Projeto de São Carlos contra o desperdício ganha
destaque na ONU.
O projeto de ação “Reduzir & Repensar”,
desenvolvido nos restaurantes universitários do campus de São Carlos da USP com
o objetivo de diminuir o desperdício de alimentos pelos usuários do serviço,
ganhou destaque no concurso “PensarComerConservar“, promovido por meio da iniciativa
“Save Food”, uma parceria entre o Programa para o Meio Ambiente e a Organização
para Alimentação e Agricultura, ambos vinculados à Organização das Nações
Unidas (ONU).
Estimativa é que se deixou de desperdiçar 12
toneladas de alimentos não consumidos.
O concurso teve como finalidade investir esforços
com o objetivo de difundir projetos e catalisar mais setores da sociedade para
se tornarem conscientes e partirem para a ação, com base na troca de ideias
inspiradoras e estudos de caso entre partes já envolvidas e potenciais
parceiros. O trabalho figurou entre os dez finalistas e foi premiado com a
primeira menção honrosa, ficando em quarto lugar dentre os 470 projetos de
estudantes de escolas dos três níveis de ensino – fundamental, médio e
universitário – de aproximadamente 80 países. O resultado foi divulgado no
último mês de dezembro.
Intitulado como Projeto Educativo para
Minimização de Resíduos Sólidos para os Restaurantes Universitários dos Campi
de São Carlos da Universidade de São Paulo, o trabalho é coordenado pelo
professor Fernando César Almada Santos, do Departamento de Engenharia de
Produção (SEP) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, e pela
coordenadora executiva do Programa EESC Sustentável, Patrícia Cristina
Silva Leme. A pesquisa também conta com apoio do programa USP Recicla,
da Prefeitura do Campus e da nutricionista do Restaurante Universitário,
Claudia Paschoalino, e sua equipe.
Dentre as ações do projeto, o levantamento de
informações sobre o consumo e desperdício foi a base de todo o trabalho, mas o
objetivo principal foi alterar os valores culturais dos usuários, focando em
questões éticas, afetivas, emocionais e de cultura que extrapolam qualquer
cartilha.
Parao professor Fernando César Almada Santos, o reconhecimento
da ONU comprova a excelência e a importância do trabalho. “É uma evidência de
que estamos atendendo a sociedade e, do ponto de vista de extensão, é um
atendimento à população, talvez da forma mais nobre possível”, afirma o
docente.
Patrícia ainda destaca a importância de o campus
servir como laboratório para as boas práticas socioambientais. “Desta forma a
universidade cumpre todo o papel de extensão, aprendizado e pesquisa”,
ressalta.
Para o estudo, os alunos de graduação Maicom
Brandão, Bruna Viana, Francis Fanali e Marcela Marzochi foram a campo para
realizar o levantamento de dados e as intervenções no restaurante.
Com mais
tempo de participação na equipe, Brandão, que é estudante do curso de
Engenharia de Produção, destacou como o trabalho alcançou resultados
significativos focando nas atividades educativas e de conscientização, sem a
necessidade de envolver tecnologias.
Apesar do objetivo do projeto ser o desperdício
zero, a equipe compreende que o patamar de 25 gramas por pessoa é um resíduo
aceitável para esse tipo de restaurante. Em 2006, quando se passou a focar
especificamente no desperdício de alimentos pelos usuários, foi constatado que
iam para o lixo 83 gramas por pessoa, enquanto que em outubro de 2014 essa
quantidade caiu para 38 gramas. A estimativa é que se deixou de desperdiçar 12
toneladas de alimentos não consumidos.
Da esquerda para a direita: Patrícia Leme, Maicom
Brandão e o professor Fernando César Almada Santos.
A interação dos estudantes com os usuários e as
ações educativas são experiências novas para os futuros engenheiros envolvidos
no projeto. “Expandir a visão e conhecer outras áreas além da engenharia faz
parte dos desafios que encontramos hoje. Nada mais é independente: tudo demanda
um conjunto de conhecimentos, e ter noção de que eles estão inter-relacionados
é fundamental para qualquer profissional do futuro”, afirma Brandão.
Segundo Patrícia, o projeto no restaurante começou
em 2003, através do programa USP Recicla, pelos alunos de graduação – que
atualmente recebem recursos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária
da USP –, e compreendia o estudo do desperdício geral de materiais, do perfil
dos frequentadores da estrutura do restaurante e da equipe que nele trabalhava.
Naquela época, uma ação que antecedeu a atividade do projeto “Reduzir &
Repensar” foi a substituição de copos descartáveis por canecas duráveis, a qual
obteve um impacto e aceitação positiva, servindo de referências a outras
universidades e instituições da cidade.
De acordo com a equipe, o projeto continuará em
desenvolvimento na intenção de cada vez mais se aproximar da meta do
desperdício zero, mantendo o diagnóstico de retirada e pesagem dos resíduos.
Para tanto, está em planejamento a ampliação das atividades socioambientais –
com cartazes, palestras, ações educativas e de conscientização, entre outras –
voltadas aos usuários dos restaurantes localizados nas duas áreas do campus da
USP em São Carlos.
O projeto possibilita também que interessados no
trabalho candidatem-se como voluntários para contribuir nas atividades e
diagnóstico. Aqueles que desejarem participar devem encaminhar uma mensagem ao
email de um dos coordenadores – almada@sc.usp.br e pazu@sc.usp.br – para obterem mais informações.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Divulgação
Fonte: USP
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