Às custas
do desmatamento.
Áreas de extração de óleo de palma para a P&G,
na Indonésia. Foto: © Ulet Ifansasti / Greenpeace.
Por Regina Scharf – Multinacionais passam a vetar óleo de palma
associado a desmatamento.
A líder mundial da alimentação fast-food, o grupo
McDonald’s, acaba de anunciar o compromisso de adquirir apenas óleo de palma (e
outros ingredientes, inclusive carne de gado e frango) que não tenha sido
produzidos às custas do desmatamento de florestas nativas. Outros grupos
importantes desse setor, como Dunkin’ Donuts, KFC, Pizza Hut e Taco Bell já haviam
declarado intenções semelhantes. Mas a lista de multinacionais que decidiu usar
seu poder de compra para barrar óleo de palma oriundo de áreas recentemente
desmatadas vai muito além do mundo das refeições rápidas e tem crescido
rapidamente.
No ano passado, a Procter & Gamble, sob pressão
do Greenpeace e outros grupos ambientalistas, estabeleceu uma nova política
para ampliar a rastreabilidade do óleo de palma que utiliza. Em setembro , a
Cargill, uma das maiores processadoras de óleos vegetais do planeta, revelou um
plano de eliminar a compra de commodities cujo plantio esteja diretamente
associado ao desmatamento. E, no mês passado, a ADM (Archer Daniels Midland),
outra líder no comércio de óleos vegetais, anunciou que se compromete a
adquirir apenas soja e óleo de palma cuja produção seja sustentável.
Até o
final deste ano, seus fornecedores terão de apresentar prova de conformidade
quanto a uma série de indicadores. O anúncio ocorreu após pressão do estado de
Nova York, cujo fundo de aposentadoria é acionista importante da ADM, e de
várias não governamentais, como Sierra Club e National Wildlife Federation.
Tais declarações são alentadoras, mas entre a
promessa e realidade há todo um universo. Pode ser difícil saber quais empresas
estão efetivamente cumprindo os compromissos alardeados na mídia. O
recém-lançado website Supply Change tenta suprir essa lacuna, facilitando o
monitoramento das promessas das gigantes do agribusiness . Ele coteja os
compromissos com informações obtidas junto às empresas, a não-governamentais e
redes, como as mesas redondas de soja e óleo de palma responsáveis. Outra fonte
interessante para quem acompanha a evolução da forma como as empresas monitoram
a origem do óleo de palma que adquire é o relatório Palm Oil Scorecard 2015,
recém-publicado dela Union of Concerned Scientists, ONG formada por
cientistas/ativistas engajados em “resolver os problemas mais urgentes do
planeta”. O documento mapeia a força dos compromissos corporativos ano a ano.
Dentre as empresas que, na opinião entidade, 0ferecem um compromisso mais
sólido estão a Dunkin’ Brands (grupo ao qual pertence a Dunkin’Donuts, a rede
de supermercados Safeway, a Nestlé, a Danone, a Kellogg’s e a Unilever, dentre
outras.
Fonte: Página 22
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