Pela defesa das ciclovias.
por
Fabiana Alves*
Foto: ©Steve Morgan/Greenpeace
Na quinta-feira, dia 18.03, o Ministério Público
Estadual (MPE) entrou com ação civil pública contra a implementação de
ciclovias em São Paulo, pedindo que as construções fossem suspensas e que o
governo recomponha o pavimento utilizado pelas ciclofaixas já existentes. Um
dos argumentos é a falta de estudo prévio de impacto viário e projetos
executivos para as obras, mas para além de criticar a forma de execução, a ação
ainda questiona o valor da política pública em si. Em uma cidade em que o carro
sempre foi priorizado, mudar a ótica do transporte tornou-se um verdadeiro
desafio.
Não sem motivo, os ciclistas ocuparam as ruas de
São Paulo na última sexta-feira, 19 de março, para protestarem contra a ação
movida pelo MPE, e já possuem um novo Manisfesto a favor das Ciclovias marcado para
esta sexta-feira, 27 de março. O Greenpeace assina a resposta dada ao MPE por
mais de 20 organizações de ciclistas e da sociedade civil em favor às ciclovias
e contra o parecer do MPE.
As ciclofaixas ocupam apenas um pequeno espaço da
rua e representam segurança não apenas para o ciclista, como para todos as
pessoas que utilizam os diferentes modais de transporte presentes no dia-a-dia
paulistano. Garantir a segurança do ciclista é incentivar que cada vez mais
pessoas deixem o carro e utilizem a bicicleta, que não tem custo algum e traz
benefício para o indivíduo e para o meio ambiente por ser um dos poucos meios
de transporte completamente livre de emissões de gases de efeito estufa.
Os impactos negativos alegados pela promotoria
desconsideram o fato de que as ciclovias estão sendo construídas em lugares que
antes eram estacionamento de veículos e canteiros centrais que pouco eram
utilizados pelo pedestre, como o canteiro da Avenida Paulista. O maior
impactado, portanto, é o usuário do transporte individual que, em muitos países
em que a mobilidade urbana funciona, são restringidos de circular em áreas
centrais e desincentivos com a diminuição ou eliminação de vagas de estacionamento.
Parte da ação do MPE afirma que “ainda hoje, o
veículo é o modal de transporte que transporta o maior número de pessoas neste
Município”, o que reflete a visão distorcida sobre a importância de políticas
que não só aumentem a oferta de transporte coletivo, e modais alternativos,
como também restrinjam o uso do carro, para que haja a migração necessária para
salvar as cidades do caos urbano instalado pelo tráfego intenso.
Cada paulistano que sai do carro e sobe na bike
representa uma esperança de São Paulo voltar a ser uma cidade habitada por
pessoas. A ciclovia deve ser aprimorada e sim, estudos são importantes e
necessários, mas não iremos regredir em uma política que tanto benefício traz à
cidade. As famosas faixas vermelhas que ocupam canteiros abandonados e vagas de
carro representam o futuro de uma cidade que volta a ser movida por gente.
* Fabiana Alves é da campanha de Clima e
Energia do Greenpeace Brasil.
Fonte: Greenpeace Brasil
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