forma como os indígenas têm de enfrentar essas máfias é obtendo a titulação das
terras, como aconteceu no Brasil quando, em 1992, deram-lhes os documentos e
desde então receberam proteção do Estado.
Ergilia Engrifo, esposa do líder assassinado
Jorge Ríos, disse que, depois da morte de seus familiares, receberam “apenas
promessas”.
“A presidenta do Conselho de Ministros, Ana Jara,
disse-lhes que em dez dias entregaria a titulação de suas terras e os culpados
pelas mortes”, contou. Isso “nunca aconteceu. Estamos há semanas em Lima exigindo
justiça e ajuda para nosso povo, mas o governo não nos recebe”.
Também a acompanhavam Julia Pérez, esposa do
líder indígena Edwin Chota, Adelina Vargas, esposa de Francisco Pinedo e Lita
roja, de Leoncio Quincima.
Os extratores ilegais, muitos de nacionalidade
peruana e brasileira, entram nas áreas peruanas sob domínio indígena para
extrair madeira, desenvolvendo suas atividades mediante ameaças às comunidades,
disse o americano David Salisbury, antropólogo e geólogo que trabalha com as
comunidades da Amazônia.
“A situação se agrava por falta de titulação das
terras. No lado brasileiro não há problema porque os Apiwtxa têm títulos, meios
de comunicação, postos de saúde, policial e militar, internet e escolas”,
disse.
A coletiva de imprensa foi organizada pela
Rainforest Foundation US em um marco da Conferência das Partes (COP20) das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontece em Lima e reúne
representantes de 195 países.
Fonte: Yahoo Notícias
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