‘Economia verde’ requer mudança
no modelo de produção e comportamento do consumidor.
A construção de uma economia verde só será
possível quando houver mudança no modelo de produção adotado pela maioria das
nações e no comportamento do consumidor de classe média. Essa foi a conclusão
tirada da quarta edição do Fórum Global de Crescimento Sustentável
(3GF), que reuniu cerca de 300 líderes de seis países, nos dias 20 e 21/10, em
Copenhague, na Dinamarca.
No último dia de evento, a primeira-ministra da
Dinamarca, Helle Thorning Schmidt, disse que “a construção de economias verdes
não é uma tarefa fácil, e que as nações precisam trabalhar juntas”. Garantir
essa conexão, disse ela, é o que o fórum buscou fazer.
Saiba Mais
Governos de países desenvolvidos e em
desenvolvimento, empresários, instituições financeiras e organizações da
sociedade civil se debruçaram sobre os principais desafios para a construção de
uma economia verde. Copenhague, a cidade mais sustentável do mundo, serviu de
inspiração para dois dias de debates, plenárias, rodadas de conversa e
negociação, que resultaram em onze parcerias a serem aplicadas em diversas
partes do mundo.
Na última plenária do evento, houve consenso de
que o modelo econômico atual, centrado na produtividade a todo custo, precisa
ser mudado. O ex-presidente do México e atual chefe da Comissão Global de
Economia e Clima, Felipe Calderón, disse que quatro medidas precisam ser
adotadas com urgência pelas nações: a redução na emissão de gases de efeito
estufa, a busca de eficiência energética na indústria, o controle da
urbanização e a proteção dos recursos naturais. “Não é uma alternativa, é algo
que precisa ser feito imediatamente”, disse. A boa notícia, segundo ele, é que
é possível garantir crescimento econômico e, ao mesmo tempo, frear as mudanças
climáticas, mas “para isso, grandes mudanças precisam ser feitas”.
O comportamento do consumidor, especialmente o de
classe média, foi alvo de preocupação no fórum. A ministra de Meio Ambiente do
Quênia, Alice Kaudia, enfatizou que o crescimento da classe média e o aumento
do consumo são tendências preocupantes. Ela disse que, “se o comportamento das
pessoas não mudar, se elas não começarem a pensar em reaproveitamento, em uso
racional e em reciclagem, em pouco tempo não vai haver recursos suficientes
para todos”. O presidente do Conselho Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável, Peter Bakker, ressaltou que, se quiserem garantir um mundo
melhor para as futuras gerações, as pessoas terão que reconsiderar alguns
hábitos comuns. “Ter um carro é mesmo a melhor opção? Ou dividir um carro
é um modelo melhor? Os conceitos de propriedade, de compartilhamento, de viver
bem, de felicidade, todos terão que ser reconsiderados”, ressaltou.
Criado em 2011, o Fórum Global de
Crescimento Sustentável conta com a parceria de seis governos: Dinamarca,
China, México, Etiópia, Quênia e Catar. Grandes empresas multinacionais, como
Hyundai, Samsung e Siemens também são parceiras, além de organizações
internacionais, como a Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em
inglês), o Pacto Global das Nações Unidas e a Corporação Financeira
Internacional do Banco Mundial (IFC, da sigla em inglês).
Com o encerramento do fórum, as atenções se
voltam para o Conselho da União Europeia, que deve aprovar, na
próxima quinta-feira (23), um pacote de medidas sobre clima e energia para
os próximos 15 anos, com amplos efeitos sobre os governos dos 28 países-membros
e sobre a indústria. Entre as metas estão a redução em 40% na emissão de gases
de efeito estufa e o aumento da eficiência energética das empresas em no mínimo
30%.
Fonte: Agência Brasil/EBC
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