Vitória do movimento social de
Boca do Acre.
por
Redação do IEB
Foto: Portal do Purus
Depois de uma espera de quase trinta anos o
movimento social de Boca do Acre comemora a vitória na luta pela entrega dos
primeiros títulos em área federal do município feita pelo Programa Terra Legal.
A cerimônia ocorreu no último dia 24, na sede do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) e contou com participação de representantes
dos órgãos fundiários, do movimento social e do município.
“Foi emocionante e histórico para a nossa região
devido a tanto tempo de espera. A confiança da gente estava até um pouco
abalada, o processo estava andando, mas a gente duvidava. Para nós que
defendemos a terra é uma dádiva de Deus conseguir o documento e saber agora que
nós estamos realmente legalizados, a propriedade é nossa e nós temos que cuidar
e que vamos ter uma qualidade de vida melhor”, contou Jozineia Ferreira,
produtora rural, que tem quatro filhos e vive na comunidade Canto Escuro
Central. “É um sonho realizado ver os trabalhadores rurais recebendo seus
documentos de terra. A nossa luta é chegar a 100% das terras destinadas para a
agricultura legalizadas em Boca do Acre”, afirmou Cosme Capistano, coordenador
da Comissão Pastoral da Terra (CPT) local.
Foram entregues 31 títulos definitivos para os
agricultores familiares em um trabalho que envolveu a Comissão Pastoral da
Terra (CPT), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Sindicato
dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Boca do Acre (STTR) e o Instituto
Internacional de Educação do Brasil (IEB). “É um trabalho muito difícil e só se
consegue por causa da orquestração desses companheiros e parceiros”, destacou
Sergio Lopes, secretário nacional de Regularização Fundiária na Amazônia Legal.
“Com o título o cidadão deixa de ser posseiro e
passa a ser proprietário, quando define a propriedade diminui a possibilidade
de conflito e isso significa segurança jurídica e é um instrumento que além de
valorizar a propriedade, traz a possibilidade dos investimentos porque a pessoa
tem acesso a uma série de políticas que ela não tinha”, afirmou Sergio Lopes.
A meta do Programa Terra Legal é triplicar o número
de títulos a serem entregues antes do final do ano e implementar uma
metodologia chamada mutirão que já acontece em Rondônia, onde conseguiram
entregar 700 títulos em três semanas. O processo de titulação ocorre no próprio
local e é entregue na mesma hora. A expectativa é que a próxima entrega de
títulos aconteça com a nova metodologia.
Na opinião de Antonio Braña Muniz, coordenador
estadual de Regularização Fundiária na Amazônia Legal no Acre, está faltando
uma integração maior entre o Incra do Amazonas e o Incra do Acre. “A CPT, o
IEB, o sindicato, o CNS e os indígenas têm buscado integrar as duas regionais
do Terra Legal para resolver essa questão. Se nós conseguirmos fazer essa
integração total de políticas públicas, os resultados do gerenciamento do
ordenamento fundiário vão ser muito melhores” avaliou Antonio Braña Muniz.
Fonte: IEB
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