quinta-feira, 30 de abril de 2015

Amazônia: a importância dos Rikbaktsa, no noroeste mato-grossense


Povo Rikbaktsa, em Cotriguaçu, vive no TI Escondido. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV
Sucena Shkrada Resk/ICV
Neste mês de abril, a homenagem em Cotriguaçu, no Noroeste mato-grossense, Amazônia, é ao povo Rikbaktsa, do Território Indígena (TI) Escondido, uma área de 165 mil hectares, demarcada em 1998. Distante 45 quilômetros da cidade e com o a principal aldeia, a cerca de 30 quilômetros do rio Juruena, esse extenso território com natureza conservada, faz divisa com o Projeto de Assentamento Nova Cotriguaçu, onde vivem famílias de agricultores familiares e existem propriedades particulares de pecuária e manejo florestal.
Em junho do ano passado, os Rikbaktsa elaboraram o Plano de Gestão Territorial da Terra Indígena Escondido, com apoio do Instituto Centro de Vida (ICV), com um horizonte de 20 anos. No documento, são apresentadas informações importantes sobre  história, cultura e informações importantes, como do uso sobre os recursos naturais e, em especial, sobre as plantas utilizadas e manejadas pelo povo, resgatando o  conhecimento tradicional ancestral da etnia. Para montá-lo, houve participação de toda a comunidade nas oficinas de etnocartografia e uso de GPS, mapeamento colaborativo e avaliação ecológica, entre outras. Com isso, fizeram o etnomapeamento e etnozoneamento da TI.
“Hoje nossas principais preocupações são com a conservação de nossa língua e dos costumes, que precisam ser passados para nossos filhos, e com os possíveis impactos dos projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e hidrelétricas na Bacia do rio Juruena. Há previsão de que parte de nossa terra será inundada”, destaca o atual cacique da aldeia, Roseno Zokoba Rikbakta.
Uma das iniciativas em andamento, segundo ele, é a manutenção da escola indígena na aldeia, onde se aprende a língua nativa, do tronco linguístico Macro-Jê, e o português. “Temos 12 alunos atualmente”. A presença de índios mais velhos na aldeia, como o cacique anterior Dokta Rikbakta, que foi o primeiro a povoar o local com sua família, é importante nesta manutenção, de acordo com Roseno.
Cacique Roseno Zokoba Rikbakta alerta sobre a importância da preservação cultural do seu povo. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV.
Os Rikbaktsa também começaram a consolidar relações amistosas com a comunidade do entorno. Participaram do Encontro Saberes e Sabores, na comunidade Ouro Verde, também apoiada pelo ICV. 
“Foi um momento de troca de conhecimento com os agricultores familiares. Levamos artesanatos, como prendedores de cabelo e colares feitos principalmente pelas mulheres. Um momento importante de entrar em contato com nossos vizinhos para saber o que está acontecendo na nossa região. 
Agora, podemos convidá-los também para participar de nossas festas. É uma troca de experiências”, diz o cacique.
O apoio aos Rikbaktsa para a implementação de ações prioritárias do Plano de Gestão integra as atividades do Projeto Noroeste: território sustentável, desenvolvido pelo ICV, com apoio do Fundo Vale. O principal objetivo do projeto é fortalecer e consolidar o noroeste de Mato Grosso como um território florestal, por meio do incentivo e da disseminação de soluções produtivas sustentáveis e com boa governança socioambiental.


Fonte: ICV

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