Áreas de preservação brasileiras
podem ser referência mundial, diz bióloga.
por Alana
Gandra, da Agência Brasil
Vegetação do Cerrado. RPPN Fazenda Vagafogo,
Pirenópolis, Goiás. Foto: Mauricio Mercadante.
As unidades de conservação privadas brasileiras
podem se tornar referência para outros países, na opinião da bióloga Marion
Bartolamei, coordenadora das reservas particulares do patrimônio natural (RPPN)
do Brasil – a Reserva Natural Salto Morato (Guaraqueçaba – PR) e a Reserva
Natural Serra do Tombador (Cavalcante – GO) . O trabalho feito nas duas áreas de
preservação está sendo apresentado no Congresso Mundial de Parques, encerrado
hoje (17) em Sidney, Austrália. O congresso, que ocorre a cada dez anos,
discute as políticas e o tratamento dados às áreas de conservação em geral em
cada país.
“São discutidas diretrizes, novas metodologias e
políticas. É um momento único, porque o congresso ocorre de dez em dez anos e
você tem a oportunidade de avaliar como está a situação das áreas protegidas em
todo o mundo e expor boas práticas, novas metologias de planejamento, de
gestão, dessas unidades”, disse a bióloga.
Marion informou que nesta edição do congresso
tiveram destaque as unidades de conservação privadas, que vêm crescendo no
mundo todo. “Cada vez mais, a gente percebe o interesse do poder privado em
também dar a sua contribuição para a conservação da natureza”, manifestou. No
caso das duas áreas de preservação particulares brasileiras, foi mostrada a
contribuição das reservas em nível local e sua integração no dia a dia das
pessoas. “É quanto a gente gera de empregos, a conservação dos recursos
naturais, quanto os visitantes deixam na região, o esforço de combate aos
incêndios e quanto isso reflete na área”.
A Reserva Natural Salto Morato está situada em área
de 2.253 hectares (1 hectare equivale à área de um campo de futebol oficial) de
Mata Atlântica, no litoral norte do Paraná. Criada há 20 anos, a RPPN abriga
variadas espécies de flora e fauna. Desde 1999, a reserva é considerada
Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco). No espaço de 18 anos, foram efetuados no local
96 projetos.
Salto Morato recebe em torno de 8 mil visitantes
por ano. “Tem todo um trabalho de sensibilização de visitantes, sinalização,
trilhas guiadas”. Outro objetivo é o trabalho de pesquisas científicas.
Diversas universidades vão ao local fazer aulas de campo. “A reserva acaba
sendo palco de diversas ações, sempre com o fim de conservação, seja de
educação, de sensibilização, seja de conservação por si só de áreas bem
sensíveis dentro da reserva, onde não se permite a visitação”, relatou Marion.
A Reserva Natural Serra do Tombador, localizada no
município de Cavalcante (GO), tem área de 8.730 hectares e está dentro do
segundo bioma mais ameaçado do Brasil, que é o Cerrado. Os administradores da
RPPN estão desenvolvendo estratégias para combater a maior ameaça local, que é
o fogo. “Estamos tendo bons resultados”. Entre as ações postas em prática nos
últimos sete anos estão o treinamento de uma brigada voluntária de combate a
incêndios e a parceria com outras instituições para manejar e proteger a
região.
As duas RPPNs são administradas pela Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza e tiveram seus planos de manejo aprovados pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Segundo a
coordenadora das duas RPPNs, o Congresso Mundial de Parques deve identificar
boas práticas para adoção pelos países que possam levar a um aumento e melhor
planejamento de áreas protegidas no mundo, além de implementação de
metodologias de melhor avaliação.
* Edição: Fábio Massalli.
Fonte: Agência Brasil
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