quarta-feira, 1 de abril de 2015

Pela defesa das ciclovias.
por Fabiana Alves*
Foto: ©Steve Morgan/Greenpeace

Na quinta-feira, dia 18.03, o Ministério Público Estadual (MPE) entrou com ação civil pública contra a implementação de ciclovias em São Paulo, pedindo que as construções fossem suspensas e que o governo recomponha o pavimento utilizado pelas ciclofaixas já existentes. Um dos argumentos é a falta de estudo prévio de impacto viário e projetos executivos para as obras, mas para além de criticar a forma de execução, a ação ainda questiona o valor da política pública em si. Em uma cidade em que o carro sempre foi priorizado, mudar a ótica do transporte tornou-se um verdadeiro desafio.

Não sem motivo, os ciclistas ocuparam as ruas de São Paulo na última sexta-feira, 19 de março, para protestarem contra a ação movida pelo MPE, e já possuem um novo Manisfesto a favor das Ciclovias marcado para esta sexta-feira, 27 de março. O Greenpeace assina a resposta dada ao MPE por mais de 20 organizações de ciclistas e da sociedade civil em favor às ciclovias e contra o parecer do MPE.

As ciclofaixas ocupam apenas um pequeno espaço da rua e representam segurança não apenas para o ciclista, como para todos as pessoas que utilizam os diferentes modais de transporte presentes no dia-a-dia paulistano. Garantir a segurança do ciclista é incentivar que cada vez mais pessoas deixem o carro e utilizem a bicicleta, que não tem custo algum e traz benefício para o indivíduo e para o meio ambiente por ser um dos poucos meios de transporte completamente livre de emissões de gases de efeito estufa.

Os impactos negativos alegados pela promotoria desconsideram o fato de que as ciclovias estão sendo construídas em lugares que antes eram estacionamento de veículos e canteiros centrais que pouco eram utilizados pelo pedestre, como o canteiro da Avenida Paulista. O maior impactado, portanto, é o usuário do transporte individual que, em muitos países em que a mobilidade urbana funciona, são restringidos de circular em áreas centrais e desincentivos com a diminuição ou eliminação de vagas de estacionamento.

Parte da ação do MPE afirma que “ainda hoje, o veículo é o modal de transporte que transporta o maior número de pessoas neste Município”, o que reflete a visão distorcida sobre a importância de políticas que não só aumentem a oferta de transporte coletivo, e modais alternativos, como também restrinjam o uso do carro, para que haja a migração necessária para salvar as cidades do caos urbano instalado pelo tráfego intenso.

Cada paulistano que sai do carro e sobe na bike representa uma esperança de São Paulo voltar a ser uma cidade habitada por pessoas. A ciclovia deve ser aprimorada e sim, estudos são importantes e necessários, mas não iremos regredir em uma política que tanto benefício traz à cidade. As famosas faixas vermelhas que ocupam canteiros abandonados e vagas de carro representam o futuro de uma cidade que volta a ser movida por gente.

* Fabiana Alves é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.


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