Empreendedor de negócios com
impacto social.
por
Marcus Nakagawa*
Foto: Divulgação
Atualmente as questões sociais estão tendo
relevância cada vez maior no Brasil. As manifestações em 2013 em prol da saúde,
educação, transporte e mobilidade, moradia, entre outros, acabaram se
chocando com a realidade do padrão FIFA de qualidade da Copa do Mundo de 2014.
Muitos achavam que não era possível realizar um evento deste porte envolvendo
tantos recursos e cidades do país. A ideia aqui não é discutir este confronto,
mas sim a grande mobilização e a visibilidade dos temas sociais do nosso país,
seja de uma forma pejorativa ou construtiva.
A resolução destes temas está criando novas
oportunidades de negócios e carreiras para aqueles empreendedores que querem
realizar algo inovador e que tenha a ver com os seus valores pessoais. Um
destes caminhos é desenvolver empresas ou organizações que façam negócios com
impacto social.
Este tipo de negócio somado com o tema das finanças
sociais foram debatidos durante dois dias em maio deste ano, durante o primeiro
Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, realizado na cidade
de São Paulo. Com o principal objetivo de fortalecer o ecossistema destas
atividades no Brasil, o evento trouxe muitos exemplos, casos de sucesso e
pensadores sobre o tema.
É um movimento que está em constante crescimento e
já existem muitos empreendedores neste estilo de vida, uma mescla de técnicas
de negócios com melhorias sociais e valores pessoais.
Segundo Janelle Kerlin, professora da Universidade do Estado da Geórgia, o conceito de negócio
com impacto social incluiria qualquer atividade empresarial que tenha impacto
social dentro de sua ação de negócios. Eles podem assumir diferentes formas
jurídicas: corporações, empresas limitadas e organizações sem fins lucrativos.
Diferentemente da ideia de negócios sociais do
Nobel da Paz Muhammad Yunus, que considera que existem dois tipos de empresas
sociais: o primeiro é o de empresas cujo foco é proporcionar um benefício
social, em vez da maximização dos lucros para os proprietários. O segundo tipo
de empresa social funciona de modo bem diferente: são as que visam a
maximização dos lucros e pertencem a pessoas pobres ou desprovidas de recursos.
Nos dois casos são empresas necessariamente com fins de lucro.
Mais do que os conceitos e terminologias, esta nova
forma de se lidar com a gestão e o empreendedorismo pensando em resolver
problemas do mundo é a grande mudança. O que gera nos líderes, gestores e
empreendedores a oportunidade de realizar algo com as competências técnicas
aprendidas na Academia, juntamente com a sua crença e valores pessoais.
Um ótimo exemplo também é a marca de tênis Vert
que, além de bonitos e confortáveis, são desenvolvidos em Paris e fabricados no
Brasil, como diz na própria etiqueta. A sua preocupação com o meio ambiente na
fabricação, no material, no ponto de venda, e a aposta no comércio justo já
rendeu um faturamento de mais de R$ 18 milhões por ano. A empresa criada por
dois franceses lançada na Europa em 2004, possui uma fábrica em Novo Hamburgo
(RS). Apesar de vários anos no mercado só passou a ser vendido no Brasil em
outubro de 2013. Os tênis tem como base o algodão orgânico do semiárido
nordestino e a borracha da região amazônica do Acre. A compra é feita
diretamente com os produtores, fazendo com que estes recebam até 65% acima do
valor de mercado por não ter intermediários. Este é um dos exemplos dos
processos sustentáveis na empresa e que ajudam os problemas sociais realizando
o desenvolvimento territorial real diretamente com a sua população. Atualmente,
a empresa já possui um portifólio de 42 calçados e a produção anual em 100 mil
pares no ano de 2013. Isso é aliar negócios com questões sociais e ambientais.
Para reforçar ainda mais esta tendência, temos
ações de grandes empresas como a Unilever que fez recentemente uma chamada
parao Prêmio Unilever de Sustentabilidade, voltado para Jovens Empreendedores,
para incentivar jovens a buscar soluções inovadoras por meio de produtos,
serviços ou aplicações sustentáveis e com potencial para ganhar escala, que
tenham o objetivo de reduzir impactos ambientais, melhorar a saúde e o
bem-estar das pessoas ou melhorar suas condições de vida e trabalho,
considerando a de mudanças em seus hábitos ou práticas.
É isso aí, vamos juntar cada vez mais
empreendedorismo, negócios e impacto social. E você, qual problema do mundo vai
ajudar a resolver?
* Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor;
professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps;
e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida. www.marcusnakagawa.com
Fonte: ENVOLVERDE
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