Brasileira
fala em nome da juventude mundial na plenária final da COP21.
Paris,
14/12/2015 – Depois de duas semanas de negociação, a Conferência do Clima
de Paris (COP 21) aprovou o Acordo de Paris, o primeiro tratado internacional
sobre clima de caráter universal, no qual todos os seus signatários possuirão
compromissos de redução de emissões a partir de 2020, num esforço concertado
para limitar o aquecimento global bem abaixo dos 2 graus Celsius neste século,
preferencialmente em 1,5 grau Celsius.
Na plenária final da COP 21, como de costume,
organizações observadoras tiveram uma breve oportunidade para se pronunciar
oficialmente. O Youth Climate Movement (YOUNGO), que reúne as
organizações da juventude em todo o mundo na questão climática, escolheu como
sua representante neste momento conclusivo nossa coordenadora-geral, Raquel
Rosenberg. Esta foi a primeira vez que uma jovem brasileira teve a oportunidade
de pronunciar discurso como representante da juventude global numa plenária
final de COP.
Em seu discurso, Raquel Rosenberg deixou claro
que, mesmo com o novo acordo aprovado, o trabalho não pode parar e a juventude
continuará se esforçando para pressionar os governos em torno de ações mais
ambiciosas na luta contra as mudanças do clima.
Confira link para discurso na íntegra legendado e abaixo o
discurso (traduzido para o português) de Raquel Rosenberg feito na plenária
final da Conferência do Clima de Paris na manhã do domingo (13).
“Obrigada, Sr. Presidente. Meu nome é Raquel,
eu sou do Brasil. Estou aqui representando o Engajamundo e a coalizão de ONGs
da juventude, mas ecoando a voz de milhões mais.
Hoje estamos dando um primeiro passo na
história. Vocês nos mostraram que juntos podemos superar diferenças e nos deram
esperança na humanidade e na solidariedade. Esse é o primeiro passo em direção
ao fim da era dos combustíveis fósseis e do desmatamento. Esse é o primeiro
passo em direção a um novo tipo de sociedade.
Em 92, vocês foram juntos ao meu país
em um espírito de cooperação. Vocês aceitaram que vocês dos países
desenvolvidos tinham mais responsabilidade que outros em causar as mudanças
climáticas e que vocês também deviam compensar os mais afetados.
Com o passar dos anos, este processo
tornou-se mais secreto. A sociedade civil foi mantida fora das salas e
começamos a nos perguntar – o que vocês têm pra esconder? Agora nós
sabemos.
Países ricos, vocês poderiam ter feito muito
mais. Vocês não ofereceram nenhum financiamento novo ou adicional. Nós não
vimos uma meta para chegar realmente a zero. Suas metas nacionais de reducão de
emissões (iNDCs) ainda nos levam a um mundo 3 graus mais quente e vocês se
recusaram a empreender uma revisão que permitisse desviar para baixo a
trajetória da curva de aquecimento antes de 2020. Vocês se eximiram da
responsabilidade pelos danos que as suas mudanças climáticas já estão causando.
A juventude das gerações anteriores à minha
foram as primeiras a saber da existência das mudanças climáticas e entenderem
os desafios que nós como humanidade enfrentamos. Na minha geração, a mudança do
clima foi da ciência à realidade, impactando diretamente a vida das
pessoas, especialmente os mais pobres e marginalizados. Hoje, o mundo está
finalmente caminhando para uma solução. Mas o que atingimos aqui hoje ainda
está bem longe de suficiente, nós precisamos ver ações reais!
O trabalho
está apenas começando. Nos vemos de novo em nossos países, todos vocês. Vamos
trabalhar duro pela justiça climática como jamais fizemos e vamos cobrar vocês
dentro de suas fronteiras. Vocês fizeram um pedaço de papel, mas as pessoas nas
comunidades são as que estão fazendo a verdadeira mudança.
A minha meta e a de milhões de outros jovens
é garantir que as próximas gerações só conheçam as mudanças climáticas em
livros de história.
Nós podemos fazer isso. Nós vamos ascender
mais rápido do que os oceanos, porque nós somos imparáveis, outro mundo é
possível.”
Discurso original na íntegra (em inglês).
Thank you Mr. President. My name is Raquel and I am from Brazil. I am
here representing the youth constituency, but voicing the feelings of millions
more.
Today we are giving a first step in History. You have shown us that
together we can overcome differences and gave us hope on humanity and
solidarity. This is the first step towards ending fossil fuel and deforestation
era. The first step towards a new kind of society.
In 1992 you all came together in my country in a spirit of cooperation.
You accepted that those of you in the Global North had more responsibility than
others in causing climate change and that you also owed reparations to those
affected.
Through the years, this process got more secretive. Civil society was
kept out of the rooms and we began to wonder –What do you have to hide? Now we
know.
Rich countries, you could have done much more. You have offered no new
or additional finance. You didn’t set a goal to really get to zero. Your INDCs
still lead us to a 3 degree warmer world and you refuse to undertake a review
to bend the warming curve down before 2020.You have exempted yourself from the
liability for the damages that your climate change is already causing.
The young people from the generations before mine were the first ones to
know climate change exists and understand the fundamental challenges we as
humankind face. In my generation, climate change went from science to real
impact in people’s lives, affecting specially the poorest and marginalized.
Today, the world is finally turning towards a solution. Butwhat we achieved
here today it’s very far from enough, we must see real action.
The work is just starting. We will see you back at home, all of you. We
will be working towards climate justice like never before and we will hold you
accountable within your borders. You made a piece of paper, but people at the
grassroots levels are the ones creating real change. My goal and the goal of
millions of young people is to make sure that the next generations only get to
know climate change from history books.
We can do it. We will rise faster than the seas, because we are unstoppable,
another world is possible.
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