Cortar
emissões aumenta PIB.
O biodiesel é uma das tecnologias de mitigação
propostas. Foto: Agência Brasil.
Por Cíntya Feitosa, do OC –
Relatório produzido por grupo de 80 especialistas
indica que economia cresce quase 4% mais com políticas mais ambiciosas de
redução de gases-estufa até 2030.
Se o governo brasileiro ampliar medidas de redução
de emissões de gases de efeito estufa em sua economia, o país pode crescer mais
e com menos desigualdades sociais em 2030. A conclusão é de um grande estudo
realizado durante um ano por um grupo de 80 especialistas, sob coordenação do
Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
Segundo o estudo, o PIB (Produto Interno Bruto) do
país pode chegar a R$ 5,68 trilhões em 2030 se forem adotadas medidas
adicionais de redução de emissões no cenário mais ambicioso. A cifra é 3,98%
maior do que o PIB previsto se forem adotadas apenas ações de mitigação já em
curso, do atual Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Com as ações sugeridas
pelo relatório, o país pode chegar a 2030 emitindo 1 bilhão de toneladas de gás
carbônico equivalente (CO2e), 39% a menos que o estimado com a adoção de ações
governamentais já previstas (1,6 bilhão de toneladas) e 25% menos do que o país
emitia em 1990. No cenário menos ambicioso, a redução de emissões é de 5% em
relação a 1990, as emissões chegam a 1,3 bilhão de toneladas e o PIB fica 3,91%
maior do que sem medidas adicionais.
De acordo com o “IES Brasil: Implicações Econômicas
e Sociais: Cenários de Mitigação de GEE 2030”, 75% do potencial de abatimento
de emissões tem custo abaixo de US$ 20 por tonelada de CO2e. O setor com maior
margem de redução de emissões é o de agricultura, florestas e uso da terra –
que também é o setor que mais emite gases causadores do efeito estufa no
Brasil. As medidas mais caras são as de mudança em infraestrutura urbana, como
melhorias no sistema de transporte.
A taxa de desemprego também cai com os cenários de
mitigação adicional – com mais medidas de redução de emissões do que o Plano
Nacional de Mudanças Climáticas. A projeção é que, com a adoção de medidas mais
ousadas do que as previstas, a taxa varie entre 3,5% e 4,08%, enquanto a taxa
de acordo com o cenário projetado pelo governo deve ser de 4,35%.
“A nossa projeção considera que o governo vai
reduzir o custo Brasil, aumentar a nossa produtividade, investir em educação e
inclusão social”, ressaltou William Wills, coordenador de modelagem do IES
Brasil. “Se o governo brasileiro fizer o que tem que ser feito, não são
políticas mais ambiciosas de redução de emissões que vão reduzir o potencial de
crescimento”, disse. Ele apresentou os dados nesta terça-feira, durante
audiência pública na Comissão Mista de Mudança Climática do Congresso.
Os cenários de mitigação adicional preveem
investimentos que variam entre R$ 164 bilhões, com adoção de medidas de baixo
custo, e R$ 524 bilhões, contemplando medidas de maior custo, de 2015 e 2030.
Em 2030, o valor investido poderia variar entre R$ 20,7 bilhões e R$ 82,9
bilhões – de 0,37% a 1,46% do PIB previsto para aquele ano.
Aumento de renda e poder de compra
O estudo também projeta um aumento de renda e poder
de compra em todas as classes sociais. De acordo com o estudo, alguns setores
produtivos em uma economia de baixo carbono – com menos emissões – empregam
mais que os setores que emitem gases de efeito estufa. O relatório do IES
Brasil destaca a oportunidade de geração de empregos no setor energético, em
especial na produção de biomassa e biocombustíveis.
Se as negociações climáticas internacionais
adotarem a taxação de carbono como medida de mitigação, a economia brasileira
também pode ser beneficiada, de acordo com o estudo. Apesar de uma leve queda
na projeção do PIB, a taxa de desemprego pode ser menor. Além disso, a
imposição de uma taxa de carbono global pode beneficiar a indústria brasileira,
que utiliza fontes mais limpas de energia, aumentando a competitividade no mercado.
Os técnicos responsáveis pelo relatório sugerem
alocar a receita da taxa imposta aos setores que emitem mais gases de efeito
estufa na desoneração da folha de pagamento dos que emitem menos, estimulando a
criação de empregos. “É possível crescer economicamente, reduzir desigualdades
e reduzir emissões, em todos os cenários estudados”, concluiu Wills.
Fonte: Observatório do Clima
Nenhum comentário:
Postar um comentário