Salvador anuncia instalação de
ecopontos para ampliar coleta seletiva.
por
Redação do EcoD
Todos os dias, Salvador recebe três toneladas de
resíduos sólidos e outras três toneladas de resíduos da construção civil
(entulho). Apenas 1% disso tudo chega até as cooperativas para ser finalmente
reciclado, segundo a Secretaria da Cidade Sustentável (Secis).
Para tentar minimizar o problema, a partir da
primeira quinzena de janeiro, a capital baiana terá 100 pontos de entrega
voluntária (também conhecidos como ecopontos) para a coleta seletiva, segundo o
secretário municipal da Cidade Sustentável, André Fraga. A meta da prefeitura é
que, até 2016, sejam instalados 200 pontos para que qualquer pessoa possa
utilizar.
“Só que o nosso planejamento vai ser para termos
todos os 200 já no final do primeiro semestre de 2015”, adiantou Fraga ao
jornal Correio. Os primeiros equipamentos devem chegar nos próximos dias e
passar por alguns testes até começar a instalação na cidade.
“Estamos saindo do zero. Um programa como esse,
associado ao Tudo Limpo, vai deixar a cidade mais sustentável e trazer emprego
e renda para as cooperativas (de catadores)”, explica Fraga, referindo-se à campanha
de conscientização lançada pela prefeitura em novembro.
Como funciona
Os contêineres, que são de plástico, vão receber
apenas resíduos secos. Ou seja: ainda em casa, o lixo úmido (orgânico e não
reciclável, como materiais de higiene pessoal) deve ser separado do lixo seco —
basicamente papelão, plásticos, latinhas e garrafas PET.
Garrafas de vidros também poderão ser descartadas,
mas não vidros planos, como janelas e espelhos. Os contenedores não terão
divisão entre esses materiais.
Depois, já no recipiente, os resíduos serão
recolhidos e encaminhados a uma das 18 cooperativas cadastradas na Empresa de
Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb).
Quando os pontos de entrega já estiverem
instalados, a pessoa deve ir até um deles e lá deixar o lixo, em vez de deixar
na porta de casa. Apesar de não garantir que todo mundo vai ter um equipamento
a poucos metros de casa, o secretário diz que todos os contêineres vão ficar em
locais de fácil acesso.
Investimento
Por isso, para os que já vão funcionar em janeiro, eles
escolheram grandes avenidas e lugares onde há grande circulação de pessoas,
como as avenidas Paralela, Manoel Dias da Silva, Bonocô e Silveira Martins.
Ao todo, a prefeitura espera gastar R$ 2 milhões,
em recursos municipais, para implantar o sistema de entrega voluntária. “Cada
um dos equipamentos custa cerca de R$ 5 mil, mas também tem toda uma logística
envolvida”, explicou o secretário.
Um único contêiner pode armazenar seis mil litros
de lixo, o que pode chegar a seis toneladas de resíduos.
Inclusão das cooperativas
“O projeto seria benéfico porque muitas pessoas
sobrevivem disso”, afirmou o presidente da Associação Jovens em Ação, de Ilha
de Maré, Maurício José. Na associação, cada catador recebe R$ 200 por mês.
Com a instalação dos ecopontos, os resíduos
chegarão diretamente às cooperativas, que dão novo encaminhamento ao material —
algumas fazem artesanato, outras vendem para fábricas.
Lixo seco que poderá ser descartado nos ecopontos
de Salvador. Foto: Editoria de arte/Correio.
“A tendência com esse projeto é ser positivo tanto
para educar o morador que hoje joga lixo na rua como para trazer mais renda
para muitas famílias que trabalham com isso”, comenta o presidente da
cooperativa Cooperguary, Edmundo Goes.
Todas as cidades brasileiras devem implantar coleta
seletiva, segundo a Lei de Resíduos Sólidos, de 2010, mas não há um modelo
definido para isso. “Cada município pode criar o seu (modelo). Um dos
indicativos é que se use cooperativas para tal, como forma de inclusão social”,
observou o advogado Bernardo Rocha, especialista em Direito Ambiental.
Vida útil
No final, as cidades têm pelo menos três grandes
benefícios, com a implantação. Além da geração de renda e emprego e da
conservação ambiental, também o aumento da vida útil do aterro sanitário,
segundo a bióloga Laís Maciel, coordenadora do curso de Engenharia Ambiental e
Sanitária da Unifacs.
“Os aterros têm uma capacidade e, com a coleta,
conseguimos diminuir a quantidade de resíduos despejados lá”, explicou.
Fonte: EcoD
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