A juventude e a luta contra as
mudanças climáticas.
por Iago
Hairon*
Primeiro você pode me perguntar: Qual a ligação
entre jovens e mudanças climáticas? Eu simplesmente responderei: todas as
possíveis e impossíveis também, afinal somos jovens! Lembro em 2009 quando
tinha apenas 15 anos e assisti na tv sobre uma convenção que acontecia em
Copenhague, os jornalistas falavam da quantidade de jovens e setores de
sociedade civil que se manifestavam devido a ineficácia das negociações na
convenção que , segundo eles, era a mais importante para se debater o futuro do
planeta e consequentemente o nosso futuro. Depois de algum tempo, descobri que
aquela era uma convenção da ONU sobre mudança climática chamada COP15, e então
confirmei que sim, ela era um dos espaços mais importantes para se pensar no
futuro da humanidade. E com certeza os jovens, como eu disse tem todas as
conexões possíveis e impossíveis para agir e debater sobre esse assunto.
Desde a década de 90 do século XX, o debate sobre
meio ambiente e mudanças climáticas se intensificou, seguindo o debate surgiram
desde estão várias pesquisas científicas para a verificação desses impactos
além de mostrar o quanto nós precisamos ser realistas para pensar em soluções.
Segundo o IPCC (Painel intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) “A
influência humana sobre o sistema climático é clara, e as emissões de gases de
efeito estufa recentes são a maior de toda a história. As Recentes mudanças
climáticas tiveram impactos generalizados sobre os sistemas humanos e
naturais.”
Nesse sentido, jovens de todo o Brasil entram no
debate como agentes de mudança do pensamento social enfatizando o quanto é
importante pautarmos justiça climática. Esses jovens incidem direta e
indiretamente em todas as esferas de poder, seja no trabalho de base a nível
local, junto ao governo, ou nas próprias convenções internacionais sobre
mudanças climáticas.
A ideia desse pequeno artigo é te inspirar,
inspirar a também ser um jovem agente de mudança. Ao longo do texto você lerá
cinco depoimentos de jovens das cinco regiões brasileiras, que com trabalhos
simples tem conseguido espalhar uma mensagem política de força e esperança
maravilhosa no que tange o tema aqui discutido.
Um dos tópicos mais importantes quando nos pautamos
o engajamento juvenil relacionado as mudanças climáticas é pensar sobre o
importante conceito da Equidade intergeracional. Raquel Rosenberg, Coordenadora
Geral do Engajamundo, que vive em São Paulo tem alguns pensamentos sobre
esse tema.
“A juventude é um dos grupos mais importante quando
se trata de engajamento da sociedade com a questão climática. Além de sermos os
que realmente vão sofrer as consequências dos impactos que o homem está
causando hoje no planeta, somos também aqueles que podem dar a volta por cima e
protagonizar a mudança que o mundo precisa – o jovem é o único capaz de superar
os desafios contemporâneos. O envolvimento da juventude e a importante escuta
dos governos e empresas sobre o que nós estamos pensando é, portanto, crucial
para minimizarmos o impacto das mudanças climáticas no planeta e garantir, assim,
que possamos usufruir dos mesmos recursos naturais que nossos pais e avós
usufruíram durante toda a vida.”
Futuras gerações terem o mesmo direito de usufruir
recursos naturais; essa é a definição principal da equidade intergeracional.
Agora você pode pensar – A juventude está separada de questões relacionadas ao
clima? Claro que NÃO! Depois de explicar esse conceito na tentativa de engajar
você, nós podemos começar a questionar sobre representação e como o jovem está
sendo representado. A questão é se os lideres mundiais e os nossos líderes
nacionais estão levando em conta a nossa demanda.
“Hoje, nós jovens representamos a metade da
população mundial e, caso os líderes mundiais não pensarem no clima como algo
vital e necessário, enfim, não tomarem sábias medidas, nós é que sofreremos com
o impacto disso no futuro. Aqui na região Centro-Oeste, por exemplo, o bioma
cerrado está sendo drasticamente devastado para dar lugar ao plantio da soja,
não há limites. O que a juventude quer é ser ouvida. Precisamos de voz para
termos vez.”
Feito por Kaime Silvestre, estudante de direito e
ativista climático da região Centro Oeste do Brasil.
As palavras que compõem
esse depoimento são de uma realidade tremenda além de ter uma conotação
política muito grande. É totalmente necessário a juventude está apta para
representar a ela mesma, apresentando nossas demandas sobre justice climática,
e então construir políticas públicas que serão eficazes para todos.
Representação política é um meio de obter fortes mecanismos na luta por justiça
climática.
Até agora, esses dois jovens falaram de
conhecimentos únicos e necessários focando a conexão entre juventude e mudança
climática. No entanto, Mariana Guedes de Fortaleza, Membra da ONG Verdeluz, tem
outro tema para contribuir com da ideia de nosso artigo.
“O Verdeluz acredita que o conhecimento de causa –
educação – é a chave para comoção, portanto, incluir a juventude no debate
sobre mudanças climáticas, é essencial se quisermos ver mudança, pois a força
da juventude que é capaz de mudar uma geração. Debater mudanças climáticas com
jovens significa criar um ser humano crítico entendedor do assunto, que
conhecendo o impacto dos seus atos para o meio ambiente, no contexto de uma
discussão, pensarão em soluções e as exigirão, tanto das pessoas ao seu redor,
quanto das autoridades. E isso é o mais importante, essa discussão gera
reflexão que por sua vez, produz mudança na realidade com cada pessoa que se
envolve.”
Educação, não podemos fazer nada sem ela. Não
existirá política eficaz, não existirá equidade intergeracional sem educação.
Para fazer as pessoas entenderem o que a juventude está propondo é necessário
cada vez mais expandirmos o conhecimento sobre as mudanças climáticas. A
educação pode fazer isso e nós podemos fazer isso através da educação.
Vinda do Estado do Amazonas, casa da maior floresta
tropical do mundo, a articuladora do Engajamundo e militante climática, Karla
Pereira, tem algumas experiências e posições para compartilhar conosco. É
importante lembrar que os depoimentos de cada jovem aqui citado tem uma
principal intenção – Inspirar você! Nunca se esqueça disso!
“A Região Norte do Brasil, cobiçada por todo o
mundo, comporta 80% da Floresta Amazônica e abriga mais da metade da população
indígena brasileira que habita especialmente a Amazônia. É primordial salientar
o desenvolvimento de ações juvenis com fins de preservação nesta região uma vez
que ao afetar a fauna e a flora milhares de indígenas são obrigados a deixar
seu habitat que já não possui condições salubres de convivência. Além de afetar
as tribos, a destruição florestal afeta também a população mundial. Em Manaus,
conhecida antigamente como a capital da borracha, algumas iniciativas jovens se
dividem em atividades de conscientização e intervenções com tais fins.
Um exemplo
dessas atividades está em ações no Engajamundo que já levou capacitações para
universitários e tribos indígenas Sateré-Mawé e Dessana Tukana na capital do
Amazonas.”
Baden Pawell disse uma vez: “Deixe um mundo um
pouquinho melhor do que você encontrou”. Essa passagem representa o quanto as
pessoas podem ser pró-ativas em partilhar transformações positivas. Como jovens
nós podemos e devemos deixar esse mundo um pouco melhor do que encontramos, a
única coisa necessária é força de vontade e conhecimento. Ao longo do texto
construímos uma retórica de convencimento e relevância das questões climáticas,
agora você já sabe a conexão entre a juventude e a luta contra as mudanças
climáticas. Qual o próximo passo? O próximo passo é compartilhar, inspirar
outras pessoas, você pode fazer isso!
Por fim, deixarei as palavras de Txai Mello, um
garoto de 17 anos vindo da região sul e que assim como todos os outros jovens
aqui citados, está focado na participação e representação do jovem.
“Pela ordem natural da vida, nós jovens e nossos
descendentes, temos maior probabilidade de sermos, ao longo do tempo, os mais
afetados com as consequências dos problemas climáticos. No entanto, é de
extrema importância compreender o que está acontecendo e quais as perspectivas
futuras relacionadas às questões climáticas do planeta, para então propormos
ações efetivas. Sendo assim, podemos utilizar o poder multiplicador que temos,
servindo de inspiração para outras pessoas, incentivando inclusive as próximas
gerações a serem cada vez mais engajadas nos debates climáticos.”
* Iago Hairon é coordenador do Grupo de
Trabalho sobre Clima da Organização de Liderança Juvenil Engajamundo.
Espero que você tenha mudado!
Fonte: ENVOLVERDE
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