COP20: Brasil faz gol contra.
por Paulo
Lima, da Agência Jovem de Notícias*
Em 2013, ativistas do Greenpeace protestam em
frente ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília, contra o retorno das
térmicas a carvão aos leilões de energia. Foto: Cristiano Costa/Greenpeace.
Dias antes de iniciar a Conferência das Nações
Unidas sobre as Mudanças Climáticas em Lima, o Brasil praticamente marcou um
gol contra e sai em desvantagem nas negociações que acontecem de 1 a 12 de
dezembro.
No que se refere à matriz energética, por exemplo,
no dia 28 de novembro, foi realizado o último leilão de energia do ano que
contratou 4.936 megawatts (MW) de energia elétrica para abastecer o mercado a
partir de 2019. Mais de 65% do total de energia à venda no leilão era de solar,
eólica e biomassa. No entanto, o resultado foi decepcionante, segundo avaliação
do Greenpeace e tantas outras organizações que atuam em defesa do
desenvolvimento justo e sustentável. “De toda a energia contratada, somente 19%
virá de fonte eólica e 12%, de biomassa. As fontes que tiveram destaque foram
os poluentes carvão e gás natural, frustrando as expectativas de um horizonte
renovável e sustentável”, diz Greenpeace em nota.
“O triste paradoxo é que, ao participar da COP no
Peru, o governo brasileiro pretende referendar seu papel de líder global para
redução de emissões de gases de efeito estufa. Mas não faz sua própria lição de
casa”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do
Greenpeace Brasil.
Mais de dois terços de toda a energia contratada
foi de usinas térmicas a gás natural e carvão (equivalente a 3.399 MW). Já a
energia eólica, infelizmente, teve somente 926 MW contratados, de um total
ofertado de 14.155 MW. A energia solar, por sua vez, não teve um megawatt
sequer contratado, resultado pífio para a mais promissora das fontes
energéticas. Parte desse resultado deve-se ao preço definido pelo governo ser
pouco atraente para investidores.
Na avaliação de ambientalistas, a volta do carvão
como energia “contratável” representa um grande retrocesso para o futuro energético
do Brasil e revela a falta de visão e responsabilidade do setor com o futuro do
planeta. O carvão é uma fonte de energia do século XVIII, com alto impacto
socioambiental, além de ser o maior emissor de gases de efeito estufa. Assim
como o gás natural, que também é uma fonte fóssil e poluente.
Outro ponto crítico e desfavorável ao Brasil é
apontado pelos especialistas do Observatório do Clima, rede de
organizações ambientalistas brasileiras. Como o Observatório do Clima apontou
em seus recentes relatórios, a partir dos dados do Sistema de Estimativa de
Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG), as emissões brasileiras aumentaram
7,8% em 2013, mesmo com o baixo crescimento apresentado pelo país no ano
passado (2,6%).
E mais: entre 2012 e 2013, a Amazônia sofreu com o
aumento da taxa de desmatamento em 29%, que interrompeu uma sequência de quase
uma década de reduções significativas. No ano passado, as emissões associadas
ao desmatamento subiram 16%, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões
de Gases do Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.
Nesse sentido, o Observatório do Clima “espera que
o Brasil assuma uma posição condizente com aquilo que já apresentou em
conferências passadas, alinhada com aquilo que se espera do país nesse momento importantíssimo
das negociações climáticas”.
* Paulo Lima é repórter da Agência
Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração
Educomunicação. Todo o conteúdo produzido pela agência durante a COP20
será publicado pela Envolverde neste
espaço. Acompanhe!
Fonte: Agência Jovem de Notícias
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