Ação pretende proteger aves
migratórias do Pantanal.
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Redação do EcoD
Talha-mar (Rynchops niger). Foto: Haroldo Palo
Jr/Fundação Boticário.
As aves migratórias necessitam extremamente das
planícies alagadas do Pantanal e de seu ciclo de cheias e secas, tanto para
local de descanso como para reprodução, visto que a região oferece alimento em
abundância. Porém, segundo pesquisa realizada pelo ornitólogo Alessandro
Pacheco Nunes, cerca de 25% das espécies de aves que ocorrem no Pantanal estão
ameaçadas de extinção em outras regiões do Brasil, sendo que 70% delas estão
seriamente em perigo em São Paulo. Um exemplo dessa situação é o tuiuiú (Jabiru
mycteria), ave símbolo do Pantanal que ainda possui populações viáveis na
região, embora já tenha ocorrência reduzida em outras partes do país.
Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre essa
realidade e sensibilizar a população sobre a importância dessas aves, a
Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza realizou, com o apoio do
especialista, uma exposição interativa sobre o assunto.
Desde outubro, os moradores e visitantes de Corumbá
(MS), cidade pantaneira na divisa com a Bolívia, poderão participar de uma
exposição temática e conhecer mais sobre o príncipe (Pyrocephalus rubinus), o
colhereiro (Platalea ajaja), a águia-pescadora (Pandion haliaetus), a marreca-caneleira
(Dendrocygna bicolor) e o talha-mar (Rynchops niger), além do tuiuiú. A
exposição estará disponível até o final de novembro na Estação Natureza
Pantanal, espaço cultural dedicado à natureza pantaneira e mantido pela
Fundação Grupo Boticário em Corumbá.
Conhecer para conservar
A exposição sobre as aves migratórias contará com
cubos interativos, que se acendem com o toque do visitante, iluminando uma
imagem da ave retratada, além de emitir seu canto. Cada um dos cubos apresenta
informações como características físicas, biologia, área de ocorrência, hábitos
e curiosidades de cada espécie.
Além disso, foi projetado um grande mapa com as
rotas das espécies por toda a América. Ao clicar em botões, será possível
visualizar as regiões e a época do ano que aave escolhida se reproduz, nidifica
e descansa. Algumas aves chegam a viajar oito mil quilômetros em oito dias.
“Pretendemos que as pessoas compreendam melhor a
importância do Pantanal num contexto mais amplo de conservação das aves
migratórias. Muitas vezes, a população local e até mesmo os visitantes
frequentes se acostumam a vê-las, mas desconhecem o caminho que tiveram que
percorrer para chegar ao Pantanal ou mesmo a importância que têm no equilíbrio
ecológico”, explica o administrador da Estação Natureza Pantanal, Gustavo
Malheiros.
Segundo ele, é preciso conscientizar a população e
o poder público sobre a importância de proteger essas espécies. “Ações de
educação ambiental para que a comunidade se aproxime da natureza são ótimas
ferramentas. O conhecimento sobre a realidade de conservação do Pantanal e das
espécies que nele ocorrem pode contribuir para que a população cobre melhores
políticas públicas relacionadas ao bioma, como a criação de mais unidades de
conservação ou maior incentivo a pesquisas”, ressalta Malheiros.
Aves migratórias
Para o pesquisador Alessandro Nunes, que é
doutorando pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), é importante
conservar essas espécies. “As aves migratórias fazem uma troca muito grande de
nutrientes entre os hemisférios norte e sul. Além disso, elas se relacionam com
diversas espécies, alimentando-se de algumas e servindo de alimento para
outras, participando intensamente do equilíbrio da biodiversidade”, comenta.
De acordo com ele, as aves também atuam como
reguladores de insetos e invertebrados. “Se mexermos com esse equilíbrio, não
saberemos a consequência que isso pode gerar, por isso é tão importante que as
pessoas saibam da importância desses animais para ajudar em sua conservação”,
conclui.
Exposição permanente
Além da exposição especial sobre as aves
migratórias, a Estação Natureza Pantanal oferece uma mostra permanente sobre a
natureza pantaneira. Localizada em Corumbá (MS) – a 400 quilômetros da capital
Campo Grande – ela ocupa um prédio histórico datado de 1908, às margens do
emblemático Rio Paraguai. O espaço representa uma verdadeira imersão no bioma
pantaneiro, reunindo mais de duas dezenas de elementos interativos com
explicações e fotos de espécies-bandeiras do bioma – como a onça-pintada, o
tuiuiú e o jacaré-do-pantanal – e de seus habitats.
Também é possível ouvir registros de canto e
vocalização de aves típicas do Pantanal, além de conferir uma maquete que
explica o ciclo das águas pantaneiras, entre outras atrações.
Serviço
Endereço: Ladeira José Bonifácio, 111 – Porto Geral – Corumbá (MS).
Telefone: (67) 3231-9100
Horário de funcionamento:
De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às
18h.
Sábados, das 14h às 18h.
Ingressos
Inteiro: R$ 3
Inteiro: R$ 3
Estudantes: R$ 1,50
Moradores de Corumbá e Ladário: R$ 1
Isentos: Maiores de 60 e menores de seis anos / grupos de
instituições públicas agendados com antecedência.
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