Ibama desfaz esquema de comércio
ilegal de peixes ornamentais.
Investigação do Ibama levou a desarticular uma
grande esquema de comércio ilegal de peixes ornamentais no Brasil. O trabalho
investigativo foi iniciado no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de
Janeiro, a partir de informações do comércio dos peixes ornamentais que ocorria
naquele aeroporto.
A operação Mimetismo, que contou com o apoio da
Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e da Capitania dos Portos, aconteceu simultaneamente
nos dias 17, 18 e 19 de março em São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Goiás,
Paraná e no Distrito Federal.
No total, o Ibama aplicou R$ 2,3 milhões em
multas, apreendeu mil peixes ornamentais e invertebrados marinhos, embargou
três lojas de aquariofilia e suspendeu as atividades de outras duas. Foi
descoberta uma carga com 547 peixes ornamentais abandonada em outubro do ano
passado no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
Além dos espécimes nativos, o instituto apreendeu
e destruiu 22 lagostins-vermelhos, 40 anêmonas estrangeiras e 56 corais-sol,
espécies exóticas invasoras de alto risco para o meio ambiente.
Esquema surgiu perto dos recifes na Bahia.
De acordo com a investigação realizada pelo Ibama
no Rio de Janeiro, o esquema era abastecido a partir de um fornecedor
localizado na Ilha de Itaparica, na Bahia, onde os peixes eram capturados e
despachados por via aérea para pet shops e lojas clandestinas em várias partes
do país.
Para colocar os peixes proibidos no mercado, os
comerciantes se valiam da semelhança entre espécies estrangeiras de alto valor,
cujo comércio é permitido no Brasil, e as variedades nativas, que são
protegidas pela legislação ambiental e têm sua captura e venda proibidas.
Uma dessas espécies era o peixe-sapo nativo dos
recifes de coral do nordeste (Antennarius multiocellatus), espécie que tem a
capacidade de mudar de cor e mimetizar o ambiente, cuja comercialização é
proibida. Para negociar a espécie, o peixe-sapo era lançado na nota fiscal como
se fosse uma variedade semelhante estrangeira, o Antennarius striatus.
Quase idênticos, o Royal gramma, importado e
permitido, e o Grammabrasiliensis, nativo e protegido, também foram alvo do
esquema. A única diferença marcante entre eles é a faixa escura que a espécie
estrangeira tem sobre os olhos. O espécime nativo é endêmico do Brasil e acaba
de sair da lista brasileira da fauna ameaçada de extinção.
A pedido do Ibama, a PRF monitorou um dos
compradores do fornecedor da Bahia localizado na Região dos Lagos. A partir
dessa investigação, o instituto desarticulou uma rede de captura e revenda de
peixes proibidos que surgia a partir de Cabo Frio. No local, foram apreendidos
100 Grammas brasilienses recém-capturados na natureza, além de invertebrados,
como estrelas-do-mar e ouriços, e outros 80 peixes nativos.
Pelos 547 peixes que morreram no Aeroporto do
Galeão após serem submetidos a situação de maus-tratos, o Ibama multou o
remetente da carga na Bahia e a empresa que deveria recebê-la no Rio de Janeiro
em mais de R$ 900 mil cada uma.
Texto de Nelson Feitosa
Ibama/RJ
Fonte: EcoDebate
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