Incertezas nas discussões
climáticas.
por
Redação do Greenpeace
Em Lima, no Peru, representantes de mais de 190
países se reúnem para discutir mudanças climáticas e como combatê-las. Foto:
©Ernesto Benavides/Greenpeace.
Ao final da primeira semana da COP20 é hora de
fazer um balanço das negociações e avaliar o que se pode esperar dos próximos
dias em que negociadores estarão reunidos.
A primeira semana da COP20 – a 20a Conferência de
Mudanças Climáticas das Nações Unidas – que acontece em Lima, no Peru, chegou
ao fim. É hora de fazer um balanço das negociações e analisar o que ainda pode
vir nos próximos quatro dias que reúnem líderes de mais de 190 países. Os
textos publicados que trazem um rascunho sobre os elementos para o acordo final
que deve ser assinado em Paris, em 2015, contem incertezas alarmantes em temas
fundamentais como a data final para que cada país apresente suas contribuições
nacionais.
Além disso, o formato destas contribuições ainda
não foi definido, o que significa que não está claro como estas promessas serão
feitas, de quanto em quanto tempo serão revisadas e como serão cumpridas. Ou
seja, ainda haverá muitas discussões para que seja possível encontrar consenso
em um acordo que de fato fará com que o mundo combata as mudanças climáticas e
seus impactos.
Um exemplo é a discussão sobre florestas, onde não
houve acordo sobre quais garantias países como o Brasil devem apresentar para
poder ter acesso a possíveis recursos que poderiam ser usados para combater o
desmatamento. A conclusão foi simples: sem acordo não há recurso disponível e,
pior, o assunto pode ficar para ser discutido apenas em 2016.
“Debate-se qual o melhor termo ou palavra para
entrar nos textos, ou quem tem mais razão e menos culpa, enquanto as florestas
vão sendo derrubadas, aumentando a concentração de gases de efeito estufa e
levando devastação e morte à biodiversidade e às pessoas que delas dependem
para viver”, disse Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do
Greenpeace Brasil.
As negociações se arrastam e eventos climáticos
como o tufão Hagupit, que atinge as Filipinas e já levou à evacuação de mais de
1 milhão de pessoas, mostram que a natureza não negocia. “Os cientistas são bem
claros: temos que agir com urgência, ou pagaremos um preço alto”, continuou
Astrini. Os impactos das mudanças climáticas já são uma realidade, trazendo
dificuldades para a produção de alimentos, acesso à água e agravamento de
doenças, o que afetará principalmente populações mais pobres.
Nesta semana final, são esperados ministros e
líderes de Estado para que as negociações avancem em ritmo mais acelerado.
“Precisamos que os pontos nos quais ainda existem incertezas sejam
clarificados. Uma das prioridades é sobre a meta de redução de emissões de
carbono a zero até 2050”, disse Astrini, “é necessário acabar com o
desmatamento e ter uma transição justa de energias renováveis, com o fim do uso
de combustíveis fósseis. Já temos as informações do que precisamos fazer e as
ferramentas necessárias, mas falta a vontade política. Vamos pressionar os
países para que eles deem a resposta que o mundo precisa.”
Fonte: Greenpeace
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