Relatório
apoiado por agência da ONU mapeia cobertura do tráfico de pessoas na imprensa
brasileira.
Com 655 casos de tráfico humano
cobertos pela imprensa brasileira entre 2006 e 2013, relatório da ONG “Repórter
Brasil” aponta para a forma inadequada com que o problema é frequentemente
tratado pela mídia.
Na última sexta-feira (11), a Secretaria Nacional de
Justiça e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) participaram dos
lançamentos do relatório “Tráfico de Pessoas na Imprensa Brasileira” e do guia
“Tráfico de Pessoas em Pauta”, com referências e informações sobre a abordagem
do tema pela mídia do país.
Segundo o levantamento, entre janeiro de 2006 e
julho de 2013, houve um total de 655 matérias relacionadas ao tráfico de
pessoas na imprensa nacional. Dos cinco jornais pesquisados, o Correio
Braziliense teve o maior número de ocorrências (32%), seguido por Folha de S.
Paulo (26%), o Globo (23%), o Estado de São Paulo (16%) e Valor Econômico (3%).
O documento ressalta, entretanto, a forma
inadequada com que muitos casos são tratados, mencionando, por exemplo, que o
emprego aleatório de expressões e palavras compromete a veracidade dos fatos,
fomenta a invisibilidade das violações aos direitos humanos e eleva os
estereótipos e preconceitos.
O relatório alerta ainda para textos que
descrevem operações policiais e de fiscalização em que os autores incluem
informações sobre detenção e deportação, sem questionar se estes procedimentos
são compatíveis nos casos de violações de direitos humanos. Nestes casos, a
vítima deportada já está sendo automaticamente criminalizada.
Do total de notícias sobre tráfico de pessoas,
43% descrevem o fato exclusivamente a partir da perspectiva criminal. A
restrição do tráfico de seres humanos aos seus aspetos penais impede o
entendimento global acerca da complexidade do fenômeno, que é também social.
Outro problema identificado na imprensa foi a
falta de acompanhamento da vida da vítima após a situação do tráfico, sua
reinserção social, econômica ou psicológica, com o objetivo de compreender as
causas do problema e reduzir as possibilidades de reincidência.
O guia, publicação técnica para jornalistas,
aponta para os conceitos fundamentais sobre o tráfico de pessoas, oferece
recomendações e dicas, destaca mitos sobre o tema presentes nos meios de
comunicação e termos adequados para abordar o tráfico de pessoas.
Acesse o Relatório clicando aqui e o Guia clicando aqui.
Fonte: ONU
BR
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