O Brasil caminha para trás na
rota até Paris.
por Lúcia
Chayb e René Capriles, da Eco21
Chuva numa floresta da Indonésia.
Foto: Andrew Suryono – Sony
Awards 2015
A edição de março de 2015 da Eco21, uma das
principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, traz
excelentes textos. Veja abaixo o editorial.
Editorial
Ao mesmo tempo em que a Suíça assumia a liderança
mundial com um programa de redução imediata de suas emissões de Gases de Efeito
Estufa (GEE), o Presidente Obama ordenava que todas as instâncias do Governo dos
EUA reduzissem já as suas emissões em 40% e a União Europeia lançava o maior
desafio de sua história para desacelerar o crescimento de forma sustentável, o
Brasil surpreendia a todos ao bloquear o mais importante estudo nacional já
feito sobre a adaptação e o combate às mudanças climáticas: o Relatório “Brasil
2040: Cenários e Alternativas de Adaptação à Mudança do Clima”. Iniciado há
dois anos na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da
República, ainda na gestão do economista Marcelo Neri, tinha previsão de ser
entregue no próximo mês (Abril). Este Relatório seria a base das propostas que
o Brasil encaminharia à ONU como contribuição para a redação de um acordo final
sobre o clima durante a COP-21, em Paris. O novo titular da SAE, o Ministro,
Mangabeira Unger, demitiu o economista e especialista em assuntos climáticos,
Sérgio Margulis, Secretário de Desenvolvimento Sustentável e a administradora
de empresas Natalie Unterstell, Diretora de Programas da SAE, ambos
encarregados da elaboração desse estudo. O “Brasil 2040”, cujo custo foi de R$
3,5 milhões, desenvolvia diversos cenários sobre as consequências das mudanças
climáticas nas áreas da agricultura, recursos hídricos, transportes,
influências nas áreas costeiras, energia, saúde, problemas urbanos, etc.
Segundo do Coordenador-Executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, em
depoimento à Patrícia Fachimdo portal IHU afirmou que “o tema de mudanças
climáticas, apesar de ser o maior desafio ao desenvolvimento de todas as nações
neste século, ainda é tratado pelo Governo Federal como um tema de segunda ou
terceira importância. Não se discute qual é a nossa responsabilidade e o que
temos de fazer em relação às reduções das emissões e como devemos nos preparar
para um clima mais hostil”. A medida tomada por Unger revela que agora a
questão climática não é um assunto prioritário para o Governo, sendo que
internacionalmente já é tratado como tema fundamental. Enquanto isso, a
ofensiva dos últimos dias efetuada por Obama exige que se amplie a geração de
energia renovável para 30% do consumo do Governo Federal. Com essa medida os
contribuintes economizariam cerca de US$ 18 bilhões em custos de eletricidade,
e reduziriam as emissões em 40% durante a próxima década, em comparação aos
níveis de 2008. Já o governo suíço afirmou que cortará as emissões nacionais em
50% até 2030. Ao comentar a decisão da SAE, a Vice-Presidenta do IPCC, Suzana
Kahn afirmou que “não vejo o Governo dando atenção para as mudanças climáticas,
estamos indo na direção errada; enquanto alguns países dão exemplo diminuindo
suas emissões de carbono, nós estamos aumentando as nossas”. No âmbito global,
a Agência Internacional de Energia divulgou recentemente um relatório no qual
demonstra que, pela primeira vez em 40 anos, as emissões globais de CO2 ligadas
ao setor de energia pararam de subir. Esta notícia abre uma esperança no
sinuoso caminho para a Paris e sua COP-21.
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Fonte: ECO 21
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