Preservar o patrimônio indígena
garante o futuro das suas gerações e os impactos do desmatamento.
Por Marcela Bandeira | IPAM
Foi realizado entre os dias 29 de setembro e 03 de
outubro, a oficina “Diálogo para a Implementação do Plano de Gestão Territorial
e Ambiental da Terra Indígena Igarapé-Lourdes”, no município de Ji-Paraná (RO).
O evento teve como objetivo construir uma estratégia para viabilizar a execução
do plano de gestão do território, e foi organizado através de parceria com o
IPAM, COICA, COIAB, PADEREEHJ, ASSIZA, COPIR, FOREST TRENDS, ICCO e FUNAI.
A oficina reforçou a importância da implementação
de atividades no plano de gestão, pela valorização do patrimônio material e
imaterial indígena, recuperação, conservação e uso sustentável dos recursos
naturais, assegurando a melhoria da qualidade de vida e condições de reprodução
populacional e cultural das atuais e futuras gerações indígenas.
Além das discussões sobre o plano de gestão, os
participantes também debateram sobre mudanças climáticas, seus impactos nos
TIs, e como a comunidade pode receber recursos externos pelo papel de
preservação dos serviços ambientais que realizam, por meio de seus modos
tradicionais de vida.
Durante o encontro, a Coordenadora no Núcleo de
Povos Indígenas e pesquisadora do IPAM, Fernanda Bortolotto, apresentou através
da plataforma SOMAI, em desenvolvimento pelo instituto, como os TIs funcionam
como barreiras para o desmatamento e quais são os impactos das alterações
climáticas nos territórios indígenas. De acordo com os dados da plataforma,
Igarapé Lourdes está se tornando um maciço florestal no meio de diversas
pressões de desmatamento.
“Com o SOMAI, por meio de dados de pesquisa, foi
possível demonstrar para o povo Gavião presente na oficina, a pressão que o TI
de Igarapé Lourdes sofre com o avanço do desmatamento ao redor da área. Também
apresentamos os dados de projeções climáticas desenvolvidas pelo SOMAI, e foi
interessante observar que muitas das alterações projetadas já são sentidas em
campo, como o aumento da “quentura”, destacado por alguns indígenas. Reforçamos
nesse encontro a importância do planejamento de atividades como estratégias adaptativas
às vulnerabilidades climáticas para o TI”, afirmou Fernanda Bortolotto.
O encontro resultou em uma descrição de diversas
atividades que a comunidade deseja desenvolver de acordo com o plano de gestão,
além do comprometimento dos parceiros na busca por captação de recursos,
capacitação e a criação de um grupo de trabalho para apoiar a implementação
dessas atividades.
Também participaram da oficina representantes do
Idesam, da Associação Metareilá e uma estudante de doutorado da University
College of London.
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