Interpol lança operação para
prender 139 criminosos ambientais de 36 países.
Fotos de criminosos ambientais procurados pela
Interpol.
A operação Infra Terra, lançada
recentemente pela Interpol, busca 139 criminosos ambientais de 36 países por
crimes como tráfico de madeira, de marfim e de animais silvestres,
desmatamento, pesca ilegal e tráfico e lançamento de dejetos. Stefano Carvelli,
subdiretor da organização e responsável pelo Serviço de Busca de Fugitivos,
explica a operação, e o ambientalista Jean-François Timmers comenta a sua
importância.
Por Augusto Pinheiro, com colaboração de Leticia
Constant – RFI
A Interpol acaba de lançar uma operação inédita de
busca e captura de criminosos ambientais, batizada de Infra Terra. A
organização internacional, que ajuda na cooperação de polícias de diferentes
países, está procurando 139 fugitivos de 36 países por crimes como tráfico de
madeira, de marfim e de animais silvestres, desmatamento, pesca ilegal e tráfico
e lançamento de dejetos. Stefano Carvelli, subdiretor da Interpol e responsável
pelo Serviço de Busca de Fugitivos, explica a operação.
“A operação parte de um modelo que a Interpol
lançou em 2009. São operações de busca e prisão de criminosos no mundo. Este
ano nós decidimos focar nas pessoas que são procuradas por crimes contra o
meio-ambiente com base em uma avaliação sobre o impacto negativo dos crimes
ambientais sobre a saúde pública e sobre a nova geração.”
Nove dos criminosos procurados, cujos casos foram
selecionados na fase inicial da operação, tiveram suas identidades e fotos
reveladas no site da Interpol em uma ação que pede a colaboração do público
para localizá-los. Não há brasileiros entre eles, mas um dos nomes, o holandês
Nicolaas Antonius Cornelis, é procurado pela Justiça brasileira por tráfico de
espécies nativas do país.
“Tornamos públicos os perfis dessas pessoas para
pedir a ajuda do público na busca. Isso não significa que o público vai
substituir a polícia. Mas é um complemento que a Interpol pode usar para
localizar os fugitivos”, diz Carvelli.
Gravidade e impunidade
Para o ambientalista Jean-François Timmers,
superintendente de políticas públicas do WWF-Brasil, a operação é extremamente
importante, pois coloca em foco a gravidade e a impunidade dos crimes
ambientais.
“É uma iniciativa histórica porque, principalmente
no Brasil, os crimes ambientais costumam ser considerados de menos gravidade do
que crimes contra o patrimônio e contra a vida. E eles têm impacto sobre a
vida. É fundamental a lista da Interpol porque é um crime organizado
internacional, e o maior problema desse tipo de crime é a impunidade. Estimamos
que todos os elefantes da África e da Ásia poderiam desaparecer em 20 anos e
isso seria uma perda gigantesca para o mundo”, afirma ele.
Jean-François acha bastante provável que haja
brasileiros entre os criminosos cujas identidades não foram reveladas, dada a
quantidade e a gravidade de crimes ambientais que acontecem no país,
principalmente de desmatamento e de tráfico de animais. “Se não houver
brasileiros nessa lista, é necessário acrescentá-los.
Há duas grandes
categorias de crime ambiental no país: o desmatamento e o tráfico de animais.”
Ligação com outros crimes
Outro ponto destacado pela operação Infra Terra é a
ligação entre os crimes ambientais e outras atividades ilícitas, como o tráfico
internacional de armas, em uma perigosa relação simbiótica de intercâmbio de
recursos financeiros e redes bem estruturadas. “Ninguém improvisa como
traficante de elefantes ou de dejetos. Então isso quer dizer que não são
criminosos isolados. São criminosos que utilizam as redes criminais bem
organizadas. Porque não é possível montar um tráfico de marfim entre a África e
a Ásia sem se aproveitar e explorar os recursos e as estruturas bem
organizadas”, afirma Carvelli.
Para ver os perfis e as fotos dos procurados, o
endereço do site da Interpol é www.interpol.int.
Fonte: RFI
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