Governo Brasileiro apresenta
relatório final para o próximo acordo climático global.
por
Redação do WWF Brasil
O Nordeste do Brasil tem grande potencial para captar energia eólica, que é
limpa e renovável © WWF / Michel GUNTHER.
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nessa
sexta-feira, 17 de abril, o relatório final da consulta pública com
participação da sociedade civil para a construção da Contribuição Nacional
Determinada (INDC, segundo a sigla em inglês).
Quando finalizada, esta contribuição vai ajudar na
criação do novo acordo climático em dezembro desse ano durante a 21ª
conferência da ONU para as mudanças climáticas (COP-21), trazendo os esforços
que serão feitos pelo Brasil para reduzir suas emissões de carbono e como
implementarão estas iniciativas.
Este relatório final mostra quais são os esforços
que serão feitos pelo Brasil para reduzir suas emissões de carbono e de que
maneira isso será feito. Ele será levado a Paris em dezembro deste ano, para a
21ª Conferência das Partes (COP-21), para compor um novo acordo climático
global.
O Governo Brasileiro recebeu 331 contribuições de
indivíduos e organizações ou instituições da sociedade civil organizada. O
relatório foi dividido em contribuições que contemplam mitigação das mudanças
climáticas, adaptação, meios de implementação e outros comentários gerais.
A abertura do processo de consulta pública
demonstra um importante passo do governo em prol de um processo transparente e
participativo na construção de suas metas de redução de emissões. A consulta
foi constituída de duas fases, em que foi possível, por exemplo, avaliar os
esforços brasileiros até agora e como o Brasil deve se posicionar daqui por
diante em relação ao clima.
Ambição e justiça
Segundo o coordenador de Mudanças Climáticas e
Energia do WWF-Brasil, André Nahur, agora espera-se que essas contribuições
sejam levadas em conta para a construção da contribuição Brasileira que leve a
um acordo climático ambicioso e justo.
“O Brasil tem uma grande oportunidade nas mãos, de
dar o exemplo com metas ousadas de redução de emissões e que contemplem o
desmatamento liquido zero, um aumento da participação de energia solar, eólica
e biomassa na matriz energética brasileira para incentivar uma economia de
baixo carbono no país, e se tornar um dos principais atores nesse novo
cenário”, comentou Nahur.
De acordo com o coordenador, “o relatório traz
importantes contribuições como a proposta apresentada por diferentes
organizações da sociedade civil do Brasil ter um compromisso de atingir níveis
inferiores a 1 Gt CO2eq antes de 2030, chegando em 0,6 Gt CO2eq e ainda
contribuições sobre o tema de adaptação.”
Mark Lutes, especialista em Mudanças Climáticas do
WWF, analisa que “o condicionamento de ações relevantes no apoio internacional
é apropriado desde que as ações e metas com recursos próprios também sejam
ambiciosas”.
O Brasil ainda não informou quando deve finalizar e
enviar a sua contribuição e tem como prazo final para fazer isso o mês de
outubro para enviar até o início de outubro para que seja considerado na
conferência de Paris.
Até agora, 33 países, incluindo Estados Unidos (com
metas de 26% a 28% de redução de emissões para a próxima década em relação aos
níveis de 2005), e União Europeia (com cortes de 40% até 2030 em relação a
1990) já enviaram suas metas voluntárias de redução de carbono, abrindo espaço
para a análise e discussão de seus compromissos.
Possível cooperação
No final de semana, após encontro com o presidente
dos Estados Unidos, Barack Obama, no Panamá, a presidenta brasileira, Dilma
Roussef anunciou uma visita ao vizinho americano, em que devem discutir posição
conjunta para a Cúpula do Clima em Paris e uma possível cooperação americana no
desenvolvimento de energia alternativa renovável, em especial solar, no Brasil.
“Se um conjunto de países decidir uma posição sobre
a mudança do clima, isso altera a situação. China, Estados Unidos, Índia,
Brasil precisam assumir a responsabilidade de liderar o processo”, afirmou
Dilma na ocasião.
Muito a ser feito
Em entrevista no dia 16/04 para a Bloomberg, a
Ministra Izabella Teixeira manifestou que o Brasil deverá aumentar a
participação das energias renováveis, buscar o desmatamento líquido zero e
garantir que a agricultura de baixo carbono seja contemplada na contribuição
Brasileira.
Apesar dos indícios positivos apresentados pelo
Governo Federal, ainda há muito a ser feito para que se reverta o cenário de
aumento do uso de hidrelétricas e termelétricas em nossa matriz energética.
“É preciso considerar o grande potencial que temos
de energia solar, eólica e biomassa. Além disso, também precisamos garantir que
as reservas florestais, fundamentais para a segurança climática no País, sejam
conservadas – garantindo um futuro de segurança alimentar, hídrica e energética
para o povo brasileiro”, disse André Nahur.
Fonte: WWF Brasil
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