sexta-feira, 10 de abril de 2015

Preservação dos polinizadores será política pública no Brasil.
Biodiversidade – Evento reúne especialistas, pesquisadores de universidades e de organismos internacionais e sociedade civil
O Ministério do Meio Ambiente está traçando os contornos gerais para uma política pública voltada aos polinizadores. O assunto foi discutido por especialistas na área, pesquisadores de universidades e de organismos internacionais e sociedade civil organizada nesta segunda e terça-feira (30 e 31), em Brasília (DF), durante o seminário Projeto GEF Polinizadores Biodiversidade e Agricultura.

“A ideia é aproveitar toda experiência adquirida, usando-a como pedra fundamental para uma política de valorização e retorno da conservação dos polinizadores do Brasil”, explicou o secretário Substituto de Biodiversidade e Florestas, Sérgio Collaço, na abertura do encontro.

São três linhas mestras de trabalho: controle de agrotóxico para evitar impacto nas espécies polinizadoras; reverter e evitar perda das espécies de polinizadores; e conseguir avançar com tecnologias para o uso econômico dos polinizadores.

Preocupação

O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO Brasil), Alan Jorge Bojanic, demonstrou preocupação com a perda de polinizadores.

“Os polinizadores são fundamentais para a biologia e para o mundo inteiro”, disse. “Esse projeto tem sido importante para gerar informações úteis que nos oriente.”

Os polinizadores evidenciam a forte relação entre proteção da biodiversidade e produção agrícola. “Alguns resultados mostram aumento de produção de 60 ou 70%”, afirmou Rosa Lemos, representante do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). “É inegável o valor que eles têm para a produção agrícola.”

Iniciativa

O Projeto Global GEF/PNUMA/FAO Conservação e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentável por meio da Abordagem Ecossistêmica começou a ser executado em 2010 e termina no final do ano. Visa melhorar a segurança alimentar e nutricional e os modos de vida, por meio da conservação e do uso sustentável dos polinizadores.

Foi implantado em sete países: Brasil, África do Sul, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia. No Brasil, muitas atividades foram apoiadas e implantadas pelo projeto, com destaque para os estudos em áreas de cultivo de algodão, caju, canola, castanha-do-brasil, maçã, melão e tomate.

Saiba Mais

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), polinização é a transferência de grãos de pólen das anteras de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie.

As anteras são os órgãos masculinos da flor e o pólen é a gameta masculino. Para que haja a formação das sementes e frutos é necessário que os grãos de pólen fecundem os óvulos existentes no aparelho reprodutor feminino.

A transferência de pólen para o estigma pode ocorrer das anteras para o estigama da mesma flor ou de flor diferente, mas na mesma planta (autopolinização) ou pode ser feita de uma flor para outra em plantas diferentes (polinização cruzada).

A transferência de pólen pode ser por fatores bióticos, ou seja, com auxílio de seres vivos, ou abióticos, por fatores ambientais, esses fatores podem ser: vento (Anemofilia), água (Hidrofilia); insetos (Entomofilia), morcegos (Quiropterofilia), aves (Ornitofilia).

Para atrair os agentes polinizadores bióticos as espécies vegetais oferecem recompensas, pólen, néctar, óleos ou mesmo odores, utilizadas na alimentação ou reprodução dos animais.

Contudo, nem todos os animais que procuram as recompensas atuam como polinizadores efetivos, muitos visitantes são apenas pilhadores oportunistas, que roubam a recompensa sem exibir um comportamento adequado para realizar uma polinização eficiente.

Na maioria dos ecossistemas mundiais, as abelhas são os principais polinizadores. Estudos sobre a ação das abelhas no meio ambiente evidenciam a extraordinária contribuição desses insetos na preservação da vida vegetal e também na manutenção da variabilidade genética.

Estima-se existir cerca de 20 mil espécies de abelhas. Contudo este número pode ser duas vezes maior, sendo necessário realizar estudos de levantamento das abelhas e as interações abelha-planta nos diversos biomas.

Entretanto, devido à redução das fontes de alimento e locais de nidificação, ocupação intensiva das terras e uso de defensivos agrícolas, as populações de abelhas silvestres têm sido reduzidas drasticamente, colocando em risco todo o bioma em que vivem. Uma das dificuldades em se promover a conservação das abelhas é a falta de conhecimento sobre as mesmas.

Nas regiões tropicais, as abelhas sociais (Meliponina, Bombina e Apina) estão entre os visitantes florais mais abundantes. No Brasil, as abelhas sem ferrão (Meliponina) são responsáveis pela polinização de 40 a 90% das espécies arbóreas. Dessa forma, a preservação das matas nativas é dependente da preservação dessas espécies.


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