A riqueza
invisível do Cerrado.
Região do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu, no Norte
de Minas Gerais. Foto: © WWF-Brasil / Bento Viana.
O Cerrado está sob ameaça. Sem ter o reconhecimento
como patrimônio nacional e uma lei de uso sustentável, a vegetação nativa perde
cada vez mais espaço para o agronegócio, que já ocupa pelo menos 50% do bioma.
Esse cenário afeta não só a biodiversidade, como também os povos e comunidades
tradicionais que vivem na região.
No Dia Nacional do Cerrado (11/09), o WWF-Brasil
lança uma série de infográficos para mostrar que existe um modelo de produção
mais sustentável, que promove desenvolvimento e gera inclusão social, ao mesmo
tempo que conserva o meio ambiente.
Enquanto mais de 100 milhões de hectares da
cobertura vegetal do Cerrado (o mesmo que toda a área da Europa ocidental) já
foram perdidos para o agronegócio, em sua maioria para as plantações de soja,
cana, eucalipto, algodão e a pecuária extensiva, há centenas de anos, os povos
do Cerrado coletam espécies nativas para se alimentar, vender e/ou processar,
complementando sua renda com a prática do extrativismo.
Indígenas, quilombolas, geraizeiros, vazanteiros,
quebradeiras de coco e agricultores familiares têm com a terra e seus recursos
uma relação de sobrevivência mútua: vivem em seus territórios, coletando o que
a natureza oferece e ajudando a conservar o bioma.
Segundo Júlio César Sampaio, coordenador do
Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, “tanta riqueza pode e deve ser usada.
Um lugar que tem mais de 11 mil espécies vegetais dentre elas, diversas árvores
frutíferas, como o pequi, o babaçu e o baru, entre muitas outras, tem um
gigantesco potencial econômico de uso dos seus recursos naturais”.
Para se ter uma ideia dessa possibilidade, um
estudo sobre avaliação do estoque de frutos do Cerrado, realizado pelo
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), quantifica que no bioma
ocorrem em média 65 árvores de pequi, 76 de baru e 27 de babaçu por cada
hectare (área de 10.000 m2). Se o Cerrado possui aproximadamente 200 milhões de
hectares de área em território brasileiro, estima-se que ainda existem
aproximadamente 36 milhões de hectares cobertos por pequi, 35 milhões de baru,
58 milhões de babaçu, considerando as sobreposições. Levando em consideração um
aproveitamento de 50% dos recursos de cada espécie, a renda potencial por hectare
é de R$ 4.551,39 para o pequi, R$ 1.431,93 para o babaçu e R$ 6.602,50 para o
baru.
Segundo Sampaio, já existem iniciativas para
estimular a produção em larga escala dos produtos, mas há muitos empecilhos:
“As plantas e frutos do Cerrado são valiosos. Se começarmos a nos interessar
por eles, fomentaremos as cadeias produtivas. Isso beneficiará não só as
comunidades com a geração de renda para indígenas, quilombolas e pequenos
agricultores familiares, mas também a preservação do bioma. É uma forma de consumo
saudável e socioambientalmente correta”.
Baixe o PDF do infográfico pelo site
do WWF (lado direito da página).
WWF-Brasil no Cerrado
Desde 2010, o WWF-Brasil, por meio do Programa
Cerrado Pantanal, desenvolve na região o Projeto Sertões. Em sua primeira fase
(2010-2014), as ações do projeto foram focadas, principalmente, no incentivo à
adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA´s); à implementação e
gestão integrada das unidades de conservação; à comunicação, visando a
valorização e o resgate do Cerrado e o planejamento territorial, que busca o
planejamento sistemático da conservação no bioma Cerrado. A segunda fase do
Projeto Sertões (2014/2018) prevê uma ampliação das linhas de ação, incluindo o
fortalecimento do apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do
Cerrado.
Sobre o WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma organização não governamental
dedicada à conservação da meio ambiente com a missão de harmonizar a atividade
humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos
recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.
Criada em 1996, a instituição desenvolve projetos em todo o país e integra a
Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza do mundo, com
atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas,
incluindo associados e voluntários.
Fonte: WWF Brasil
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