Cai o desemprego, mas salários
são baixos; pauta trabalhista é extensa.
Divergências entre representantes de empresários
e de trabalhadores impediram a votação da chamada pauta trabalhista na
legislatura encerrada em 2014
Foto: Marcello Casal Jr/ABr
A taxa de desemprego nas regiões metropolitanas
vem caindo desde que começou a ser medida. De 12,3% em 2003, caiu para 5,4% em
2013 e estava em 4,7% em outubro de 2014.
A taxa nacional foi de 6,8% no terceiro trimestre
de 2014 e mostrou ligeira queda em relação ao terceiro trimestre de 2013
(6,9%), conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) mostra que o emprego no Brasil está crescendo de forma
quantitativa e qualitativa, com aumento de empregos com carteira assinada e do
rendimento real.
Mas o Ipea constata que os brasileiros estão
longe de alcançar a situação de pleno emprego.
“Mercado informal grande,
pessoas com subocupação e rendimentos médios baixos que não condizem com uma
situação de pleno emprego”, disse a técnica de Planejamento e Pesquisa Maria
Andreia Lameira. O salário médio foi de R$ 2.129 em outubro último, contra R$
1.980 em outubro de 2013.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), 80% das vagas criadas na economia são remuneradas em até
dois salários mínimos. A quantidade de empregados domésticos representa cerca
de 7% das ocupações nas regiões metropolitanas.
Em comparação com outros países, a taxa de
desemprego no Brasil está entre as mais baixas. Levantamento do site Trading
Economics mostra poucos países em situação melhor, como a Suíça (3,2%), o Japão
(3,5%) e a China (4,1%). Alguns estão em situação semelhante ou pouco pior,
como México (4,7%), Alemanha (4,9%), Rússia (5,1%) e Estados Unidos (5,8%). Os
países da Zona do Euro, por outro lado, estão com a taxa de desemprego média de
11,5%.
Pauta trabalhista
Divergências entre representantes de empresários
e de trabalhadores impediram a votação da chamada pauta trabalhista na
legislatura encerrada em 2014.
Entre as propostas que tramitam na Câmara estão a
redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, o fim do fator
previdenciário, a regulamentação da terceirização de mão de obra e a política
de valorização do salário mínimo.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é
contrária à redução da jornada de trabalho. Além de reduzir as horas
trabalhadas, a proposta prevê a elevação da hora extra de 50% para 75% sobre o
valor da hora normal.
A gerente-executiva de relações de trabalho da
CNI, Sylvia Lorena, afirmou que não vê necessidade de alteração na legislação,
pois a Constituição já permite a redução da jornada por meio da negociação
coletiva.
“O argumento de que isso geraria empregos não se
sustenta. O que gera emprego é o desenvolvimento econômico, o crescimento e a
qualificação profissional”, avaliou Lorena.
Para o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP),
da Força Sindical, a redução da jornada é ganho na qualidade de vida. “As
pessoas trabalham mais nas primeiras horas, e na medida em que vão cansando,
têm menos produtividade”, disse.
Outro destaque da “pauta trabalhista” é a
regulamentação dos direitos dos empregados domésticos, que vai assegurar a eles
o pagamento do FGTS – previsto em emenda constitucional.
Reportagem – Thyago Marcel
Edição – Wilson Silveira
Fonte: Agência Câmara Notícias
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