Diretor
do C40 defende redução das emissões por pessoa.
Mark Watts (à esq., gesticulando) explicou como
funciona o C40 e a importância do ingresso de Salvador no grupo. Foto: Marcelo
Gandra Coperphoto / Sistema FIEB.
Um dos maiores especialistas do mundo na abordagem
da relação entre mudanças climáticas e cidades, o britânico Mark Watts, esteve
em Salvador na quarta-feira, 13 de maio, para participar do evento Cidades e
Clima – Estratégia de Adaptação e Resiliência, promovido pela Secretaria
Cidades Sustentáveis (Secis), com o apoio do Conselho de Responsabilidade
Social da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Cores/Fieb).
Diretor executivo do grupo de cidades C40, cujo
objetivo é reunir algumas das maiores cidades do mundo para estudar e
compartilhar soluções de combate ao aquecimento global, Watts liderou também o
desenvolvimento do Plano de Ação para Mudança Climática de Londres, além de um
programa associado para reduzir as emissões de carbono na capital britânica em
60% até 2025.
A visita do diretor do C40 ao Brasil marca o
ingresso recente de Salvador no grupo de cidades, que hoje já conta com 75
associadas. A escolha da capital baiana para integrar a elite mundial no que se
trata de discussões sobre o clima traz como consequência o cumprimento de
requisitos como a intensificação de ações relativas à emissão de gases nocivos
ao planeta. Outra meta diz respeito à implantação de mudanças relativas ao
transporte público.
“Salvador tem uma grande oportunidade, porque o C40
é um verdadeiro farol sobre sustentabilidade e clima, que busca fomentar as
políticas públicas nas cidades”, destacou Watts.
Ônibus em Londres. Programa pensado por Watts na
capital londrina incluiu um centro de operações que monitora os diferentes
meios de transporte que circulam pela cidade. Foto: DAVID HOLT.
Cidades brasileiras
No Brasil, além de Salvador, apenas Curitiba, Rio
de Janeiro e São Paulo participam do seleto grupo criado em 2005, o qual uma
das principais metas consiste em reduzir as emissões de gases do efeito estufa
em 248 milhões de toneladas até 2020. O atual presidente do C40 é o prefeito do
Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Com base em estudos científicos, o executivo
alertou que nem mesmo a limitação do aumento da temperatura global em 2ºC nos
próximos anos é segura. “Só esses 2ºC a mais já seriam suficientes para reduzir
a produção mundial de soja em 70%”, exemplificou. “Temos também que diminuir as
emissões de gases estufa por pessoa nas cidades. A média aqui do Brasil é de
quatro toneladas ao ano por cada habitante, a de Londres é o dobro e a de boa
parte dos Estados Unidos chega a 20 toneladas, o que inviabiliza os recursos naturais
do planeta”, reforçou Watts.
Sobre a importância do C40, o britânico observou
que os resultados falam por si, pois, em 2011, por exemplo, apenas seis cidades
disponibilizavam aluguel de bicicleta, número que subiu para 36 em 2013; outras
13 possuíam sistema de BRT – dois anos depois já havia 29. Contudo, os desafios
em outras áreas persistem: apenas três, das 75 metrópoles, restringem a
circulação de automóveis nas áreas centrais: Estocolmo, Paris e Londres.
O secretário da Cidade Sustentável, André Fraga,
destacou o ingresso de Salvador no C40. Foto: Marcelo Gandra Coperphoto /
Sistema FIEB.
Para Watts, os líderes mundiais tentam um acordo
mais efetivo há pelo menos 20 anos, mas pouco têm produzido, o que reforça o
papel do grupo de cidades. “Se o C40 fosse um país, seríamos o quinto maior
emissor mundial de gases do efeito estufa e a segunda maior economia do
planeta. Daí nossa responsabilidade. As cidades são parte do problema e das
soluções, porque possuem problemas semelhantes. Em rede, buscamos alternativas
que possam ajudá-las.”
Salvador
O secretário da Cidade Sustentável, André Fraga,
explicou como se dá o ingresso da capital baiana no grupo de cidades. “Salvador
participa de três grupos de trabalho no C40. O primeiro se refere a questões
envolvendo o transporte público, que é um dos grandes problemas da cidade. Em
função da problemática referente à mobilidade urbana, o objetivo é que, com o
passar do tempo, a Prefeitura possa contar em sua frota de ônibus com veículos
que emitam menos gases poluentes, pensando na integração inteligente de meios
como BRT, metrô e bicicleta. O segundo grupo engloba ações voltadas para os
assentamentos em áreas de risco”, diz.
Fraga ressaltou ainda que as tragédias recentes
ocorridas por conta das chuvas na cidade são reflexos diretos das mudanças
climáticas. “Quando ocorrem eventos climáticos extremos em curto espaço de
tempo, as cidades se tornam vulneráveis, pois não estão preparadas para esta
mudança repentina. Por isso, os integrantes do C40 buscam antecipar essas
situações, e isso deve se tornar cada vez mais frequente no planeta”,
justificou o secretário.
O terceiro grupo ao qual Salvador está vinculado
diz respeito à coleta seletiva, reciclagem e ao tratamento dado aos resíduos
sólidos.
Fonte: EcoD
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