Manejo inadequado contribui para
a queda de árvores em SP, diz especialista.
Árvore de grande porte caiu, na tarde desta
terça-feira (1º/1), na rua Peixoto Gomide, na região da Bela Vista. Foto de :
Luiz Guarnieri/AE/R7 Notícias.
A cidade de São Paulo registrou, nos últimos 15
dias, pelo menos 760 quedas de árvores, segundo balanço da prefeitura. Com as
tempestades de verão, as árvores fragilizadas por terem sido plantadas em
lugares inadequados, recebido poda errada ou por apresentarem apodrecimento
acabam não resistindo.
Segundo o Sérgio Brazolin, biólogo especializado em
arborização urbana e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
Paulo (IPT), a maioria dessas árvores tinha entre 60 e 70 anos de idade, e foi
plantada sem planejamento. “Elas foram colocadas em condições inadequadas, o
que hoje não se pratica mais, como em calçadas estreitas”, explica.
Árvores de grande porte, segundo o especialista,
precisam de um sistema de raízes reforçado. “Mas no passeio pequeno, elas mal
conseguem fazer crescer as raízes em todos os sentidos. Para o sentido da rua,
por exemplo, ela não cresce”, esclarece.
Além da falta de espaço para crescer, a ação do
homem contribui para fragilizar ainda mais as árvores na cidade. Algumas
pessoas decidem cortar a suas raízes para evitar que elas danifiquem a
estrutura da calçada. “Isso é como contar o seu pé, a árvore perde a sustentação.
Daí, num vento forte, que nem precisa ser tão forte, ela cai. Tem poda que às
vezes é feita e desequilibra a árvore.
Imagina uma copa de árvore em que você
poda só de um lado, aí você joga o peso dela todo para o outro lado. Hoje,
existem manuais de boas práticas para podas, que têm que ser seguidas pela
prefeitura e pela companhia de energia elétrica”.
Outro motivo para a queda de árvores é o
apodrecimento do tronco, principalmente na base. Sérgio explica que, muitas
vezes, as pessoas olham um tronco por fora e não percebem que, por dentro, ele
está oco. Em períodos chuvosos, o solo encharcado e o aumento do peso da árvore
em razão da água que se acumula na sua copa são fatores que a fazem cair.
“Em dias de ventos muito fortes, essas árvores, que
estão fragilizadas, principalmente porque estão apodrecidas internamente,
atacadas por cupins ou fungos, estão grandes, pesadas. Elas rompem na parte
fragilizada”. Quando uma árvore sadia cai, não há rompimento – ela tomba
levantando a sua raiz, esclarece o especialista.
Entre as soluções para evitar esses problemas está
o uso da calçada verde, feita, em parte por grama. “Isso permite o
desenvolvimento da árvore”, disse Sérgio. O especialista também informou que a
prefeitura tem a responsabilidade de fazer diagnósticos e, preventivamente,
remover ou podar a árvore para diminuir o seu peso e evitar o tombamento.
“Isso não se faz num verão. Esse manejo, a retirada
ou poda de árvores, tem que ser planejado por muitos anos, e é um trabalho
contínuo. Existem informações que já permitem você eliminar árvores, que a
gente chama de evidência objetiva de problema”, declarou.
Em nota, a secretaria de Coordenação das
Subprefeituras de São Paulo informou que realiza um trabalho contínuo de manejo
das árvores em toda a cidade. “Sistematicamente, os engenheiros agrônomo
realizam uma avaliação técnica para diagnosticar as condições fitossanitárias
de cada árvore. Havendo a necessidade de poda, a autorização é feita pela
respectiva Subprefeitura e o manejo é programado”. No caso de retirada, uma
nova muda é plantada no prazo de 30 dias.
“Em 2014, foram realizadas mais de 100 mil podas,
14 mil remoções e aproximadamente 11 mil substituições com árvores novas, em
atendimento a 66 mil solicitações registradas via Sistema de Atendimento ao
Cidadão, 156 ou Praças de Atendimento”, completa a nota. A prefeitura orienta
que a população solicite o manejo de árvores pelo telefone 156, pelo
sitesac.prefeitura.sp.gov.br ou pessoalmente na subprefeitura da sua região.
Fonte: Agência
Brasil
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