Dilma reduziu gastos com combate
ao desmatamento.
Investimento no setor no primeiro mandato
foi menos de um terço do gasto no último mandato de Lula
Por Maura Campanili, do Observatório
ABC
Em seu primeiro mandato, a presidente Dilma
Rousseff gastou em iniciativas federais de controle ao desmatamento e
preservação da Amazônia R$ 1,8 bilhão, menos de um terço (3,6 vezes menos) do
que o valor desembolsado no segundo mandato do presidente Luís Inácio Lula da
Silva, que totalizou R$ 6,4 bilhões. Nesse mesmo período, porém, o país
registrou as menores taxas de desmatamento desde 1988. Esses dados fazem parte
do estudo A
Política do Desmatamento, coordenado pelo InfoAmazônia e lançado hoje
(31/3), em São Paulo.
Segundo o consultor do estudo Mauro Oliveira
Pires, que foi diretor de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio
Ambiente entre 2008 e 2012, “esse é o primeiro exercício de fôlego para
entender o orçamento voltado para combate ao desmatamento, mas é preciso
lembrar que o esforço de ação coordenada e estratégica para atacar o
desmatamento não se reflete necessariamente no orçamento. Ações de gestão, como
a lista dos municípios que mais desmatam e as limitações de crédito para
atividades desmatadoras, trouxeram muitos resultados, sem precisarem de
desdobramentos orçamentários”, disse.
Para Pires, para passarmos do patamar atual de
pouco menos de 5 mil Km2 de desmatamento ao ano e atingirmos a meta
de 3.800 km2 de desmatamento ao ano até 2020, é preciso sair do
modelo que derruba floresta para um modelo que inclua a floresta. “Essa
transição, que inclui atividade madeireira, produtos florestais não
madeireiros, maior produtividade na pecuária e integração
lavoura-pecuária-floresta (ILPF), exige grandes esforços de coordenação e
integração”, avalia.
O levantamento mostra, ainda, que as maiores
quedas de investimento foram em fomento às atividades sustentáveis, enquanto o
monitoramento e controle foi o que sofreu menos diminuição de recursos. “Dilma
investiu sete vezes menos do que Lula no desenvolvimento de atividades
sustentáveis na Amazônia (recursos caíram de R$ 4,6 bilhões para R$ 638
milhões). Tais gastos se referem a apoio a atividades sustentáveis nos setores
madeireiros, agropecuário e nos assentamentos da reforma agrária, entre
outros”, disse Gustavo Faleiros, coordenador do InfoAmazônia e do estudo.
Segundo Pires, “a maior eficiência no processo de
fiscalização explica um pouco porque diminuiu o orçamento e o desmatamento
continuou a cair, mesmo com a permanência de vetores históricos de desmatamento
na região, como a construção de estradas e hidrelétricas”. No entanto, para
trazer a queda do desmatamento para taxas menores do que as atuais, o consultor
afirma que é necessária a transição para atividades sustentáveis e melhor uso
das áreas abertas, com maior produtividade na pecuária, atualmente o maior
vetor de desmatamento. “Para tanto, é preciso investimento em assistência
técnica e crédito específico, como o Programa ABC. Hoje, se alguém for pedir
crédito, provavelmente o gerente do banco vai querer dar um financiamento
tradicional, cujo retorno é mais fácil. Sem atuar nessas áreas, não se consegue
avançar o suficiente”.
Fonte: EcoDebate
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