As vantagens da água de reúso,
artigo de Sergio Werneck Filho.
A economia e o reaproveitamento da água são
preocupações crescentes entre a população. Em São Paulo, medidas de
racionamento de água adotadas nos últimos meses mostraram que o uso irracional
dos recursos hídricos já atinge índices que comprometem o abastecimento e
precisa de soluções eficazes no longo prazo.
Com essa crise hídrica, o tratamento e o descarte
responsável de efluentes no Brasil é muito mais que uma necessidade
operacional. Trata-se de uma obrigação socioambiental. A Resolução Conama 430,
que é uma legislação federal, determina que todos os efluentes gerados por um
empreendimento devem respeitar às normas ambientais de descarte. Há ainda as
normas estaduais, poderia ser ainda mais restritivas. Em São Paulo, por
exemplo, é preciso respeitar o decreto número 8.468, de 1976.
Uma medida que começa a ganhar adeptos no meio
corporativo por ser ecologicamente correta é o reúso de água. Em alguns
empreendimentos, como centros comerciais, condomínios residenciais,
universidades e indústria, a prática, aos poucos, começa a se tornar uma forte
tendência. A grande vantagem da utilização da água de reúso é a preservação da
água potável, que será usada somente para atendimento de necessidades que
exigem a sua potabilidade, como para consumo humano.
Outras vantagens vão desde proteção dos
mananciais, diminuição da demanda por água, menos poluição do ambiente com
produtos químicos, até a redução dos gastos com a compra de água, além da
redução do volume de esgoto descartado e a redução dos custos com água e
esgoto. No caso da indústria, por exemplo, a água utilizada para geração de vapor,
uma utilidade fundamental em algumas linhas de produção, não precisa ser uma
água nobre.
Nestes casos, o reúso é um processo que otimiza
custos e tem impacto positivo direto sobre meio ambiente e, consequentemente,
para a sociedade, já que a água é um recurso que, cada vez mais, tende a se
tornar escasso. Além da utilização para geração de vapor, a água de reúso em
plantas industriais pode ser direcionada para outros procedimentos comuns e
praticamente diários que não requerem potabilidade, como em banheiros (em
mictórios e bacias sanitárias), paisagismo, lavagem de pátios, frotas e peças.
A tecnologia para tratamento é definida a partir
da qualidade do efluente a ser tratado e da qualidade necessária para reúso.
Quando precisa de uma água de menor qualidade e o efluente é de baixa carga, o
processo pode envolver apenas filtragem e cloração. Em processo mais nobres, há
modelos mais sofisticados e várias tecnologias altamente difundidas.
Com o aumento da consciência sobre a escassez dos
recursos hídricos, a utilização de água de reúso começou a ser percebida como
produto. Além de ser ecologicamente correto, ajuda algumas companhias a serem
reconhecidas pela sustentabilidade de suas instalações.
O conceito de Green Building e a certificação
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), desde 2007, mostram a
disseminação e a fomentação destas práticas. Ser sustentável não envolve apenas
o processo de construção, mas também a operação das instalações de tratamento.
E a otimização dos recursos naturais, entre eles os hídricos, é uma das
premissas mais importantes para poder, de fato, ser considerado um
empreendimento sustentável.
O fato é que, com reúso, deixamos de usar água
nobre para fins não potáveis. Em outras palavras, a solução para a escassez de água
existe e pode tornar a operação muito mais sustentável.
* Sérgio Werneck Filho é CEO da Nova Opersan
** Colaboração de Katiuscia Teodoro
Fonte: EcoDebate
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