sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Relatório apoiado por agência da ONU mapeia cobertura do tráfico de pessoas na imprensa brasileira.
Com 655 casos de tráfico humano cobertos pela imprensa brasileira entre 2006 e 2013, relatório da ONG “Repórter Brasil” aponta para a forma inadequada com que o problema é frequentemente tratado pela mídia.
Imagem: Reprodução

Na última sexta-feira (11), a Secretaria Nacional de Justiça e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) participaram dos lançamentos do relatório “Tráfico de Pessoas na Imprensa Brasileira” e do guia “Tráfico de Pessoas em Pauta”, com referências e informações sobre a abordagem do tema pela mídia do país.

Segundo o levantamento, entre janeiro de 2006 e julho de 2013, houve um total de 655 matérias relacionadas ao tráfico de pessoas na imprensa nacional. Dos cinco jornais pesquisados, o Correio Braziliense teve o maior número de ocorrências (32%), seguido por Folha de S. Paulo (26%), o Globo (23%), o Estado de São Paulo (16%) e Valor Econômico (3%).

O documento ressalta, entretanto, a forma inadequada com que muitos casos são tratados, mencionando, por exemplo, que o emprego aleatório de expressões e palavras compromete a veracidade dos fatos, fomenta a invisibilidade das violações aos direitos humanos e eleva os estereótipos e preconceitos.

O relatório alerta ainda para textos que descrevem operações policiais e de fiscalização em que os autores incluem informações sobre detenção e deportação, sem questionar se estes procedimentos são compatíveis nos casos de violações de direitos humanos. Nestes casos, a vítima deportada já está sendo automaticamente criminalizada.

Do total de notícias sobre tráfico de pessoas, 43% descrevem o fato exclusivamente a partir da perspectiva criminal. A restrição do tráfico de seres humanos aos seus aspetos penais impede o entendimento global acerca da complexidade do fenômeno, que é também social.

Outro problema identificado na imprensa foi a falta de acompanhamento da vida da vítima após a situação do tráfico, sua reinserção social, econômica ou psicológica, com o objetivo de compreender as causas do problema e reduzir as possibilidades de reincidência.

O guia, publicação técnica para jornalistas, aponta para os conceitos fundamentais sobre o tráfico de pessoas, oferece recomendações e dicas, destaca mitos sobre o tema presentes nos meios de comunicação e termos adequados para abordar o tráfico de pessoas.


Fonte: ONU BR

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