Desastres
custam 1 Bolsa-Família por ano.
Entre 1991 e 2012, o Brasil registrou 13.622
ocorrências de enxurrada, inundação ou deslizamento, que deixaram, no total, 46
milhões de pessoas afetadas. Foto: Shutterstock.
Levantamento inédito de economistas da UFRJ mostra
que eventos extremos reduziram o PIB nacional em até 0,87% entre 2002 e 2012 e
afetaram, todos os anos, 1,1% da população brasileira.
Os eventos climáticos extremos atingem 1,1% da
população do Brasil todos os anos e custaram até R$ 355 bilhões ao país apenas
entre 2002 e 2012. É o equivalente a até 0,87% do PIB acumulado no período. Na
média, o custo anual dos desastres naturais naquela década foi de R$ 25,2
bilhões, o equivalente à verba do Bolsa-Família.
Os dados são de um estudo inédito de um trio de
economistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publicado nesta
sexta-feira numa parceria entre o Observatório do Clima e o site de notícias
ambientais ((o))eco.
O grupo liderado por Carlos Eduardo Young, do
Instituto de Economia da UFRJ, debruçou-se sobre os dados do Atlas Brasileiro
de Desastres Naturais, que mapeou os registros de eventos climáticos extremos
no Brasil entre 1991 e 2012. Os números foram cruzados com estimativas de custo
econômico por pessoa afetada, desalojada ou desabrigada durante eventos
extremos de enxurrada, inundação ou deslizamento nos Estados de Rio de Janeiro,
Alagoas, Pernambuco e Santa Catarina, feitas pelo Banco Mundial, e extrapolados
para o país inteiro.
Entre 1991 e 2012, constataram os economistas, o
Brasil registrou 13.622 ocorrências desses três tipos de desastre, que
deixaram, no total, 46 milhões de pessoas afetadas, incluindo 3.745 mortos. A
maior parte desses desastres, 10.066, aconteceu na segunda metade do período
analisado – entre 2002 e 2012. No total, nessa década, 33,9 milhões de pessoas
foram afetadas, cerca de 25% da população brasileira. A quantidade de recursos
federais destinada à reconstrução saltou de R$ 130 milhões em 2004 para R$ 3
bilhões em 2010.
Segundo os autores, forte o aumento no número de
ocorrências, no número de afetados e nas perdas econômicas neste período em
relação ao anterior reflete provavelmente uma tendência. É possível, dizem, que
o quadro se explique porque melhorou o registro de desastres, porque há mais
gente vivendo em áreas de risco ou porque as mudanças climáticas estão causando
mais chuvas torrenciais. “O mais provável é que todas essas hipóteses estejam
corretas e que haja uma combinação perversa entre o aumento da população
vivendo em áreas de risco e a maior probabilidade de ocorrência de eventos
climáticos extremos”, afirmam Young e colegas.
O maior número de desastres naturais, 34% do total,
ocorreu na região Sudeste – justamente onde há mais gente em áreas de risco.
Minas Gerais ocupa disparado o primeiro lugar (2.083 ocorrências), seguido de
Santa Catarina (1.108) e São Paulo (850). Juntos, o Sudeste e o Sul respondem por
69% das perdas monetárias por eventos extremos entre 2002 e 2012 – jogadas para
cima pelos desastres de Santa Catarina, no fim de 2008, e da serra fluminense,
em 2011.
No entanto, quando se olha o impacto no PIB
regional, o Brasil segue o princípio conhecido de que os mais pobres são os
mais afetados: a maior perda proporcional está na região Norte – 1,61% do PIB
gasto com afetados por desastres – e na Nordeste (1,51%), enquanto o Sudeste
teve 0,48% de perda em relação ao PIB.
“Ainda existe a visão de que combater a mudança
climática vai agravar a pobreza. O que nós mostramos com esse estudo é que o
contrário é verdade: a pobreza é agravada pela mudança climática, e reduzir
emissões reduz também a vulnerabilidade dos pobres”, diz Camilla Aguiar,
coautora do estudo.
* Como informações do Observatório do Clima e o
site de notícias ambientais ((o))eco.
Fonte: ENVOLVERDE
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