A caminho de Paris.
por
Luciano Dantas, do Greenpeace
Diante dos atuais posicionamentos dos países, é
temível que os líderes políticos não cheguem a um acordo de real eficiência.
Foto: © Jeremie Souteyrat/Greenpeace.
A Conferência do Clima das Nações Unidas que
acontecerá em Paris (COP-21), em 2015, pode ser um marco, mas não podemos
marcar bobeira. O acordo a ser assinado em dezembro de 2015 substituirá o
Protocolo de Kyoto, e é visto por muitos como o grande passo para uma
transformação climática no mundo todo. Entretanto, é importante entender que o
caminho para chegar ao novo acordo é de extrema importância. Não basta chegar a
uma conclusão, o modo como ela será elaborada é o que realmente importa.
A disposição dos governos para participar de uma
forma séria e significativa é crucial. Para incentivar a participação, os
negociadores optaram por uma abordagem mais livre, em que os governos passaram
a formular as suas próprias metas, apresentando-as como promessa. Em um cenário
ideal, a soma das metas dos países será justa e suficiente para manter o
aumento da temperatura global abaixo de 2°C, limite máximo para evitar maiores
catástrofes climáticas.
“A verdade é que os governos ainda não se
esforçaram o suficiente ou sequer tentaram se organizar e refletir para
encontrar o melhor caminho para alcançar a meta global de manter o aquecimento
abaixo do limite de 2°C”, afirma Jeffrey Sachs, diretor do Instituto Terra
(Earth Institute, em inglês) da Universidade de Columbia, e da Rede de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Diante dos atuais posicionamentos dos países, é
temível que os líderes políticos não cheguem a um acordo de real eficiência.
Isso faria com que toda a expectativa em cima da COP-21 caísse por terra e
deixasse um gosto de decepção em todos. O acordo entrará em vigor em 2020 e
representa uma oportunidade muito importante para que os governos de todo o
mundo trabalhem juntos e passem a agir para combater o aquecimento global.
Se os governos nacionais não conseguirem
intensificar seu engajamento e aumentar suas ambições até Paris, o mundo pode
estar caminhando para um aumento de temperatura superior a 4°C até 2100,
levando o planeta para um quadro perigoso e irreversível. Por isso, é
fundamental que os líderes reconheçam a importância de criar políticas públicas
nacionais antes da COP-21.
Compromissos nacionais à parte, a estrutura do
acordo a ser assinado na Conferência será muito importante, e uma forma de
fortalecer o objetivo é criação de prêmios e de benefícios especiais aos
“principais atores”. Ou seja, a criação de metas ambiciosas, além de trazer os
benefícios óbvios da redução do aquecimento global, também poderia ser
revertida em vantagens para outras ações.
“Entre os países do G-20, o Brasil é o que possui
mais riquezas naturais. Isso mostra como podemos e devemos assumir um papel de
protagonismo na elaboração do próximo acordo pelo clima”, afirma Barbara Rubim,
campaigner de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Não devemos esperar Paris para resolver este
problema; temos de elevar o envolvimento coletivo e bradar nossas vozes para
exigir medidas decisivas bem antes da COP-21 – e além – porque independente do
que ocorrer em Paris, o planeta grita por transformação climática e energética.
Fonte: Greenpeace
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