Pesquisa da Poli/USP propõe
técnica para identificar áreas suscetíveis a deslizamentos de terra.
Uma metodologia criada por um doutorando da
Escola Politécnica (Poli) da USP pode ajudar a Defesa Civil a identificar
pontos de deslizamento de terra em rodovias e mitigar possíveis acidentes
nesses locais. A ferramenta utiliza imagens gratuitas tomadas por satélite como
o Landsat para gerar mapas de relevo e de cobertura do solo e identificar
cicatrizes de deslizamentos já ocorridos, bem como áreas com maior potencial de
deslizamento. O estudo foi validado na cicatriz de um deslizamento ocorrido na
Serra do Mar em 1999, no quilômetro (km) 42 da Via Anchieta, em São Paulo.
Ferramenta usa imagens de satélite para gerar
mapas de relevo e de cobertura do solo.
“A metodologia pode aumentar a capacidade dos
órgãos responsáveis de definir planos de gestão e monitoramento de riscos, pois
se refere à avaliação do risco daquele deslizamento que já ocorreu próximo a
uma rodovia e pode acarretar mais problemas. Pode ser útil, principalmente, em
lugares em que as estradas são menos movimentadas e onde a Defesa Civil é menos
equipada”, resume o engenheiro ambiental Luiz Manfré, autor do trabalho.
A novidade é o desenvolvimento de uma ferramenta
eficaz com base em dados gratuitos — pois um dos grandes desafios desse tipo de
monitoramento é o custo e a existência das imagens de satélite. “Há vários
satélites fazendo imagens da Terra, mas elas são muito caras, principalmente as
de alta resolução. Por outro lado, há uma série de imagens gratuitas com uma
resolução suficiente, como as do satélite Landsat, disponibilizadas pelo
Serviço Geológico Norte-americano (USGS)”, explica Manfré.
Feições de relevo
Além das imagens do Landsat, Manfré utilizou
ainda dados derivados da Missão Topográfica Radar Shuttle (SRTM) e do TOPODATA
(Banco de dados geomorfológicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
como base para a identificação de feições do relevo mais susceptíveis a
deslizamentos. Por meio de revisão bibliográfica, ele definiu uma metodologia
que sintetiza informações sobre tipos de relevo que favorecem a ocorrência de
deslizamentos e avaliou procedimentos de classificação para identificar
cicatrizes.
A combinação do mapa de feições de relevo com o
resultado da classificação melhorou o resultado final da análise e facilitou a
busca por cicatrizes de deslizamento em locais com características semelhantes
às da Serra do Mar. “Escorregamentos pressupõem lama. Por isso, a metodologia
se mostrou satisfatória para esse tipo de terreno. Mas achamos que pode ser
adaptada para outras aplicações, como o entorno de dutos de água, petróleo e
gás”, observa o orientador de Manfré, José Alberto Quintanilha, professor do
Departamento de Engenharia de Transportes da Poli.
“Além de funcionar na identificação de áreas de
risco, percebemos que a compartimentação do relevo possui diversas
aplicabilidades e permite desdobramentos e análises para além do escopo deste
trabalho”, afirmou Manfré. Neste sentido, pesquisadores do Instituto de Geociências
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se mostraram interessados em
utilizar a metodologia para o aperfeiçoamento dos mapas geomorfológicos
existentes, e para o mapeamento de ocorrência de doenças relacionadas à água.
“Neste caso, trata-se de um trabalho sobre a
retenção de água em microbacias e a ocorrência de doenças, no vale do Rio Doce.
A pesquisa terá de usar, como base, dados topográficos e geomorfológicos, daí o
interesse na metodologia desenvolvida pelo Luiz”, afirma o coorientador de
Manfré, Rodrigo Nóbrega, da UFMG.
Fonte: Poli/USP
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