Imprensa adianta metas de redução
de emissões do Japão e mundo clama por mais.
por Redação do WWF Brasil
No momento em que o mundo luta contra as mudanças
climáticas e pede metas ousadas de diminuição de gases do efeito estufa, o
jornal japonês Kyodo News divulgou em sua edição de hoje, 10 de abril, que o
Japão deve anunciar suas metas de redução de emissões até 2030 em apenas 20% em
relação à quantidade emitida ano de 2013. A possibilidade representa um
retrocesso em relação ao corte sinalizado anteriormente de 25% em relação ao
emitido em 1990.
O anúncio repercutiu rapidamente, com críticas de
especialistas e imprensa de diversas partes do mundo. Jornais como o local The
Tokio, o inglês The Guardian e os internacionais Reuters e Bloomberg Business
foram alguns dos que colocaram a notícia em destaque, com títulos que indicavam
a grande intensidade dos cortes ou revés que essa decisão pode trazer para as
negociações climáticas.
Os números divulgados pelo Kiodo News têm como fonte
representantes do governo japonês, mas não cita nomes – a previsão é que as
metas oficiais sejam divulgadas em junho. Em rodadas anteriores, Tóquio havia
anunciado uma possível redução de 25% de emissões de seus gases de efeito
estufa até 2020 com base nos níveis de 1990. Além de passar de 25% para 20% os
cortes nas emissões, a alteração do ano de referência para as metas utiliza a
quantidade de emissões após o fechamento de usinas nucleares causado pelo
terremoto de Fukushima, em 2011, o que provocou um aumento recorde de queima de
gás e carvão para geração de energia. Assim, a meta de 20% em relação a 2013
significa cortes de apenas 10% em relação aos níveis de 1990.
De acordo com a líder da Iniciativa Global de
Clima e Energia do WWF, Samantha Smith, “não é aceitável que um país
tecnologicamente avançado como o Japão acredite que está certo diminuir suas
emissões em apenas 10% ao longo de 40 anos. Nós acreditamos que o Japão pode
cortar suas emissões em 40% a 50% em 2030 em relação aos níveis de 1990”, diz
Samantha, acrescentando que, desta forma, “eles estarão passando o ônus da ação
para os países mais pobres e mais vulneráveis”.
Para o coordenador do programa Mudanças
Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, “a luta contra as mudanças
climáticas é não só um desafio mas também uma oportunidade para liderança no
setor de energia limpa. Caso se concretize, a meta japonesa representa um
retrocesso nos índices já apresentados e um mau exemplo para o planeta, que
necessita de um acordo global justo e ambicioso”, diz Nahur, lembrando que o
Brasil também não anunciou seus índices. “Esperamos compromissos ambiciosos do
Brasil, para que o país assuma uma posição de protagonista no esforço global
para combater mudanças climáticas”.
Até o momento, 33 países já enviaram suas
contribuições no último mês ao alto secretariado das Nações Unidas, como etapa
prévia à 21ª Conferência de Partes (COP-21), que será sediada em dezembro, em
Paris. Entre o grupo dos países que mais poluem (do qual o Japão faz parte), Estados
Unidos (com metas de 26% a 28% para a próxima década em relação aos níveis de
2005), União Europeia (com cortes de 40% até 2030 em relação a 1990) e Rússia
(com cortes de até 30% em comparação aos níveis de 1990), já enviaram seus
compromissos voluntários.
Fonte: WWF
Brasil
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