Guarani-Kaiowás reagem à decisão
do STF.
por
Clarissa Beretz, do Greenpeace
Índio Guarani-Kaiowá protesta em Brasília. Foto:
©Egon Heck/CIMI.
Diante de mais um episódio de violação de seus
direitos constitucionais, lideranças Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul se
mobilizaram em Brasília na terça e na quarta-feira (15) em frente ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
A reação do povo indígena – vítima do maior
genocídio étnico em curso no País e que há décadas luta pela demarcação de suas
terras – se dá pela recente anulação do STF da Portaria 3219 que, em 2009,
reconheceu a Terra Indígena Guyraroká como de ocupação tradicional. “Ou o
governo e a Justiça demarcam nossas terras ou que nos enterrem de vez nelas”,
declarou a liderança Ava Jeguaka Rendy’ju. A homologação pela presidente da
República, Dilma Rousseff, é o único procedimento administrativo que faltava
para finalizar o a demarcação da TI Guyraroká.
“A coisa está tão absurda que hoje querem nos
penalizar por termos sido expulsos de nossos territórios. Nos expulsaram de nossa
terra à força e agora dizem que não estávamos lá em 1988 e por isso não podemos
acessar nossos territórios?”, questiona a liderança Ava Kaaguy Rete.
Vítimas dos projetos de colonização, os Guarani
Kaiowá de Mato Grosso do Sul foram expulsos de suas terras tradicionais e
confinados em oito pequenas reservas. Desse processo resultam os graves
conflitos com fazendeiros armados, mortalidade infantil, saúde precária e uma
altíssima taxa de suicídios (73 casos em 2013, de acordo com dados da
Secretaria Especial de Saúde Indígena) e homicídios (62% dos casos de
assassinatos de indígenas no Brasil ocorreram em MS).
As lideranças Guarani protocolaram nesta quarta um
memorial sobre o contexto histórico e a situação de extrema vulnerabilidade a
que está submetido seu povo no Mato Grosso do Sul (MS).
Na terça-feira, elas entregaram duas cartas – uma
da Aty Guasu (Grande Assembleia Guarani-Kaiowá) e outra da comunidade Kurusu
Ambá – nos gabinetes dos 10 ministros do STF a fim de reivindicar a garantia do
direito às suas terras tradicionais.
Saiba mais sobre os Guarani Kaiowá aqui.
Fonte: Greenpeace
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