Projeto Pinípedes do Sul educa
pescadores para preservação de leões e lobos marinhos.
O Projeto Pinípedes do Sul – Conservação de
Leões e Lobos Marinhos na Costa Sul do Brasil, desenvolvido pelo Núcleo de
Educação e Monitoramento Ambiental (Nema), inicia em maio nova etapa, destinada
à educação ambiental de pescadores. Serão beneficiadas comunidades de cinco
municípios do Sul do país – duas em Santa Catarina (Laguna e Passo de Torres) e
três no Rio Grande do Sul (Torres, Rio Grande e São José do Norte).
O coordenador do projeto, o oceanólogo Kleber
Grübel da Silva, informou ontem (6) à Agência Brasil que está sendo produzido
material específico para distribuição aos pescadores. A ação é fruto de visitas
de prospecção já feitas pelos organizadores do projeto, visando a conscientizar
a categoria sobre sua corresponsabilidade no esforço de preservação desses
animais.
O projeto é recorte de um programa maior de
conservação de mamíferos marinhos do litoral sul, iniciado em 1988. Iniciado em
abril do ano passado, o Projeto Pinípedes tem patrocínio da Petrobras, dentro
do Programa Socioambiental da estatal. O cronograma engloba três frentes de
trabalho: monitoramento dos refúgios de pinípedes nos dois estados da Região
Sul; monitoramento mensal de 360 quilômetros de praias, para análise da
mortalidade, e dinâmica de ocupação das espécies de pinípedes; e educação
ambiental.
“Estamos trabalhando já com a questão das
palestras para as comunidades costeiras. Já fizemos 75 palestras nos cinco
municípios e distribuímos cerca de 5 mil cadernos do material programado”,
disse Silva. Mensalmente, é feito o manejo de animais encalhados nas praias e
eles são reintroduzidos no ecossistema. Expedições científicas foram feitas aos
principais locais de reprodução dos pinípedes na Argentina e no Uruguai.
Silva vê avanços na conscientização da população
sobre a necessidade de preservar a vida e a segurança desses mamíferos. “A população,
ao longo dos anos, evoluiu, aprendendo uma relação muito importante, tema da
nossa campanha de educação ambiental, que é Nossa Vida, Nossos Mares.
A ideia
não é só valorizar as espécies de pinípedes, como leões e lobos marinhos, mas
dos ecossistemas costeiros. Para isso, a gente trabalha a questão da
valorização das unidades de conservação e da biodiversidade”, disse ele, e
completou que é muito importante também respeitar os mares, os ciclos e os
processos envolvidos, que englobam a relação com pescadores e o problema do
lixo, porque “não adianta trabalhar só na unidade de conservação, se não
trabalhar no entorno”.
A ação, reforçou, tem de ser integrada, para que
se obtenha resultados na conservação de pinípedes de maneira mais abrangente,
buscando a qualidade de vida. O oceanólogo chamou atenção para o fato de os
estoques pesqueiros da região estarem cada vez menores, em contraposição ao
poder de pesca do homem, que se elevou, com o uso de embarcações maiores e
tecnologia avançada, com sonares e redes de monofilamento. “Isso gera escassez,
e essa escassez provoca conflitos”, enfatizou.
Os leões marinhos são competidores naturais pelos
mesmos pescados e áreas de pesca do homem. Com isso, muitos animais morrem
afogados ou são agredidos pelos pescadores dentro do processo de escassez.
“Anualmente, entre 80 e 100 animais acabam morrendo na nossa costa”, informou
Silva.
Daí a importância de levar a mensagem de preservação ambiental aos
pescadores. “Os mares têm que ser protegidos como um todo para evitar escassez
e ter peixes, tanto para o pescador quanto para a biodiversidade. Não só para
os leões e lobos marinhos, mas também para outras espécies de mamíferos
marinhos que dependem do pescado”, destacou.
Kleber Grübel da Silva salientou que a situação
de escassez do pescado não é um problema apenas local, e disse que 75% dos
estoques mundiais estão sendo superexporados. Ele adiantou que o Projeto
Pinípedes terá continuidade, mesmo após a conclusão do patrocínio da Petrobras,
em abril de 2016.
Fonte: Agência Brasil
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