quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Circuitos curtos de comercialização beneficiam produtores e consumidores.
Um novo boletim da FAO, Cepal e IICA, explica como os sistemas com base em vendas diretas podem beneficiar os consumidores e a agricultura familiar
O marketing em “circuitos de proximidade” de alimentos frescos produzidos localmente e de forma sustentável, tornou-se um fator-chave para a competitividade de pequenos agricultores. Os produtores dos alimentos reduzem seus custos e os consumidores têm acesso facilitado a produtos mais suadáveis.

Esses mercados são denominados ecológicos, de proximidade, orgânicos ou simplesmente feiras. O nome pode mudar de acordo com o país, mas o fato é que esses circuitos comerciais curtos fazem a diferença: reduzem ao mínimo ao intermediação e unem oferta e demanda local alimentos e tornam-se uma ferramenta para o desenvolvimento econômico e social dos territórios.

Uma análise sobre o tema acaba de ser publicada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal).

O documento Promoção de circuitos curtos como uma alternativa para a ascensão da agricultura familiar explora novas tendências de consumo e comercialização de produtos alimentares e reflete as experiências de diferentes países em feiras locais e comércio direto. Este boletim é um complemento do livro Perspectivas da Agricultura e Desenvolvimento Rural nas Américas: Um ponto de vista sobre a América Latina e do Caribe 2014.
Demanda por transparência na cadeia produtiva

Essas experiências mostraram que apoiar essas novas formas de comercialização, melhora a renda dos pequenos agricultores e influencia positivamente os hábitos alimentares das comunidades. De acordo com o relatório, na América Latina, Europa e outras partes do mundo, há uma crescente demanda por transparência na cadeia alimentar. O público quer saber sobre a origem e o impacto social e ambiental dos processos de produção.

“É necessário entender o potencial da agricultura familiar para atender as demandas das sociedades. 

Circuitos curtos de comercialização favorecem a inserção de pequenos produtores no mercado. 

Esses canais permitem desenvolver relações de confiança e expõem o conhecimento sobre a origem do produto e as zonas rurais onde foram produzidos “, disse Hugo Chavarría, especialista do Centro de Análise Estratégica para a Agricultura (Caespa), do IICA.

Histórias de sucesso são apresentadas na região, incluindo alguns no Chile, Peru e Brasil, entre outros, onde os mercados livres desempenham um papel fundamental na comercialização de produtos locais. Na maioria dos casos, a consolidação da oferta superou o problema dos baixos volumes de produção.

“A maioria dos pequenos agricultores da América Latina não consegue atender às exigências dos canais comerciais convencionais, tais como aqueles relacionados ao volume, às formas de pagamento e logística. Os canais curtos de comercialização permitiram não só aos produtores venderem diretamente aos consumidores, como também oferecerem produtos sazonais, frescos e saudáveis, produzidos de forma sustentável em territórios cercados de pontos de venda”, disse o gerente do Caespa, Miguel García.

Circuitos curtos de comercialização

O documento apresenta uma série de recomendações que podem ser implementadas pelos setores públicos e privados para reforçar o desempenho de circuitos curtos. Entre eles destacam-se:

• Identificar, conectar e fortalecer a oferta e demanda de alimentos com o objetivo de criar laços entre os produtores e consumidores de territórios vizinhos. Para isso, é necessário desenvolver tecnologias e estabelecer canais de informação que estimulem a interação;

• Implementar programas de melhoramento de qualidade e inocuidade dos alimentos e desenvolver habilidades para gestão, marketing e comercialização;

• Promover mecanismos de comercialização para a agricultura familiar, como as compras públicas para escolas, hospitais e prisões, e a contratação de serviços alimentares que facilitem a participação de produtores locais;

• Desenvolver programas que incentivem a participação das associações de produtores e consumidores em projetos produtivos e comerciais, de modo a aumentar a sustentabilidade das iniciativas.

A publicação destaca ainda a importância de políticas públicas que incentivem a atividade produtiva através de campanhas de conscientização sobre os benefícios do consumo de alimentos frescos, com incentivos para que as novas gerações a adotem um estilo de vida saudável e estratégias que enfatizem a identidade cultural, produtiva e alimentícia dos territórios rurais.

Por Jéssica Simabuku, IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura


Fonte: EcoDebate

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