Mudanças climáticas e educação.
por Neca
Setubal*
Foto: Shutterstock
Sinais de como as mudanças climáticas têm afetado
diretamente o clima e a vida no Brasil já são evidentes.
Vivemos atualmente uma
crise de água sem precedentes na história de São Paulo. As causas podem ser
várias, desde a falta de planejamento até a escassez de chuva. Indicadores
oficiais acusam um aumento do desmatamento da Amazônia já previsível desde a
aprovação do novo código Florestal. Cientistas demonstram de forma contundente
a relação entre o desmatamento da Amazônia e maior seca na região sudeste.
A crise vivenciada pela sociedade contemporânea é
para muitos uma crise civilizatória, que exige um cuidado urgente diante das
agressões à natureza provocadas pelo desenvolvimento moderno. Ao mesmo tempo é
visível a necessidade de se impor limites a esse crescimento que até agora tem
afetado tanto a preservação do planeta Terra.
Nesse contexto, coloca-se a interdependência
visceral entre as pessoas e entre elas e o meio ambiente, pois somente por meio
de um olhar sistêmico podemos entender como essas relações afetam as
comunidades, o lugar de trabalho, o sistema educacional, as famílias e os
indivíduos. Essa é uma visão que implica uma responsabilidade pessoal e social
em relação ao meio ambiente e a um futuro sustentável, para que as próximas
gerações tenham uma vida digna e de bem-estar no planeta.
A educação hoje joga um papel fundamental nessa
concepção em que as fronteiras entre a educação formal, não formal e informal
são muito tênues. A escola pode ser um centro irradiador que possibilite
conexões e articulações de espaços e tempos educativos nos territórios e nas
cidades como um todo.
Trata-se da exigência de um pensamento transversal
na construção colaborativa do conhecimento, que implica uma educação aberta ao
cotidiano do mundo ao mesmo tempo em que se conecta de forma global às questões
contemporâneas.
Diversos exemplos de práticas educativas ligadas à
construção de hortas, a resíduos sólidos e a projetos de intervenção nas
comunidades multiplicam-se pelo país. Mas, para além das práticas que balizam
um fazer na escola e na comunidade, é importante ter como eixo norteador os
princípios e parâmetros da Carta da Terra: cuidar de si, do outro, do entorno
e, consequentemente, do planeta para alcançarmos uma vida digna e de bem-estar.
Nesse sentido, a saúde deixa de ter como foco a
doença para ser pensada pelo cuidado da alimentação, das atividades físicas,
das condições de saneamento e das questões afetivas e espirituais. O zelo com o
planeta pressupõe o cuidado inicial consigo mesmo e com a comunidade para que
possamos chegar a um entendimento da interdependência entre todas essas partes
e conexões.
* Neca Setubal é educadora, fundadora do
Cenpec e da Fundação Tide Setubal.
Fonte: EcoD
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