Biodireito – A Garantia da Vida
Saudável.
por Carla
Martins*
Em
tempos de consumo exagerado – e até mesmo desenfreado, por que não dizer ? –
sequer paramos para perceber a segurança do que consumimos diariamente.
Na vida cotidiana vamos acumulando “coisas” em
nosso organismo, que somente serão sentidas anos à frente quando nos depararmos
com algum mal-estar sem ao menos identificarmos a origem que, acredite você,
pode estar nas embalagens dos produtos que consumimos.
A relação consumo / meio ambiente / saúde está de
fato atrelada e, nos tempos modernos, invariavelmente causando problemas na
vida humana.
Se nem sempre conhecemos as características dos
produtos que consumimos, imagine as conformações das embalagens. Você, afinal,
já pensou nisso? É aí que entra o “Biodireito”, vindo inovar e assegurar a
saúde de todos nós, por meio da informação e indicação de opções mais
confiáveis e saudáveis.
Poderia citar vários exemplos para você pensar, mas
vou escolher o “plástico” que na sua história vem causando inúmeros
questionamentos. O plástico, mesmo antes de ser trabalhado de forma antrópica,
já existia na natureza. A palavra plástico – derivada do grego plastikos,
flexível – define qualquer material capaz de ser modelado com calor ou pressão
para criar outros objetos.
O plástico artificial passou por inúmeras
transformações com a contribuição de vários inventores. Em 1839, o americano
Charles Goodyear (1800-1860) criou o processo de vulcanização da borracha, que
transformava o material natural em um produto mais resistente às mudanças de
temperatura. Décadas depois, em 1870, o americano John Wesley Hyatt (1837-1920)
produziu celulóide a partir da celulose das plantas.
Mas uma outra revolução (maior) viria em 1907,
quando o químico belga, naturalizado americano, Leo Baekeland (1863-1944) criou
o primeiro plástico totalmente sintético e comercialmente viável, o Bakelite.
Começava a era dos plásticos modernos, feitos à base de petróleo, carvão e gás
natural.
Desde então o plástico tornou-se matéria-prima
primordial dos séculos XX e XXI : embalagens e produtos no mundo inteiro podem
ser os grandes aliados da “Degradação Ambiental”, quando dispostos de forma
incorreta no meio.
Por muitos anos, o bisfenol A (BPA) tem sido uma
das substâncias químicas de maior produção ao redor do mundo. É empregado na fabricação
de diversos plásticos, presentes em muitos itens, inclusive mamadeiras,
garrafas de água mineral, selantes dentários, latas de conserva, tubos para
água, CDs e DVDs, impermeabilizantes de papéis e tintas. Todos esses materiais,
ao sofrer a ação de processos físicos ou químicos, liberam bisfenol A em
alimentos, em bebidas e no ambiente.
Mas este material, aparentemente inofensivo, quando
utilizado na forma de embalagens para “Alimentação”, pode ao longo do tempo
causar inúmeros problemas na saúde, como demonstram várias pesquisas
realizadas. Pesquisa baseada na análise de fluidos corporais, nos Estados
Unidos, encontrou o BPA em 95% das amostras e levou os pesquisadores a concluir
que “a frequente detecção da substância sugere que os habitantes estão
amplamente expostos a ela”.
Neste contexto e buscando alternativas de
longevidade, poderia ser utilizada a “Seringueira” (árvore da borracha), a
Hevea brasiliensis de ocorrência NATURAL da região Amazônica e de grande
capacidade produtiva do látex. Mesmo sendo uma árvore brasileira, a seringueira
também pode ser encontrada na Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador,
Suriname e Guiana, e que compreende 11 espécies.
No Brasil, seu cultivo também obteve grande sucesso
nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, na Bahia e no oeste do Paraná. A seringueira
é uma espécie arbórea, e por ter um crescimento rápido, permite uma grande
retirada de carbono (1 hectare de seringueira retira aproximadamente 1,4
toneladas de gás carbônico da atmosfera por ano), colaborando naturalmente a
minimizar o aumento do efeito estufa, além da conversão de látex e madeira.
A importância da seringueira é devida à QUALIDADE
da sua borracha que possui resiliência, elasticidade, plasticidade, resistência
ao desgaste e ao impacto, propriedades isolantes de eletricidade, e
impermeabilidade para líquidos e gases que não podem ser obtidas em polímeros
artificiais e principalmente porque este tipo de borracha por ser mais
resistente não recebe influência em relação à temperatura favorecendo à saúde
humana.
Embora a borracha natural, em alguns casos, possa
ser substituída pela borracha sintética, este polímero possui características
únicas, principalmente confecção de luvas cirúrgicas, preservativos, pneus de
automóveis e caminhões. A indústria de pneumáticos consome aproximadamente 80%
da borracha natural produzida.
Assim, é imprescindível a produção de borracha
natural na fabricação de uma série de artefatos de vital importância na vida do
homem moderno contemporâneo.
Na visão globalizada, estudos de projeções indicam
que o consumo crescerá mais que a produção e alguns especialistas estimam que
no ano de 2020 o consumo de borracha natural será de 9,71 milhões de toneladas
para uma produção de 7,06 milhões de toneladas. Neste sentido, a renovação de seringais
antigos e o fomento de novos plantios, além da manutenção de um preço favorável
dom látex no mercado internacional, são medidas que devem ser adotadas para
suprir o déficit no Brasil e no mundo.
Fomentar a produção de seringais, além de criar um Recurso
Natural, capaz de suprir parte das necessidades humanas, gera empregos locais,
permite uma retirada expressiva de CO2 da atmosfera e contribui para o
desenvolvimento local. A isto some-se a oportunidade de criar um Projeto
Ambiental, fundamentado tecnicamente, potencializando os ganhos para população
local em todos os sentidos.
* Carla Martins é consultora
jurídico-ambiental, diretora da Flama Ambiental e Colunista de Plurale.
Fonte: Plurale
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