Coppe
cria grupo para aumentar a sustentabilidade da indústria mineral.
Rejeitos da mineradora Samarco formaram uma onda de
lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues e chegou a outras regiões de
Minas Gerais e do Espírito Santo. Foto: Corpo de Bombeiros/MG.
“É urgente que ações estratégicas sejam tomadas
para que se possa aumentar a sustentabilidade da indústria da mineração”,
ressaltou o diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e
Pesquisa de Engenharia da UFRJ (Coppe), em carta enviada à ministra do Meio
Ambiente.
A Coppe criou um grupo de estudos interdisciplinar
com o objetivo de estudar formas de aumentar a sustentabilidade da indústria
mineral no Brasil e de mitigar os diversos tipos de impactos decorrentes de
desastres como o ocorrido no dia 5 de novembro, em Mariana (MG). Em ofício
enviado à ministra Izabella Teixeira, o diretor da Coppe, Edson Watanabe,
informou a criação do grupo e colocou a infraestrutura da instituição à
disposição do Ministério do Meio Ambiente para um esforço conjunto, visando
mitigar os impactos ambientais da tragédia que afeta a Bacia do Rio Doce e o
litoral capixaba e, principalmente, aumentar a sustentabilidade futura do setor
mineral no país.
Estudos mostram que as cerca de 600 barragens hoje
existentes no Brasil armazenam entorno de 5,8 bilhões de m3 de rejeitos, sendo
que apenas a mineração de minério de ferro adicionará mais 4,7 bilhões de
toneladas a isso nos próximos 20 anos.
O grupo criado desenvolverá estudos em seis áreas
principais: tecnologia mineral – estudo de processos de beneficiamento de
minérios a seco, visando otimizar a segurança dos reservatórios e reduzir o
consumo de água; reuso, ainda que parcial, dos rejeitos da mineração, reduzindo
o volume contido nas barragens; técnicas de construção, monitoração e
instrumentação de barragens de rejeitos, com o objetivo de melhorar sua
segurança, estabilidade e resiliência; uso de técnica computacionais para simulação
de “dam breaks”, permitindo a elaboração de planos de ação emergencial que
reduzam os riscos de danos sociais e ambientais no caso de desastres como o
ocorrido em Mariana; mitigação de impactos ambientais, decorrentes de falhas em
barragens em rios e estuários, envolvendo simulações de tais impactos;
logística e aspectos econômicos e sociais, envolvendo o consumo de água, as
necessidades de infraestrutura de transporte e armazenamento de produtos e
rejeitos.
A colaboração da Coppe com o governo federal,
contudo, já começou. De acordo com modelagem feita pelo professor de Engenharia
Costeira da Coppe, Paulo Cesar Rosman, a partir das informações disponíveis no
momento, as correntes marinhas estão em direção ao sul, e não ao norte,
portanto, até o momento, não há expectativa que a lama atinja o arquipélago de
Abrolhos, cujo recife de corais é lar de um dos mais importantes ecossistemas
do país. Segundo ele, esse é um prognóstico inicial, com base nas informações
preliminares disponíveis.
O ofício foi encaminhado também à Casa Civil; ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); aos governadores de Minas
Gerais e Espírito Santo; ao Ibama e à Vale.
Fonte: Planeta Coppe
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