Preservação dos polinizadores
será política pública no Brasil.
Biodiversidade – Evento reúne especialistas,
pesquisadores de universidades e de organismos internacionais e sociedade civil
O Ministério do Meio Ambiente está traçando os
contornos gerais para uma política pública voltada aos polinizadores. O assunto
foi discutido por especialistas na área, pesquisadores de universidades e
de organismos internacionais e sociedade civil organizada nesta segunda e
terça-feira (30 e 31), em Brasília (DF), durante o seminário Projeto GEF
Polinizadores Biodiversidade e Agricultura.
“A ideia é aproveitar toda experiência adquirida,
usando-a como pedra fundamental para uma política de valorização e retorno da
conservação dos polinizadores do Brasil”, explicou o secretário Substituto de
Biodiversidade e Florestas, Sérgio Collaço, na abertura do encontro.
São três linhas mestras de trabalho: controle de
agrotóxico para evitar impacto nas espécies polinizadoras; reverter e evitar
perda das espécies de polinizadores; e conseguir avançar com tecnologias para o
uso econômico dos polinizadores.
Preocupação
O representante da Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO Brasil), Alan Jorge Bojanic, demonstrou
preocupação com a perda de polinizadores.
“Os polinizadores são fundamentais para a
biologia e para o mundo inteiro”, disse. “Esse projeto tem sido importante para
gerar informações úteis que nos oriente.”
Os polinizadores evidenciam a forte relação entre
proteção da biodiversidade e produção agrícola. “Alguns resultados mostram
aumento de produção de 60 ou 70%”, afirmou Rosa Lemos, representante do Fundo
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). “É inegável o valor que eles têm
para a produção agrícola.”
Iniciativa
O Projeto Global GEF/PNUMA/FAO Conservação e
Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentável por meio da Abordagem
Ecossistêmica começou a ser executado em 2010 e termina no final do ano. Visa
melhorar a segurança alimentar e nutricional e os modos de vida, por meio da
conservação e do uso sustentável dos polinizadores.
Foi implantado em sete países: Brasil, África do
Sul, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia. No Brasil, muitas atividades foram
apoiadas e implantadas pelo projeto, com destaque para os estudos em áreas de
cultivo de algodão, caju, canola, castanha-do-brasil, maçã, melão e tomate.
Saiba Mais
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), polinização é a transferência de grãos de pólen das
anteras de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da
mesma flor ou de outra flor da mesma espécie.
As anteras são os órgãos masculinos da flor e o
pólen é a gameta masculino. Para que haja a formação das sementes e frutos é
necessário que os grãos de pólen fecundem os óvulos existentes no aparelho
reprodutor feminino.
A transferência de pólen para o estigma pode
ocorrer das anteras para o estigama da mesma flor ou de flor diferente, mas na
mesma planta (autopolinização) ou pode ser feita de uma flor para outra em
plantas diferentes (polinização cruzada).
A transferência de pólen pode ser por fatores
bióticos, ou seja, com auxílio de seres vivos, ou abióticos, por fatores
ambientais, esses fatores podem ser: vento (Anemofilia), água (Hidrofilia);
insetos (Entomofilia), morcegos (Quiropterofilia), aves (Ornitofilia).
Para atrair os agentes polinizadores bióticos as
espécies vegetais oferecem recompensas, pólen, néctar, óleos ou mesmo odores,
utilizadas na alimentação ou reprodução dos animais.
Contudo, nem todos os animais que procuram as
recompensas atuam como polinizadores efetivos, muitos visitantes são apenas
pilhadores oportunistas, que roubam a recompensa sem exibir um comportamento
adequado para realizar uma polinização eficiente.
Na maioria dos ecossistemas mundiais, as abelhas
são os principais polinizadores. Estudos sobre a ação das abelhas no meio
ambiente evidenciam a extraordinária contribuição desses insetos na preservação
da vida vegetal e também na manutenção da variabilidade genética.
Estima-se existir cerca de 20 mil espécies de abelhas.
Contudo este número pode ser duas vezes maior, sendo necessário realizar
estudos de levantamento das abelhas e as interações abelha-planta nos diversos
biomas.
Entretanto, devido à redução das fontes de
alimento e locais de nidificação, ocupação intensiva das terras e uso de
defensivos agrícolas, as populações de abelhas silvestres têm sido reduzidas
drasticamente, colocando em risco todo o bioma em que vivem. Uma das
dificuldades em se promover a conservação das abelhas é a falta de conhecimento
sobre as mesmas.
Nas regiões tropicais, as abelhas sociais
(Meliponina, Bombina e Apina) estão entre os visitantes florais mais
abundantes. No Brasil, as abelhas sem ferrão (Meliponina) são responsáveis pela
polinização de 40 a 90% das espécies arbóreas. Dessa forma, a preservação das
matas nativas é dependente da preservação dessas espécies.
Fonte: Portal Brasil
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