‘O meu desperdício é a privação
do consumo do outro’. Entrevista com Altivo de Almeida Cunha.
“É uma situação que ninguém ganha e todos perdem.
Ainda assim, poucas são as iniciativas articuladas para enfrentar a questão,
pois atacar a questão das perdas implica reestruturar a forma de organização da
produção. No entanto, é interessante observar que a questão das perdas de
alimentos chama mais atenção hoje nos países mais ricos da Europa e nos Estados
Unidos do que no Brasil”, informa o engenheiro agrônomo.
Foto:
portalcatalao.com.br
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“No Brasil, a etapa pós-colheita, que
envolve estocagem, manuseio, pré-processamento, embalagem e transporte, é onde
ocorre a maior parte das perdas de alimentos em termos quantitativos.
Mas o que é importante entender na questão das perdas agrícolas é que estas não podem ser
analisadas de forma segmentada. Produtos colhidos de forma incorreta, ou fora
do tempo ideal de colheita, dificultam o acondicionamento; mal acondicionados,
estão expostos a maiores danos no transporte. Os maiores gargalos de
infraestrutura produtiva brasileira referem-se às condições de armazenagem e
transporte. Produtos que sofrem danos adicionais no transporte levam não só à
perda direta, quantitativa, mas a relevantes perdas qualitativas e parciais nos
produtos, que perdem seu valor comercial ou têm diminuída sua vida útil; ou
seja, têm aumentada a sua perecibilidade, levando a maiores perdas nas etapas
de atacado, varejo e, principalmente, no consumo final”, afirma Altivo de
Almeida Cunha.
Nesta entrevista, concedida por e-mail à IHU
On-Line, o engenheiro agrônomo e doutor em Economia explica que as perdas
de alimentos estão associadas a limitações e falhas do sistema de organização
da produção, distribuição e preparo dos produtos, enquanto o desperdício
alimentar está associado às atitudes e comportamentos, individuais ou
coletivos. “Na base do desperdício, ou de sua redução, está a identificação dos
valores dos alimentos, do esforço social e natural envolvido em sua produção e
das possibilidades de aproveitamento integral de suas propriedades. A questão
do desperdício é também uma questão de respeito à sociedade, de forma que o meu
desperdício é a privação do consumo do outro. É interessante observar que
sociedades com elevado Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e que
valorizam o desenvolvimento comunitário, como no caso dos países nórdicos, são
muito mais intolerantes com o desperdício do que países pobres e desiguais”,
pondera.
O pesquisador também avalia as políticas agrícolas
baseadas unicamente no aumento da produtividade bruta por hectare cultivado,
destacando que tal busca pela produtividade “representa um enorme esforço
tecnológico e organizacional, de trabalho, esforço econômico e energético e de
pressões ambientais que podem ter como consequências diretas a exclusão de
produtores, a diminuição da renda líquida rural, a concentração fundiária e a
perda de material genético de espécies nativas ou crioulas. Este não precisa
ser o preço da produção de alimentos no mundo. A contradição fundamental das
estratégias baseadas unicamente no aumento da produtividade equivale à imagem
de um superatleta forjado para correr 100 metros em sete segundos que volta 30
metros e corre de novo para compensar as perdas.
Valorizar a produção e o consumo de alimentos
locais através de sistemas adaptados de distribuição é uma forma que está
progressivamente sendo adotada na Europa para aumentar a oferta de alimentos de
qualidade e diminuir perdas. É necessário conjugá-la com maior eficiência
produtiva, onde o ganho de produtividade é um dos fatores, mas não o único para
atingir este objetivo”.
Foto: stagiositiodosherdeiros.blogspot.com.br
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Altivo Roberto Andrade de Almeida Cunha é engenheiro agrônomo formado
pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ, da
Universidade de São Paulo – USP, e doutor em Economia pela Universidade
Estadual de Campinas – UNICAMP. É consultor do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento – PNUD e da Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura – FAO/ONU para o tema abastecimento
alimentar. É coordenador acadêmico do curso de pós-graduação em Gestão de
Sistemas Agroalimentares do Centro Universitário de Sete Lagoas –
UNIFEMM/UniceasaCentro de Educação Profissional, de Minas Gerais.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual é a origem da crise alimentar
que atingiu o planeta em 2007? Que regiões foram as mais atingidas?
Altivo de Almeida Cunha - Crises globais ocorrem como uma
reação em cadeia de fatores estruturais críticos, deflagrados por fatores
conjunturais e geralmente potencializados por erros de política pública, seja
por omissão ou por respostas equivocadas. Estes elementos estavam presentes na
crise dos alimentos de 2007. A mudança progressiva no padrão de consumo
alimentar de um mundo em crescimento econômico, principalmente o aumento de
consumo de proteínas animais, que consomem uma quantidade expressiva de grãos,
elevou estruturalmente a demanda por alimentos. O deslocamento da produção de
grãos para uso na fabricação de rações animais e também para produção de
biocombustíveis, como no caso do etanol norte-americano à base de milho, criou
novos e importantes destinos para a produção de grãos, antes direcionada ao
consumo direto. A oferta global ainda sofreu reveses de diversos eventos
relacionados à mudança climática — secas e enchentes — em países produtores.
Produtos escassos, com custo de produção elevado pelos altos preços do
petróleo, completaram o quadro de restrição de oferta e elevação de preços.
“O livre comércio internacional de alimentos é
apenas uma figura de linguagem, pois se trata de troca entre desiguais, com
condições desiguais que favorecem os atores economicamente mais poderosos”
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Dois aspectos relacionados às políticas
agrícolas nacionais, e interligadas pelo comércio mundial, agravaram de
forma determinante a situação. A dependência de alguns países com grande
população de baixa renda dos estoques mundiais pressionou ainda mais o preço
dos alimentos, com impactos perversos para estes consumidores de baixa renda.
Os mecanismos de financiamento futuro da produção, que em situações de
estabilidade são alternativas importantes de estímulo à produção, tiveram um
papel muito forte de acirramento da crise, como acontece quando as expectativas
se descolam do mundo real e a incerteza se torna especulação.
A demanda crescente por alimentos, custos de
produção elevados, novos destinos de consumo da produção agrícola, estoques
baixos em países com grandes populações economicamente vulneráveis, quebra de
oferta decorrente de mudanças climáticas como elemento de incerteza adicional e
forte especulação resultaram em preços dos alimentos em patamares sem
precedentes em escala global. A situação só foi atenuada, ou postergada, porque
outra crise, a crise financeira de 2009, impactou fortemente o consumo e o
preço dos insumos.
Os países que não tinham uma política agrícola de
armazenagem e abastecimento, e que têm uma proporção significativa de população
com baixa renda, foram fortemente afetados, como no Sudeste asiático, na
África subsaariana e no mundo árabe, bem como regiões subnacionais na América
Latina andina e na América Central. A situação foi tão grave que os
representantes do Programa Mundial de Alimentos – PMA das Nações
Unidas declararam que a falta de alimentos era comparável a um enorme
tsunami silencioso que poderia afundar na fome 100 milhões de pessoas. É uma figura
de imagem bem forte que dá a dimensão da crise.
IHU On-Line – De que forma esta crise poderia ter
sido evitada? Há possibilidade de novas ocorrências?
Altivo de Almeida Cunha – Infelizmente, para muitos
governos, planejar e prevenir crises são ações que geralmente ocorrem depois de
desastres, e em muitos casos as lições só são aprendidas depois de tragédias
sucessivas e forte reação da sociedade. A lição que deveria ser aprendida é que
não é possível depender estrategicamente apenas dos estoques mundiais, ou seja,
contar somente com o comércio internacional. É necessário que as nações tenham
políticas de segurança alimentar consistentes e também que tenham mecanismos de
compensação de preços para a população economicamente mais vulnerável. Neste
último caso, Brasil e México são bons exemplos.
IHU On-Line – Qual é o comportamento das agências
internacionais diante da crise? De que forma as análises realizadas por estas
organizações sobre as causas do desequilíbrio estão relacionadas com os
interesses das grandes companhias privadas?
“É necessário que as nações
tenham políticas de segurança alimentar consistentes e mecanismos de
compensação de preços para a população economicamente mais vulnerável”
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Altivo de Almeida Cunha – Órgãos internacionais
importantes, como a FAO, o PMA, o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente – PNUMA, o Banco Mundial e o Fundo
Monetário Internacional – FMI, demonstraram na época da crise alimentar uma
preocupação muito grande por seu caráter potencialmente devastador. Os líderes
destas instituições chegaram a discutir uma espécie de política alimentar
global articulada, tese promovida pela França, que acabou sendo deixada
de lado pela crise financeira. O alerta motivou a icônica revista The Economist
a promover um importante debate em 2011 intitulado “9 billion question”,
sobre os dilemas e alternativas para alimentar um mundo com 9 bilhões de
pessoas em 2050. Geralmente as organizações internacionais analisam
macropolíticas e fluxo internacional, de forma que pouco se enfatizou sobre o
papel das grandes companhias agroalimentares e dos grandes brokers que
controlam de forma concentrada a oferta global de grãos.
IHU On-Line – As grandes corporações privadas
recebem subsídios nos seus países de origem e têm seus mercados protegidos
pelos governos. De que forma esta situação dialoga com o preceito neoliberal de
abertura dos mercados transnacionais à ação do capital?
Altivo de Almeida Cunha - Os países desenvolvidos têm
mecanismos de proteção aos seus sistemas agroalimentares nacionais há mais de
50 anos, privilegiando seus produtores e as atividades de suas corporações
privadas agroindustriais em escala global. As políticas agrícolas dos Estados
Unidos, da União Europeia e do Japão são baseadas em diversas
fontes de estímulo que combinam estímulos tecnológicos e creditícios e elevados
níveis de subsídio, lançando mão de barreiras tributárias e não tributárias
significativas. Poucos países e, dentro destes, poucas regiões produtoras e,
nestas, poucos produtores conseguem atuar no mercado mundial. O Brasil
tem uma importante inserção nos mercados internacionais de commodities, mas o
número de produtores rurais brasileiros que têm acesso a este mercado é bem
restrito no universo de mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais
brasileiros. O livre comércio internacional de alimentos é apenas uma figura de
linguagem, pois se trata de troca entre desiguais, com condições desiguais que
favorecem os atores economicamente mais poderosos.
IHU On-Line – Qual é a relevância das perdas
ocorridas nos processos de produção e, principalmente, de distribuição de
alimentos para a crise mencionada?
Altivo de Almeida Cunha – Um extensivo estudo divulgado
pela FAO recentemente, elaborado pelos maiores especialistas mundiais, e
que contou com a participação de um pesquisador brasileiro, o professor Walter
Belik, da Unicamp, estimou que cerca de 1,3 bilhão de toneladas de
alimentos são perdidos por ano em todo o mundo. A estimativa é dramática se
considerarmos que este montante equivale a praticamente 30% do total de
alimentos produzidos no mundo. Perde-se anualmente, em todos os tipos de
produtos alimentares, um montante que é 6,6 vezes superior a toda a produção
anual brasileira de grãos, uma das maiores do mundo.
O estudo citado apontou que, no Brasil, a
etapa pós-colheita, que envolve estocagem, manuseio, pré-processamento,
embalagem e transporte, é onde ocorre a maior parte das perdas de alimentos em
termos quantitativos. Mas o que é importante entender na questão das perdas
agrícolas é que estas não podem ser analisadas de forma segmentada. Produtos
colhidos de forma incorreta, ou fora do tempo ideal de colheita, dificultam o
acondicionamento; mal acondicionados, estão expostos a maiores danos no
transporte. Os maiores gargalos de infraestrutura produtiva brasileira
referem-se às condições de armazenagem e transporte. Produtos que sofrem danos
adicionais no transporte levam não só à perda direta, quantitativa, mas a
relevantes perdas qualitativas e parciais nos produtos, que perdem seu valor
comercial ou têm diminuída sua vida útil; ou seja, têm aumentada a sua
perecibilidade, levando a maiores perdas nas etapas de atacado, varejo e,
principalmente, no consumo final. Perdem todos: os produtores, que têm sua
renda rebaixada, perdem o atacado e o varejo e perdem os consumidores,
atingindo mais duramente os mais pobres.
Perde o meio ambiente e a natureza. As perdas podem
ser medidas em toneladas de alimentos, mas também poderiam ser expressas em
metros cúbicos de água ou em kilocalorias. É uma situação que ninguém ganha e
todos perdem. Ainda assim, poucas são as iniciativas articuladas para enfrentar
a questão, pois atacar a questão das perdas implica reestruturar a forma de
organização da produção. No entanto, é interessante observar que a questão das
perdas de alimentos chama mais atenção hoje nos países mais ricos da Europa
e nos Estados Unidos do que no Brasil.
“A mudança progressiva no padrão de consumo
alimentar, principalmente o aumento de consumo de proteínas animais, elevou
estruturalmente a demanda por alimentos”
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IHU On-Line – Quais são as consequências da opção
feita pelas políticas agrícolas de visar o aumento da produtividade bruta por
hectare cultivado em detrimento do incremento da oferta líquida de alimentos ao
consumidor final?
Altivo de Almeida Cunha – Esta é uma questão fundamental,
que espelha a prevalência de uma visão segmentada do sistema alimentar. O
aumento progressivo e contínuo da produtividade agrícola representa um enorme
esforço tecnológico e organizacional, de trabalho, esforço econômico e
energético e de pressões ambientais que podem ter como consequências diretas a
exclusão de produtores, a diminuição da renda líquida rural, a concentração
fundiária e a perda de material genético de espécies nativas ou crioulas. Este
não precisa ser o preço da produção de alimentos no mundo. A contradição
fundamental das estratégias baseadas unicamente no aumento da produtividade
equivale à imagem de um superatleta forjado para correr 100 metros em sete
segundos que volta 30 metros e corre de novo para compensar as perdas.
Valorizar a produção e o consumo de alimentos locais através de sistemas
adaptados de distribuição é uma forma que está progressivamente sendo adotada
na Europa para aumentar a oferta de alimentos de qualidade e diminuir perdas. É
necessário conjugá-la com maior eficiência produtiva, onde o ganho de
produtividade é um dos fatores, mas não o único para atingir este objetivo.
IHU On-Line – Que distinção pode ser feita entre
perdas alimentares e desperdício alimentar?
Altivo de Almeida Cunha – Perdas de alimentos são
resultado de limitações e falhas do processo de organização da produção,
distribuição e preparo destes produtos. Sempre existirá uma taxa de perdas,
enquanto o processo de produção for um processo de crescimento biológico em
condições naturais baseadas no uso da terra. E esperamos que seja sempre assim.
Alguns produtos originalmente agroindustriais mudaram sua base produtiva para a
indústria química (por exemplo, adoçantes, corantes e em parte os tecidos), mas
os produtos de base natural têm vantagens em termos de saúde e também em termos
de representação social e comunitária. Uma coisa é tomar um bom café com leite,
adoçado com rapadura. A outra é tomar um café descafeinado, com leite
deslactosado e desnatado com adoçante zero calorias.
O desperdício alimentar é resultado de atitudes e
comportamentos, individuais ou coletivos, que envolvem o conhecimento de
técnicas de aproveitamento e preparo dos alimentos, bem como o reconhecimento
dos valores sociais dos alimentos. No Brasil, a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul implementou um curso pioneiro de pós-graduação em sociologia
da alimentação que aborda de forma multidisciplinar estas questões. Na base do
desperdício, ou de sua redução, está a identificação dos valores dos alimentos,
do esforço social e natural envolvido em sua produção e das possibilidades de
aproveitamento integral de suas propriedades. A questão do desperdício é também
uma questão de respeito à sociedade, de forma que o meu desperdício é a
privação do consumo do outro. É interessante observar que sociedades com
elevado Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e que valorizam o
desenvolvimento comunitário, como no caso dos países nórdicos, são muito mais
intolerantes com o desperdício do que países pobres e desiguais.
“A dependência de alguns países
com grande população de baixa renda dos estoques mundiais pressionou ainda
mais o preço dos alimentos, com impactos perversos para consumidores de baixa
renda”
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IHU On-Line – Grosso modo, quais são os alimentos
mais afetados?
Altivo de Almeida Cunha – Os produtos que são afetados por
maiores perdas são aqueles que têm maior perecibilidade fisiológica e maior
suscetibilidade à manipulação, o que é mais intenso nos produtos frescos, como
hortigranjeiros e carnes. Um aspecto curioso é que a questão da perecibilidade
é muito pouco explorada no caso dos produtos hortigranjeiros no Brasil. Há
algum tempo, desenvolvi com um agrônomo da Ceasaminas, Gustavo Almeida,
uma tabela experimental de perecibilidade de 34 frutos e hortaliças, baseada na
taxa de respiração vegetal e na firmeza dos frutos, cientificamente mensuradas,
e na interação entre estes fatores. A ideia foi identificar quais produtos em
condições similares de “prateleira” são mais perecíveis. Os produtos avaliados
por este método que têm maiores índices de perecibilidade são abacate, banana,
morango, goiaba, couve-flor, pêssego e mamão. Os mais duráveis são abóbora,
coco verde, abacaxi e pepino.
A informação é relevante para os consumidores
urbanos que perderam o conhecimento da relação biológica dos alimentos e pode
embasar ações de educação alimentar para evitar perdas e desperdícios,
bem como auxiliar o desenvolvimento de formas mais eficientes para processar,
distribuir, comercializar e consumir estes produtos.
IHU On-Line – Quais são as principais alternativas
para ampliar o acesso ao alimento e à nutrição em nossa sociedade atual?
Altivo de Almeida Cunha – Esta é uma questão complexa e
que envolve uma multiplicidade de ações, estratégias públicas (não
necessariamente estatais) e também de políticas públicas.
Os programas de Segurança Alimentar na
perspectiva ampliada (como define a FAO) envolvem iniciativas de
promoção da produção que incluem, além da quantidade, a valorização da produção
familiar e local, a produção com manejo ambientalmente adequado, a sanidade e
inocuidade dos alimentos e a busca da qualidade. Incluem também os programas de
transferência condicionada de renda, como o Bolsa Família, e uma série
de iniciativas de acesso físico à alimentação, como sacolões regulamentados nas
cidades, restaurantes populares e os bancos de alimentos. Os bancos de
alimentos representam uma estratégia que hoje tem difusão mundial e são
considerados um equipamento importante para o enfrentamento de crises
econômicas para populações vulneráveis. Só no Reino Unido, por exemplo,
mais de meio milhão de cidadãos são assistidos por bancos de alimentos. Outra
estratégia fundamental da Segurança Alimentar são as iniciativas de
educação alimentar e promoção do consumo saudável. Enfim, há um grande rol de
iniciativas, mas o aspecto fundamental é que elas estejam articuladas sob um
mesmo conceito ordenador, nucleador de Segurança Alimentar, para não incorrer
no mesmo dilema do velocista que é obrigado a voltar para recuperar o terreno
perdido.
Por Luciano Gallas
Fonte: IHU On-line
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