15 cientistas divulgam carta
aberta sobre a crise hídrica no Sudeste.
por
Redação do Akatu*
Foto: Creative commons/Ninja Midia
De acordo com o documento, há uma ameaça real à
segurança hídrica na região, principalmente em São Paulo.
Quinze renomados cientistas brasileiros de várias
áreas – engenharia, ecologia, biologia aquática, climatologia, hidrologia e
mudanças climáticas – especializados em recursos hídricos, lançaram, no dia 16
de dezembro, a “Carta de São Paulo”, um
documento com análises e recomendações sobre como enfrentar a grave crise
hídrica no Sudeste.
A iniciativa foi endossada pela Academia Brasileira
de Ciências (ABC) e teve a coordenação geral do biólogo e oceanógrafo José
Galizia Tundisi. Entre os signatários estão José Marengo, pesquisador do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Carlos Afonso Nobre,
climatologista do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Luiz Pinguelli
Rosa, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, entre
outros. Também houve a contribuição de promotores do Ministério Público do
Estado de São Paulo.
De acordo com o documento, os cientistas
constataram que há uma ameaça real à segurança hídrica no Sudeste. “São
fortíssimos os indícios de que há uma mudança climática em curso, evidenciada
pelas análises de séries históricas de dados climáticos e hidrológicos e
projeções de modelos climáticos, com consequências na reservação de água e em
todo o planejamento da gestão dos recursos hídricos. Estas mudanças climáticas
não são apenas pontuais. Há indicações e fatos que apontam para sua possível
continuidade, configurando uma ameaça à segurança hídrica da população da
região Sudeste, especialmente da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), do
interior de Minas Gerais e do Estado do Rio de Janeiro, de modo que todos devem
estar preparados para eventos climáticos, cada vez mais extremos”, diz um
trecho da Carta.
Os cientistas também apontaram outro grave
problema: ar, água e solo poluídos comprometem os usos múltiplos dos recursos
hídricos. “A crise hídrica, influenciada pelas alterações climáticas e
hidrológicas, é agravada pelas mudanças no uso do solo, pela urbanização
intensa, pelo desmatamento em regiões de mananciais e, principalmente, pela
falta de saneamento básico e tratamento de esgotos, aumentando a
vulnerabilidade da biota terrestre e aquática e das populações humanas”, diz o
trecho do documento.
O texto também fala que a escassez de água no
estado paulista já compromete a economia, saúde pública e produção de alimentos
e energia.
A “Carta de São Paulo” recomenda 10 ações às
autoridades municipais, estaduais e federais:
– Modificações imediatas no sistema de governança
de recursos hídricos;
– Implementação de planos de contingência;
– Drástica redução do consumo de água e outras medidas emergenciais para 2015;
– Investimento imediato em medidas de longo prazo;
– Projetos de saneamento básico e tratamento de
esgotos em nível nacional, estadual e municipal;
– Monitoramento de quantidade e qualidade da água;
– Proteção, conservação e recuperação da
biodiversidade;
– Reconhecimento público e conscientização social
da amplitude da crise;
– Ações de divulgação e informação de amplo
espectro e;
– Capacitação de gestores com visão sistêmica e
interdisciplinar.
Clique aqui para ler a “Carta de São Paulo” na íntegra.
* Com informações do site da Academia Brasileira de
Ciências – ABC.
Fonte: Akatu
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