Instituto
Centro de Vida - ICV
Divulgadas
informações que avaliam esforços para uma pecuária sem desmatamento na Amazônia.
Daniela Torezza/ICV
Foram lançados nesta semana um site e um estudo
com informações e análises para subsidiar a discussão sobre a pecuária e sua
relação com o desmatamento da floresta amazônica. Tanto o site quanto o estudo, destacam a resposta da cadeia de pecuária com
relação aos acordos sobre desmatamento zero na Amazônia brasileira.
O site traz informações sobre a criação e
comércio de gado na Amazônia, e os acordos para o desenvolvimento de uma cadeia
de produção com desmatamento zero, enquanto que o estudo apresenta uma análise
detalhada das conquistas e limitações atuais dos sistemas de rastreabilidade da
cadeia de pecuária com vistas a redução do desmatamento.
As informações do site apontam para soluções e
oportunidades existentes na busca da redução do desmatamento impulsionado pela
expansão da pecuária na Amazônia brasileira. Contudo, ressalta que, atingir
esse objetivo, em escala, exigirá um apoio coordenado de toda a cadeia de
valor.
Na página web há também um guia que apresenta uma
visão geral das iniciativas público-privadas, certificação e instrumentos
técnicos de rastreabilidade para ajudar a promover uma cadeia de produção com
desmatamento zero. Na parte de rastreabilidade aparece o Programa Novo Campo,
desenvolvido por um grupo de parceiros, coordenados pelo Instituto Centro de
Vida (ICV), na região norte de Mato Grosso. O Programa vai testar, nos próximos
meses, um sistema inédito para monitorar fornecedores diretos e indiretos da
pecuária, através de informações fornecidas pelas fazendas participantes do
Programa que passarão por uma verificação quanto à conformidade legal. Na parte
de soluções técnicas, é apresentado o guia de Boas Práticas Agropecuárias (BPA)
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As BPAs formam um
conjunto de princípios orientadores, métodos e técnicas para mitigar os riscos
e permitir que a pecuária seja economicamente viável, ambientalmente adequada e
socialmente justa.
Já o estudo, conduzido por Holly Gibbs, na
Universidade de Wisconsin-Madison, com a parceria de pesquisadores dos Estados
Unidos e do Brasil, foi publicado nesta semana no jornal Conservation
Letters. As principais conclusões são baseadas no mapeamento das fazendas
que vendem gado para frigoríficos da multinacional JBS, antes e após os acordos
de controle do desmatamento, com pesquisas de campo e análises estatísticas.
Com relação aos frigoríficos, a conclusão é de
que houve uma mudança nos critérios de compra, monitorando os fornecedores
diretos e evitando gado produzido em fazendas com desmatamento. Por seu lado,
os pecuaristas fizeram o Cadastro Ambiental Rural (CAR) informando os
principais dados de composição das propriedades.
Entretanto, de acordo com o estudo, apesar dessas
conquistas, os resultados para a conservação da floresta amazônica são
limitados pelo escopo dos acordos, que não abrangem todos os aspectos, o que
abre a porta para vazamentos.
Entre as soluções necessárias para apoiar a
melhoria contínua e assegurar, totalmente, a produção de gado com desmatamento
zero estão: a implantação de sistemas de monitoramento para todos os
frigoríficos; a necessidade de abranger todas as fazendas envolvidas na cadeia
de fornecimento; e o investimento na qualidade e transparência das informações
públicas por parte da indústria e do governo.
Fonte: ICV
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