Tráfico de crianças aumenta e
meninas são 2 em cada 3 crianças vitimadas.
Mais de 2 bilhões de pessoas não estão
devidamente protegidas contra o tráfico de seres humanos pela legislação de
seus países, diz relatório; aumenta a preocupação com baixas taxas de
condenação.
Reprodução/UNODC
O Relatório Global 2014 sobre Tráfico de Pessoas,
divulgado nesta segunda-feira (24) em Viena pelo Escritório das Nações Unidas
sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que, em cada três vítimas conhecidas de
tráfico de pessoas, uma é criança – um aumento de 5% em comparação com o
período 2007-2010. As meninas são 2 em cada 3 crianças vitimadas e, em conjunto
com as mulheres, representam 70% das vítimas do tráfico total no mundo inteiro.
“Infelizmente, o relatório mostra que não há
lugar no mundo onde crianças, mulheres e homens estão a salvo do tráfico de
seres humanos”, disse o diretor executivo do UNODC, Yury Fedotov. “Os dados
oficiais comunicados ao UNODC pelas autoridades nacionais dos diversos países
representam apenas o que foi detectado. É muito claro que a escala de
escravidão moderna é muito pior.”
Nenhum país está imune – há pelo menos 152 países
de origem e 124 países de destino afetados pelo tráfico de pessoas, e mais de
510 fluxos de tráfico ao redor do planeta. O tráfico ocorre principalmente
dentro das fronteiras nacionais ou dentro de uma mesma região, sendo que o
tráfico transcontinental afeta principalmente os países ricos.
Em algumas regiões – como a África e o Oriente
Médio – o tráfico de crianças é uma grande preocupação, já que elas representam
62% das vítimas.
O tráfico para trabalhos forçados – incluindo os
setores industrial e da construção, trabalho doméstico e produção têxtil –
também aumentou continuamente nos últimos cinco anos. Cerca de 35% das vítimas
de tráfico detectadas para trabalhos forçados são mulheres.
Há, entretanto, variações regionais: vítimas na
Europa e na Ásia Central são traficadas, em sua maioria, para exploração
sexual, enquanto que na Ásia Oriental e no Pacífico, o trabalho forçado domina
o mercado. Nas Américas, os dois tipos são detectados em igual medida.
A maioria dos fluxos é inter-regional e mais de 6
entre 10 vítimas cruzaram, pelo menos, uma fronteira nacional. A grande maioria
dos traficantes condenados – 72% – é masculina e são cidadãos do país em que
operam.
O relatório destaca que a impunidade continua
sendo um problema sério: 40% dos países apontou apenas algumas ou nenhuma
condenação e ao longo dos últimos 10 anos não houve um aumento perceptível na
resposta da justiça global a este crime, deixando uma parcela significativa da
população vulnerável.
“Mesmo que a maioria dos países criminalize o
tráfico, muitas pessoas vivem em países com leis que não estão em conformidade
com as normas internacionais, que lhes proporcionariam proteção integral, como
o Protocolo de Tráfico de Pessoas”, disse Fedotov.
“Isso precisa mudar”, acrescentou Fedotov. “Cada
país precisa adotar a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional e o protocolo, e comprometer-se com a plena implementação das
suas disposições.”
Para ter acesso ao relatório (em inglês), clique aqui.
Fonte: ONU Brasil
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