quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Educação: obras na gestão de Lindbergh ficaram 4 anos paradas.

Candidato do PT iniciou construções em Nova Iguaçu, mas nunca inaugurou.
Fachada da Escola Municipal Leonel de Moura Brizola, no bairro Austin, em Nova Iguaçu - / Cássio Bruno

RIO — O candidato do PT ao governo do Rio, o senador Lindbergh Farias, que promete construir cem Centros Integrados de Educação Pública (CIEPS) se eleito, iniciou a construção de apenas duas escolas durante sua gestão como prefeito em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (2005 a 2010).

No entanto, as obras ficaram paralisadas por quatro anos e só foram reiniciadas e inauguradas na gestão de sua sucessora, a ex-prefeita Sheila Gama (PDT).

Em seu programa de governo, Lindbergh se inspira no projeto implantado pelo ex-governador Leonel Brizola (PDT), morto em 2004. A proposta é oferecer educação em tempo integral com atividades técnicas e profissionalizantes, chamado de “Cieps do Século XXI".

Lindbergh iniciou as obras do novo prédio da Escola Municipal França Carvalho, no bairro da Posse, com 380 alunos, no início do mandato. No total, a unidade, orçada em R$ 1,2 milhão, ficaria pronta em 2006. Mas os trabalhos foram suspensos e a prefeitura informou que foi preciso “alterar o projeto".

INAUGURAÇÃO TARDIA

Pais, mães e os estudantes protestaram contra a paralisação porque os alunos assistiam aula em outro local, cujas condições eram precárias. A escola foi inaugurada em 17 de dezembro de 2010, quando Lindbergh já havia deixado o governo para concorrer ao Senado naquele ano.

Com 1.233 estudantes, a Escola Municipal Leonel de Moura Brizola, no bairro de Austin, teve o mesmo problema. As obras foram interrompidas por quatro anos, e a inauguração só ocorreu em 7 de maio de 2011, com a participação da então prefeita Sheila Gama e do ex-ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, atual candidato ao Senado pelo PDT.

Procurado pelo GLOBO, Lindbergh, por meio de sua assessoria de imprensa, não explicou as razões dos atrasos das obras nas duas escolas.

BAIRRO-ESCOLA FOI ‘FRACASSO DE UMA BOA IDEIA’

O site oficial de campanha do candidato do PT ao governo do Rio destaca: “Educação: pioneirismo de Lindbergh em Nova iguaçu”. O texto diz que, “em 2005, o município tinha 113 escolas”. Em 2010, ao fim do segundo mandato do então prefeito, “o município contava com 124 unidades”. Na verdade, a diferença ocorreu porque, segundo a assessoria de imprensa do petista, colégios estaduais e creches privadas foram municipalizadas. Ou seja: passaram a ser administradas pela prefeitura.

Além do ritmo lento de construção de escolas, a gestão de Lindbergh na educação recebeu críticas pelo programa que o petista vende como uma de suas vitrines: o Bairro Escola. Em estudo divulgado em 2011, a professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lena Lavinas e a doutora em Educação Azuete Fogaça concluem que o projeto não atingiu as metas previstas na gestão do petista.

APENAS 25 UNIDADES

Intitulado “Programa Bairro-Escola: o fracasso de uma boa ideia”, o trabalho concluiu que, em 2008, no fim do primeiro mandato de Lindbergh, apenas 25 das 102 escolas da cidade estavam no programa há, no mínimo, oito meses, quando a meta proposta pelo então prefeito era chegar a todas as unidades.

Na época, o objetivo do Bairro-Escola era implantar o horário integral, oferecer atividades extraclasses e realizar obras de urbanização nas proximidades dos colégios. Mas, de acordo com o estudo, dos 13.396 alunos das 25 escolas, só 2.844 participavam do horário integral — dois em cada dez alunos. Levando-se em consideração toda a rede, isso representava menos de 7%, em 2008.

Em nota, Lindbergh afirmou que o estudo “foi baseado em dados coletados no momento em que o programa ainda estava sendo implantado e, portanto, não tinha atingido plenos resultados”. Segundo o candidato, o Bairro-Escola “atingiu todas as escolas municipais e oferecia ensino em horário integral para mais de 49 mil estudantes (97% do total)”.

O petista lembrou ainda que uma das autoras, Lena Lavinas, “foi secretária municipal de Ciência e Tecnologia na gestão de Lindbergh e, depois, rompeu com seu grupo político”.

Fonte: O GLOBO

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