Dia Mundial da Alimentação leva à
reflexão sobre o desperdício.
por
Redação do EcoD
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil.
Anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de comida são
desperdiçadas em todo o mundo, o que representa 33% de tudo que é produzido no
planeta, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) [vide infográfico abaixo]. A informação serve de alerta no
Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro.
Com o objetivo de mostrar as causas dessa realidade
e recomendar ações para reduzir o desperdício, foi divulgado o relatório Desperdício e perda de alimentos no
contexto de sistemas alimentares sustentáveis. O documento foi
elaborado por um painel de especialistas apoiados pela Organização das Nações
Unidas (ONU).
Segundo o documento, o desperdício está presente em
toda a cadeia produtiva. Por exemplo, logo no início acontece a falta de
cuidado no manuseio da colheita e depois há o transporte mal programado e
armazenamento inadequado em termos de temperatura e umidade.
Além disso, quando o alimento chega ao consumidor,
seja ele doméstico ou para comércio (restaurantes), as perdas continuam. “Isso
acontece principalmente por costumes já arraigados, como hábito de comprar mais
do que o necessário e falta de planejamento, sendo influenciadas por técnicas
de marketing que encorajam a comprar sempre mais”, afirma o documento.
O desperdício de alimentos também impacta o sistema
econômico, pois gera perdas financeiras e reduz o retorno sobre o investimento;
o social, impedindo o desenvolvimento e o progresso; e o ambiental, com impacto
direto na biodiversidade com uso excessivo dos recursos naturais e geração
exacerbada de lixo, que além de ser um problema de espaço, também gera emissões
de metano, gás do efeito estufa.
Par a diretora executiva da Fundação Grupo
Boticário, Malu Nunes, evitar o desperdício de alimentos é essencial para
diminuir impactos na natureza e, assim, garantir a fonte de alimentos e a
manutenção da vida de todas as espécies, incluindo a humana. “Muitas vezes as
pessoas não fazem esta ligação, mas a biodiversidade é a base para o
desenvolvimento das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais,
que dão origem ao alimento que consumimos”, comenta Nunes.
Alternativas
O relatório da ONU aponta algumas soluções para a
redução do desperdício tanto em nível de produção como de consumo. Segundo o
texto, é preciso investir em tecnologia na colheita e melhoria nas práticas de
armazenamento e transporte. Além disso, é importante contar com o apoio da
indústria alimentícia para que melhorem as informações de validade, consumo e
armazenamento no rótulo dos produtos. Modificar o comportamento do consumidor
também é muito importante, por isso é necessário comunicar diretamente a esse
público os benefícios do consumo equilibrado, ampliando a consciência para a
redução de lixo orgânico.
No Brasil, um movimento que incentiva a utilização
integral dos alimentos é o Gastronomia Responsável, lançado pela Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza em 2010, na capital paranaense, onde conta com
28 restaurantes participantes e que comercializam os chamados ‘pratos
responsáveis’. As receitas que levam esse selo possuem impacto reduzido para o
meio ambiente e seguem os quatro princípios do movimento: aproveitamento
integral dos alimentos, utilizar alimentos orgânicos, usar fornecedores locais
para reduzir a emissão de CO2 e não utilizar espécies ameaçadas de extinção.
Além de ir em um dos 51 restaurantes participantes
– distribuídos em oitos estados do Brasil – e optar pelos pratos responsáveis,
o público pode participar do movimento criando suas próprias receitas e
compartilhando-as no site www.gastronomiaresponsavel.com.br,
que reúne receitas e dicas responsáveis para aproveitamento dos alimentos. “As
cascas dos alimentos, por exemplo, podem ser utilizadas em outros pratos, como
farofas e doces, como é o caso da casca de banana. Por outro lado, as folhas de
legumes, como a beterraba, podem ser utilizados para incrementar saladas”,
indica o chef curitibano Celso Freire, curador do movimento.
Para Malu Nunes, a alimentação responsável é uma
tendência mundial. “Estão surgindo diversas iniciativas estimulando as pessoas
a refletirem sobre a forma com que se alimentam, e esperamos que nesse Dia
Mundial da Alimentação esse movimento se fortaleça”, conclui.
Fonte: EcoD
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