Aquecimento
acima de 2°C.
Por Cíntya Feitosa, do OC –
Metas já entregues para Paris não impedem
aquecimento acima de 2°C, diz Nicholas Stern. Estudo de coautoria do economista
britânico afirma, porém, que revisão periódica das contribuições e esforço concentrado
para a descarbonização podem ajudar a estabilizar o clima após 2030.
Se dependermos das metas de redução de emissões
apresentadas até agora, o objetivo de impedir que a elevação da temperatura
média global ultrapasse os 2°C não será alcançado. Os países precisam tornar
suas INDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida) mais ambiciosas
ainda antes da Conferência do Clima que será realizada em dezembro deste ano e
revisá-las periodicamente depois do acordo de Paris. A análise foi divulgada
nesta semana pela London School of Economics and Political Science. Um de seus
autores é Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Reino Unido, que publicou o
primeiro grande estudo sobre prejuízos econômicos da mudança climática, em
2006.
A projeção do estudo indica que União Europeia,
Estados Unidos e China, que têm 2,2 bilhões da população global de 7,2 bilhões,
provavelmente emitirão juntos cerca de 21 a 22,3 bilhões de toneladas
(gigatoneladas) de CO2 em 2030 – 39% das emissões globais, estimadas entre 57,6
e 59 gigatoneladas de CO2.
O valor ultrapassa e muito as expectativas das
Nações Unidas: para uma chance de 50 a 66% de limitar o aquecimento global a
2°C, as emissões globais anuais devem se manter entre 32 e 44 bilhões de
toneladas de dióxido de carbono em 2030.
“A magnitude da diferença entre as intenções
atuais e a meta internacional de limitar o aquecimento global a um máximo de
2°C mostra claramente que um acordo em Paris terá de incluir mecanismos
dinâmicos para a avaliação dos progressos e aumento da ambição”, recomendam os
autores do estudo. A proposta de revisão periódica das metas, aliás, é uma
ideia brasileira que tem sido levada em consideração nas negociações para o
acordo de Paris.
Esses valores não consideram a discussão sobre
“emissões negativas”, uma solução alternativa pela qual seria possível chegar
ao aquecimento máximo de 2 graus retirando ativamente carbono da atmosfera.
Medidas necessárias
Mesmo que o cenário não pareça otimista, os
pesquisadores apontam um conjunto de medidas para que a Conferência do Clima de
Paris tenha bons resultados. Primeiramente, sugerem trabalho duro nos próximos
meses para propostas mais ambiciosas e parcerias entre países para consolidar
iniciativas de descarbonização.
Os pesquisadores também aconselham o investimento
e a inovação, particularmente em relação ao desenvolvimento das cidades,
sistemas de energia e uso da terra, como contribuição para diminuir a lacuna
entre o objetivo global e as metas de cada país antes e depois de 2030.
Por fim, os países devem concentrar esforços para
consolidar bases domésticas fortes e transparentes para a execução das metas.
Esses esforços dependem, também, do compartilhamento de tecnologia e apoio
financeiro por parte dos países ricos para a transição para uma economia de
baixo carbono.
“As INDCs apresentadas em 2015 devem ser o ponto
de partida, em vez de o ponto final, do que vai ser entregue por cada país. O
período após a cúpula de Paris será crucial, não apenas para preencher a lacuna
entre as intenções e a meta para 2030, mas também para formar as bases para uma
maior ação a partir de 2030”, conclui o estudo.
Fonte: Observatório
do Clima
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