COP21:
Divulgada versão preliminar do acordo climático.
Segundo declarações do próprio presidente da COP,
permanecem em discussão três pontos fundamentais: financiamento, diferenciação
e até mesmo o nível de ambição de cada país. Foto: Shuttertock.
Por Reinaldo Canto, especial de Paris para a
Envolverde
Novo texto de negociação da Conferência do Clima em
Paris ainda têm indefinições, mas deixa as portas abertas para que um acordo
ambicioso possa ser assinado nos próximos dias.
O número de páginas diminuiu pela metade, das 48
apresentadas no primeiro rascunho para as atuais 29. Isso não significa que as
questões polêmicas ainda não estejam sobre a mesa aguardando as tão almejadas
definições.
Sinal do quanto alguns desses pontos se mantêm em
suspense é o fato de que os negociadores dos 195 países presentes ao centro de
eventos Le Bourget, em Paris, entraram pela madrugada de quarta-feira para
conseguir fechar essa segunda versão do acordo climático.
As chamadas negociações de alto nível que reúnem as
lideranças de todos os países vai continuar nesta quinta-feira, 10/12.
O desgastante processo não parece desanimar o
presidente da COP21, Laurent Fabius, que é também Ministro das Relações
Exteriores do governo francês. Para ele, os avanços foram muito grandes entre o
primeiro documento, divulgado no final de semana, e este agora. Fabius afirma
que os ministros têm encontrado diversos consensos, como, por exemplo, os
mecanismos para verificar a implantação do acordo pelos países.
Segundo declarações do próprio presidente da COP,
permanecem em discussão três pontos fundamentais: financiamento, diferenciação
e até mesmo o nível de ambição de cada país. Temas que colocam em posições
opostas os países desenvolvidos e os em desenvolvimento.
As revisões de cinco anos das metas, com um
primeiro encontro para tratar do ajuste da ambição já em 2018; o reconhecimento
da cooperação Sul-Sul como medida de engajamento dos países em desenvolvimento
em prover meios de implementação, e de que os US$ 100 bilhões de dólares por
ano prometidos pelos países desenvolvidos até 2020 são um piso para o financiamento
climático ainda estão presentes no texto.
Para Carlos Rittl, secretário executivo do
Observatório do Clima, o texto até agora mantem todas as boas opções nos temas
chave, mas alerta, “só resultará em bom acordo se o conjunto dessas boas opções
for mantido”.
Ativistas climáticos realizam protesto pacífico
dentro do Le Bourget. Foto: Emma Cassidy | Survival Media Agency.
Sociedade civil
Grupos da sociedade civil, incluindo sindicatos,
jovens e povos indígenas se uniram hoje e realizaram um protesto pacífico
dentro do Le Bourget – onde a Conferência acontece – para lembrar os ministros
e negociadores que estão de olho no texto que negocia o futuro do planeta e de
todos.
Sinais de que é possível colocar o mundo no caminho
que leva a um futuro descarbonizado estiveram por todas as partes esta semana:
a notícia de que as emissões globais de gases de efeito estufa se mantiveram
estáveis em 2014 e os inúmeros anúncios relacionados às energias renováveis
mostram que estas fontes terão um papel fundamental no futuro da economia
global. Santa Lúcia, por exemplo, se tornou a 29a nação a se juntar a uma
iniciativa de energia renovável para ilhas; a Índia publicou mais detalhes e
informações sobre a aliança de energia solar formada na semana passada e nações
africanas trabalharam para alcançar a meta de 300GW de energia renovável até
2030.
Com mais dois dias de negociações pela frente e com
a última versão do texto na mesa, as nações reunidas em Paris podem optar por
trilhar um caminho em direção a um futuro com um objetivo claro de
descarbonização da economia global que trará ganhos econômicos e benefícios à
saúde de populações ao redor do mundo, além de significar que as nações mais
vulneráveis terão apoio para se adaptar às mudanças climáticas e que haverá
justiça para as populações mais impactadas.
O documento final sobre o novo acordo climático
global está previsto para ser anunciado nesta sexta-feira, 11/12.
* Reinaldo Canto é jornalista especializado
em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência
Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de
televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil,
coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e colaborador
do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da Envolverde,
colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da ONG Iniciativa
Verde.
Fonte: ENVOLVERDE
Nenhum comentário:
Postar um comentário