Circuitos curtos de
comercialização beneficiam produtores e consumidores.
Um novo boletim da FAO, Cepal e IICA, explica
como os sistemas com base em vendas diretas podem beneficiar os consumidores e
a agricultura familiar
O marketing em “circuitos de proximidade” de
alimentos frescos produzidos localmente e de forma sustentável, tornou-se um
fator-chave para a competitividade de pequenos agricultores. Os produtores dos
alimentos reduzem seus custos e os consumidores têm acesso facilitado a
produtos mais suadáveis.
Esses mercados são denominados ecológicos, de
proximidade, orgânicos ou simplesmente feiras. O nome pode mudar de acordo com
o país, mas o fato é que esses circuitos comerciais curtos fazem a diferença:
reduzem ao mínimo ao intermediação e unem oferta e demanda local alimentos e
tornam-se uma ferramenta para o desenvolvimento econômico e social dos
territórios.
Uma análise sobre o tema acaba de ser publicada
pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a
Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).
O documento Promoção de circuitos curtos como uma
alternativa para a ascensão da agricultura familiar explora novas tendências de
consumo e comercialização de produtos alimentares e reflete as experiências de
diferentes países em feiras locais e comércio direto. Este boletim é um
complemento do livro Perspectivas da Agricultura e Desenvolvimento Rural nas
Américas: Um ponto de vista sobre a América Latina e do Caribe 2014.
Demanda por transparência na cadeia produtiva
Essas experiências mostraram que apoiar essas
novas formas de comercialização, melhora a renda dos pequenos agricultores e
influencia positivamente os hábitos alimentares das comunidades. De acordo com
o relatório, na América Latina, Europa e outras partes do mundo, há uma crescente
demanda por transparência na cadeia alimentar. O público quer saber sobre a
origem e o impacto social e ambiental dos processos de produção.
“É necessário entender o potencial da agricultura
familiar para atender as demandas das sociedades.
Circuitos curtos de
comercialização favorecem a inserção de pequenos produtores no mercado.
Esses
canais permitem desenvolver relações de confiança e expõem o conhecimento sobre
a origem do produto e as zonas rurais onde foram produzidos “, disse Hugo
Chavarría, especialista do Centro de Análise Estratégica para a Agricultura
(Caespa), do IICA.
Histórias de sucesso são apresentadas na região,
incluindo alguns no Chile, Peru e Brasil, entre outros, onde os mercados livres
desempenham um papel fundamental na comercialização de produtos locais. Na
maioria dos casos, a consolidação da oferta superou o problema dos baixos
volumes de produção.
“A maioria dos pequenos agricultores da América
Latina não consegue atender às exigências dos canais comerciais convencionais, tais
como aqueles relacionados ao volume, às formas de pagamento e logística. Os
canais curtos de comercialização permitiram não só aos produtores venderem
diretamente aos consumidores, como também oferecerem produtos sazonais, frescos
e saudáveis, produzidos de forma sustentável em territórios cercados de pontos
de venda”, disse o gerente do Caespa, Miguel García.
Circuitos curtos de comercialização
O documento apresenta uma série de recomendações
que podem ser implementadas pelos setores públicos e privados para reforçar o
desempenho de circuitos curtos. Entre eles destacam-se:
• Identificar, conectar e fortalecer a oferta e
demanda de alimentos com o objetivo de criar laços entre os produtores e
consumidores de territórios vizinhos. Para isso, é necessário desenvolver
tecnologias e estabelecer canais de informação que estimulem a interação;
• Implementar programas de melhoramento de
qualidade e inocuidade dos alimentos e desenvolver habilidades para gestão,
marketing e comercialização;
• Promover mecanismos de comercialização para a
agricultura familiar, como as compras públicas para escolas, hospitais e
prisões, e a contratação de serviços alimentares que facilitem a participação
de produtores locais;
• Desenvolver programas que incentivem a
participação das associações de produtores e consumidores em projetos
produtivos e comerciais, de modo a aumentar a sustentabilidade das iniciativas.
A publicação destaca ainda a importância de
políticas públicas que incentivem a atividade produtiva através de campanhas de
conscientização sobre os benefícios do consumo de alimentos frescos, com
incentivos para que as novas gerações a adotem um estilo de vida saudável e
estratégias que enfatizem a identidade cultural, produtiva e alimentícia dos
territórios rurais.
Por Jéssica Simabuku, IICA – Instituto
Interamericano de Cooperação para a Agricultura
Fonte: EcoDebate
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