Redução de gases de efeito estufa
traz ganho econômico ao país, diz Observatório do Clima.
Esta imagem é de uma animação da NASA, que mostra a mudança de temperatura
da Terra de 1980 a 2013. As temperaturas mais elevadas do que o normal são
mostradas em vermelho e temperaturas mais baixas do que o normal estão em azul
(veja a animação: http://climate.nasa.gov/climate_resources/28/). Fonte:
Observatório do Clima
O Observatório do Clima, rede de 37 entidades
brasileiras voltadas para a discussão das mudanças climáticas no país e no
mundo, apresentou nesta quarta-feira (2), em Bonn, na Alemanha, à imprensa
internacional, a proposta da sociedade civil para a redução da emissão de gases
de efeito estufa no Brasil. Pelo documento, o país deve limitar as emissões
a 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2030, uma redução
de 35% em relação aos níveis de 2010.
Cientistas de diversas instituições estudaram a
curva de emissões do Brasil e indicaram medidas para permitir que o país cumpra
o desafio proposto com a redução das emissões a partir de mudanças na
agricultura, geração de energia e uso da terra.
O coordenador geral do Observatório, Carlos
Rittl, afirmou que, caso o governo assuma a meta, será necessário esforço, mas
não sacrifício, por parte do Brasil. Para ele, quanto mais o país fizer para
reduzir as emissões, mais benefícios econômicos pode ter. “O Brasil tem a
capacidade de fazer diferente, e com ganhos econômicos. A mitigação de emissões
nos traz grandes oportunidades, assim como não fazer nada nos traz grandes
riscos”, disse.
O especialista garante que investimentos na
recuperação de pastagens degradadas e na expansão da agricultura de baixo
carbono, por exemplo, podem criar cadeias produtivas que vão gerar novos
empregos e trazer ganhos para a economia. “Cerca de 10% do território nacional
é composto por pastagens subutilizadas, degradadas ou abandonadas. A
recuperação dessas áreas geraria benefícios econômicos, ao dinamizar os setores
que vão atuar nesse processo, além de ter outros efeitos positivos como a
diminuição da vulnerabilidade hídrica, que também traz prejuízos.”
Segundo Carlos Rittl, até o final de julho de
2015, mais de 1500 municípios do Brasil haviam decretado situação de emergência
ou calamidade pública por conta de desastres ligados ao clima, como enchentes,
estiagens e deslizamentos de terra. “O aquecimento global poderia piorar esse
cenário.”
O documento também sugere a neutralidade de
carbono no mundo em 2050 e, no Brasil, propõe a restauração de pelo menos 14
milhões de hectares de florestas nativas, aumento de energias renováveis
não-hidrelétricas na geração de energia de 12% para 40%, expansão do uso de
biocombustíveis e restauração de 18 milhões de hectares de pastagens degradas,
entre outras medidas.
O coordenador geral do Observatório do Clima,
Carlos Rittl, destacou que um dos objetivos da divulgação da proposta,
considerada ambiciosa, é sensibilizar a sociedade civil de países
desenvolvidos, que têm maior responsabilidade pela crise climática, a também se
comprometerem e pressionarem os governos por metas ousadas de redução.
O documento do Observatório do Clima foi entregue
ao governo brasileiro em junho de 2015. O governo ainda não apresentou sua
proposta oficial de redução, que deve ser entregue até o dia 1º de outubro.
Contexto internacional
O anúncio do Observatório do Clima foi feito em
Bonn, na Alemanha, durante reunião preparatória para a 21ª Conferência do Clima
das Nações Unidas de Paris, prevista para dezembro. No encontro, representantes
dos países signatários da Conferência estão elaborando o texto base que será o
ponto de partida para o acordo internacional, com o objetivo de evitar que o
aumento da temperatura global ultrapasse 2º Celsius, valor considerado limite
por cientistas e governos para evitar mudanças catastróficas no planeta.
O secretário de Mudanças Climáticas do MMA,
Carlos Klink, informa que especialistas dos ministério do Meio Ambiente, das
Relações Exteriores, da Fazenda, da Agricultura, de Minas e Energia e da
Ciência e Tecnologia estão participando oficialmente do debate.
O secretário avaliou que a contribuição de
diversos setores para a construção da meta do Brasil é um sinal de
amadurecimento do país no tema. “Fizemos consultas públicas formais no ano
passado e neste ano, além de encontros com o setor industrial, financeiro,
agrícola e energético.”
Para o secretário, o assunto precisa ser muito
debatido, pois o compromisso é sério e não dá pra voltar atrás. “Como é um
acordo de caráter vinculante, é pra valer, e o compromisso assumido terá que
ser cumprido.”
Segundo Klink, é preciso tomar cuidado com
soluções rápidas, pois a questão do aquecimento global não é simples. “O acordo
sobre clima envolve questões complexas e vai traçar políticas para o futuro do
Brasil. Não é simples, não é só fazer isso ou aquilo para resolver o problema. É
uma questão que exige muito planejamento e metas, mas vamos seguir na direção
da redução, em busca de avanços.”
Fonte: Agência Brasil
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