Com dez vezes mais água que
Cantareira, Billings pode ser alternativa.
por
Camila Maciel, da Agência Brasil
Imagens feitas no mês de março de 2014, mostram a
situação da Represa Billings, um dos maiores e mais importantes reservatórios
de água da região metropolitana de São Paulo. Foto: Paulo Pinto/ Fotos Públicas
(20/03/2014).
Com dez vezes mais água armazenada do que o Sistema
Cantareira, a Represa Billings deve ser usada para abastecer parte da população
que enfrenta a crise hídrica em São Paulo, conforme informou a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A solução, no entanto, não
resolve o problema emergencialmente, pois só ficará pronta em 2018.
A obra do governo estadual interligará o Rio
Pequeno ao Sistema Rio Grande, ambos braços da Billings. Isto permitirá a
entrada de 2,2 metros cúbicos de água por segundo (m³/s), atendendo a áreas que
dependiam do Cantareira, que chegou hoje (20) a 5,6% da capacidade.
A Billings tem sido apontada por organizações não
governamentais como alternativa para o abastecimento da Grande São Paulo.
Atualmente, a maior parte do manancial é dedicada à geração de energia
elétrica, por meio da Usina Henry Borden, em Cubatão. Com capacidade de
armazenamento de 995 milhões m3, a represa está com 57,47%, segundo dados do
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Embora tenha capacidade similar (982 milhões m³), o
Cantareira registra quedas sucessivas e ameaça secar. Projeções do Centro
Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que,
caso não chova, isso pode ocorrer no início de junho.
“O projeto de interligação do Rio Pequeno com o Rio
Grande é antigo. É muito bem-vindo que ele finalmente venha a ocorrer”, disse a
coordenadora da Aliança pelas Águas, Marussia Whately.
Formado em 2014, o grupo
conta com mais de 20 entidades da sociedade civil e busca soluções para a crise
hídrica em São Paulo.
Marussia lamenta que medidas como essa estejam
sendo adotadas somente em casos extremos. “Não era priorizada, assim como
várias outras obras”, disse ela. A Sabesp informou que, atualmente, capta água
da Billings para o Rio Grande e para Taquacetuba, somando 7,69 m³/s, volume que
atende a aproximadamente 2,3 milhões de pessoas.
Ela alertou para necessidade de rever o uso da
Billings, que daria mais segurança hídrica, além de ajudar a construir um
modelo mais sustentável de abastecimento. “Avançar no uso da Billings como um
manancial de abastecimento seria uma solução mais sustentável de cuidado com a
água. Vamos recuperar uma represa que já existe, usar uma fonte de água ao lado
da cidade e não gastar bilhões para construir novas represas em locais
distantes e que, não necessariamente, trarão os mesmos resultados no tempo que
precisamos.”
Como primeira mudança para permiir o uso da
Billings para abastecimento, Marussia sugere que a água do Rio Pinheiro deixe
de ser bombeada para a represa. “[Acabar com o bombeamento] não é coisa
simples, porque precisaria estar integrado com a questão da drenagem e das
enchentes, mas não é impossível”. Segundo ela, a represa tem características
que facilitam sua recuperação, como a grande extensão (106,6 quilômetros
quadrados) e o formato em curvas.
Para integrantes do grupo Aliança pela Água, a
prioridade deve ser a formulação de um plano de contingência articulado entre a
sociedade e os governos federal, estadual e municipal. “Que ele esteja baseado
nos diferentes cenários para 2015. Se as chuvas não forem suficientes? Quanto
tempo temos de água? O que ocorreriá depois que a água acabar? O que podemos
fazer para reduzir o consumo e termos mais tempo de água? Um plano. Esta é a
principal reivindicação neste momento.”
* Edição: Armando Cardoso.
Fonte: Agência Brasil
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