Quase 14% da biodiversidade
perdida em 500 anos.
por Regina Scharf, da
Página 22
Estudo colaborativo publicado no início de
abril pela revista Nature faz uma revisão sem precedentes do impacto das
mudanças do uso do solo sobre a biodiversidade global desde 1500. Em 2005, a
expansão da ocupação humana, sobretudo via agricultura e pecuária, já havia
reduzido em 13,6% o número de espécies dos ecossistemas locais, tomando como
base a biodiversidade existente pré- Revolução Industrial. Essa média esconde
grandes variações regionais. Nos países do oeste da Europa, as perdas foram
mais dramáticas, entre 20% e 30%. As áreas mais afetadas chegaram a perder uma
em cada três espécies nesse período e – não é surpresa – a maior parte dessas
perdas foi registrada nos últimos 100 anos.
O estudo “Global Effects of Land Use on Local
Terrestrial Biodiversity” é a primeira análise global de porte sobre os impactos
humanos sobre a biodiversidade local. Ele foi produzido numa colaboração do
Centro de Monitoramento da Conservação do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, o Museu de História Natural de Londres e universidades do Reino
Unido. Os autores, sob a liderança de Tim Newbold, do Pnuma, e Lawrence Hudson,
do Museu de História Natural, compilaram dados de mais de 70 países e 26.600
espécies.
Até 2100, os pesquisadores preveem que a redução
no número de espécies poderá chegar a 17%, em média, num cenário de
business-as-usual, se as emissões de gases estufa mantiverem os padrões atuais.
A perda de 20% da biodiversidade local é apontada pelos autores como um ponto
de virada, em que os ecossistemas perdem sua habilidade de prestar serviços
naturais como o controle de enchentes ou da disseminação de pragas agrícolas.
Mas o trabalho também trouxe boas notícias, ao
indicar evidências de que parte dessas perdas pode ser revertida. Algumas
poucas áreas, como certas zonas do Congo e do Oeste da Amazônia, ampliaram sua
biodiversidade no período. Mas, segundo os autores, para que outras áreas
passem por recuperação semelhante, será necessário um esforço internacional de
combate às mudanças climáticas, sobretudo via criação de um mercado de carbono
que atribua um valor financeiro às áreas de alta biodiversidade, facilitando
sua conservação. Eles apontam essa estratégia como sendo uma solução eficaz
tanto para países desenvolvidos quanto para os mais pobres.”Se a sociedade
trabalhar conjuntamente e reduzir as mudanças climáticas por meio da
valorização das florestas, poderemos reverter os últimos 50 anos de impactos
sobre a biodiversidade terrestre até o fim do século “, declarou um dos
autores, Andy Purvis, do Museu de História Natural de Londres.
Fonte: Página
22
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